EDITORIAL Léo Moraes atinge 100 dias de gestão sob efeito da cheia do Rio Madeira: desafio é não repetir os erros de Mauro Nazif Publicada em 12/04/2025 às 10:09 Porto Velho, RO – Enquanto atua nas redes e coleciona ações práticas na saúde, transporte e infraestrutura, prefeito do Podemos enfrenta resistência legislativa e precisa equilibrar crise ambiental com continuidade administrativa para não virar prisioneiro da “muleta” que derrubou o ex-prefeito do PSB A Prefeitura de Porto Velho completou nesta semana os primeiros 100 dias sob o comando de Léo Moraes (Podemos). E, se a simbologia da marca serve como instrumento de análise, ela também oferece a primeira grande baliza de sua administração: evitar o mesmo destino político do ex-prefeito Mauro Nazif (PSB), que governou entre 2013 e 2016. Nazif, eleito em 2012, viu sua gestão naufragar após enfrentar a cheia histórica do rio Madeira em 2014. À época, o então prefeito não conseguiu manter o ritmo da máquina pública, acumulou insatisfação popular, e acabou derrotado já no primeiro turno em sua tentativa de reeleição. O episódio virou referência de fracasso administrativo travestido em justificativa climática. Léo Moraes, hoje, encara uma situação de cenário semelhante. A cheia atinge sobretudo o Baixo Madeira, mobiliza esforços emergenciais e coloca a capacidade de resposta da gestão à prova. Mas o prefeito parece querer demonstrar que crise não precisa significar paralisia. Ele aposta em uma lógica distinta: manter o enfrentamento da enchente sem perder de vista os demais setores da administração pública. As primeiras ações do mandato ajudam a sustentar esse discurso. No campo da saúde, decretou Situação de Emergência logo nos primeiros dias e iniciou uma ofensiva que já resultou na reativação de unidades básicas paralisadas, retorno de mamografias e exames laboratoriais digitalizados. A retomada do raio-x na UPA Leste e a projeção para um hospital universitário em parceria com a Unir e o Governo Federal também compõem o portfólio dos 100 dias. O setor de transporte, tradicionalmente alvo de críticas, ganhou manchetes com a redução da tarifa de R$ 6 para R$ 3, além da criação de rotas adaptadas para autistas e eliminação da faixa exclusiva para ônibus na Sete de Setembro. Na infraestrutura, 50 mil toneladas de lixo foram removidas com a Operação Cidade Limpa — esforço que ajuda a reconfigurar visualmente a capital, especialmente em áreas críticas. Contudo, o ritmo de entregas e a aposta em presença constante nas ruas não blindaram Léo Moraes do primeiro grande desgaste político: a tentativa frustrada de romper o contrato bilionário de coleta de lixo com a empresa Marquise (Eco Rondônia). O prefeito esperava o apoio da Câmara Municipal para chancela legislativa da medida, mas teve a proposta rejeitada por ampla maioria, abrindo fissuras com o Legislativo local. O episódio revela um ponto sensível: a autonomia administrativa de Moraes esbarra, agora, nas limitações de articulação política. A derrota na Câmara mostra que, por mais que tenha maioria nas redes, ainda precisa construir maioria no plenário. Mas se no campo institucional o revés existe, no universo digital Léo Moraes se destaca. O prefeito aprendeu rapidamente a "se vender" na internet. Desde o primeiro dia, adotou uma postura de comunicação direta, prestando contas de forma quase diária em vídeos curtos, postagens estratégicas e coberturas de campo. O tom é discutível — há quem o chame de “tiktokker" —, mas o alcance e o engajamento são inegáveis. Os comentários positivos nas redes, as interações ao vivo e a viralização das ações mostram uma população conectada com a linguagem escolhida. Outro ponto a se observar é a ausência de radicalismo ideológico. Léo transita bem entre polos e não parece disposto a abraçar discursos polarizantes. Foi a Brasília, posou ao lado do senador Confúcio Moura (MDB), aliado do presidente Lula (PT), e ministros da Esplanada. Ele quer mesmo é saber de Porto Velho. E, até aqui, tem sido essa a sua postura. Aos 100 dias, o prefeito vive o equilíbrio entre as promessas e a realidade. Tem bons números para apresentar, algumas crises para administrar e uma Câmara para reconquistar. Se conseguirá ou não romper a “maldição da cheia” que derrubou Nazif, o tempo ainda dirá — mas, ao contrário do ex-prefeito do PSB, Moraes já se movimenta para evitar esse destino, sustentado por um capital popular ainda intacto. Fonte: Redação | Rondônia Dinâmica Leia Também Maurício ignora CT&I; Confúcio impõe ritmo em Brasília; e Raupp, o pioneiro esquecido Pedro Geovar celebra 100 dias de mandato com prestação de contas e contato direto com a população Deputado Luís do Hospital celebra início das obras do Centro de Hemodiálise de Jaru Nos dois anos de funcionamento do Centro de Reabilitação, Silvia Cristina diz que Rondônia se tornou referência Só Confúcio contra a anistia; privatizações: saúde pode dar um salto; e PL deve lançar Marcos Rogério Twitter Facebook instagram pinterest