Publicada em 21/05/2025 às 15h45
O presidente da Argentina, Javier Milei, elogiou sonegadores de impostos durante uma entrevista na televisão nesta semana, enquanto defendia seu projeto que pretende flexibilizar regras tributárias para a população utilizar os dólares não declarados no país.
Milei disse que quem "tentou se proteger dos políticos ladrões são heróis" e "quem cumpriu todas as regras [...] talvez não teve o talento ou a coragem para sair do sistema".
"Se todos tivessem conseguido fazer o mesmo [sonegar impostos], talvez os políticos tivessem parado de nos roubar", afirmou.
As declarações foram feitas em uma entrevista no programa de TV argentino "Otra Mañana", na segunda-feira (19), depois que o jornalista Antonio Laje questionou Milei sobre a expectativa para a implementação das medidas que vão incentivar o uso de dólares guardados pelos argentinos "debaixo do colchão".
🔎 Muitos argentinos costumam recorrer ao mercado paralelo de dólares, o chamado "dólar blue", diante da inflação e da desvalorização do peso, que tornou a moeda americana um bem cobiçado e de acesso restrito no país.
"A verdade é que as características do imposto inflacionário na Argentina têm sido devastadoras e, como consequência disso, os argentinos, mesmo com dinheiro declarado, o passam para o setor informal para poder escapar das garras do Estado", disse Milei.
Agora, a ideia do processo de desregulamentação é que a população possa usar esse dinheiro para comprar eletrodomésticos, carros, casas, terrenos, entre outras coisas, sem "ninguém pedindo explicações", segundo o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo.
Críticos ao projeto afirmam, no entanto, que as medidas podem facilitar que o dinheiro vindo de atividades criminosas, como o narcotráfico, seja legalizado no país.
Sobre isso, Milei defendeu que o assunto deve ser tratado com o Ministério da Segurança e com o Ministério da Defesa, e que não se deve utilizar a economia para combater o crime.
Ele também comparou os sonegadores de impostos a pessoas que fogem de regimes opressores e disse que não pode puni-los, ou premiar quem seguiu todas as regras, por causa disso.
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