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OPINIÃO

Da negligência ao renascimento: após décadas de abandono, a Madeira-Mamoré volta a pulsar em Porto Velho

Publicada em 03/10/2025 às 08:40

Porto Velho, RO – Porto Velho nasceu ao som do apito das locomotivas da Madeira-Mamoré. Foi a ferrovia que moldou a cidade, atraindo trabalhadores de várias origens para erguer, entre 1907 e 1912, um empreendimento que desafiou a selva e consolidou a ocupação na margem do Madeira. Esse legado, que poderia ter sido cultivado como símbolo permanente de identidade, foi relegado ao esquecimento por sucessivos gestores municipais que, ao longo de décadas, deram de ombros ao patrimônio. O resultado foi a degradação de galpões, trilhos cobertos pelo mato, locomotivas sucateadas e a corrosão do senso de pertencimento da população.

As administrações anteriores falharam em dar continuidade a ações concretas de preservação. O Complexo ferroviário alternou períodos de fechamento, restrições por falta de manutenção e cenas recorrentes de abandono. Locais de memória, como o acesso ao histórico Cemitério da Candelária, ficaram por anos sem a devida atenção. Não se tratava apenas de orçamento: faltou prioridade. A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, peça central do imaginário da cidade, virou ruína visível e memória distante para gerações que cresceram sem contato com sua própria origem ferroviária.

Foi nesse cenário que a gestão de Léo Moraes assumiu, no início de 2025, e expôs o óbvio que faltava: compromisso regular de administração. Logo na posse, a prefeitura extinguiu a cobrança de ingresso para moradores no museu da EFMM, derrubando a barreira de R$ 30 que afastava a própria comunidade do acervo. O gesto simples devolveu à população o direito de acessar a história local e recolocou a ferrovia no horizonte da cidade. Em seguida, vieram iniciativas que, somadas, produziram mudança de clima: a reativação dos passeios da litorina — hoje em um trecho curto e interno ao Complexo, com caráter turístico e educativo — recolocou famílias diante de um equipamento que há muito estava parado; o Complexo voltou a receber visitantes; mutirões de limpeza foram realizados no acesso à Candelária; e eventos como “Uma Noite no Museu” transformaram o espaço em palco de experiências guiadas, aproximando o público de personagens e fatos que estruturam a memória de Porto Velho.

O ponto alto deu-se no aniversário de 111 anos da cidade, quando a Locomotiva 18, a “Barão do Rio Branco”, voltou a apitar após mais de duas décadas imobilizada. O breve deslocamento dentro do Complexo teve valor maior que o trajeto: foi a prova concreta de que a ferrovia pode renascer quando tratada com seriedade técnica. Ex-ferroviários e moradores se emocionaram. Maria Auxiliadora Lobo, que trabalhou por mais de 30 anos na EFMM, sintetizou o sentimento ao afirmar: “Eu sempre sonhei com esse momento”. A fala se conectou a outra dimensão do resgate: não é espetáculo, é reparação cívica. A prefeitura, por sua vez, reiterou que esse “era um desejo debatido desde o início da gestão”, com a meta explícita de valorizar e cuidar do patrimônio histórico que deu origem à cidade.

O contraste é inevitável. Décadas de omissão corroeram o patrimônio físico e simbólico; meses de ações básicas revelaram que nunca foi preciso esperar por soluções mirabolantes. Bastava reconhecer a EFMM como dever institucional e tratá-la com planejamento, parcerias e rotina de manutenção. Ainda há limites e desafios — a deterioração acumulada, as cheias do Madeira que exigem prevenção, a necessidade de sustentar orçamento e equipe qualificada —, mas o eixo se moveu. Porto Velho reencontra sua ferrovia, não como peça decorativa, e sim como referência de identidade, educação e turismo.

Preservar a EFMM não é luxo nem nostalgia: é compromisso com a origem da cidade. O silêncio do poder público, no passado recente, negou essa história e diminuiu o orgulho coletivo. O retorno do apito da Locomotiva 18, a gratuidade do museu, os passeios e as ações de limpeza mostram que, quando a administração faz o mínimo que se espera, a memória volta a ter voz. O desafio agora é garantir continuidade, blindar o patrimônio contra o improviso e impedir que novos ciclos de abandono calem, outra vez, a história que fez Porto Velho existir.

Fonte: Redação | Rondônia Dinâmica

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