MISSÃO ESPACIAL

Foguete Vulcan inicia jornada histórica por 1º pouso privado na Lua

Esta segunda-feira (8/1) pode marcar o primeiro pouso de uma espaçonave privada na Lua. O feito será tentado pelo novo foguete da ULA (United Launch Alliance), o Vulcan, resultado da parceria entre Boeing e Lockheed Martin, que disputa esse mercado com a SpaceX, de Elon Musk.

O lançamento do Vulcan, substituto dos Atlas 5 e Delta 4, ocorreu às 4h18 (Horário de Brasília) no Cabo Canaveral, na Flórida, estado ao sul dos Estados Unidos.

Equipado com seis propulsores de combustível sólido, o Vulcan destaca-se pelos motores do primeiro estágio, modelo BE-4, movidos a metano e oxigênio líquidos, desenvolvidos pela Blue Origin, de Jeff Bezos.

O uso do BE-4 substitui os motores RD-180 russos. Com contratos já garantidos para cerca de 70 lançamentos nos próximos anos, o Vulcan entra em uma competição direta com o Falcon 9 da SpaceX.

Peregrino e plano de mercado lunar

Estar a bordo de um foguete em seu voo inaugural parece uma ideia precipitada e arriscada. Ainda sim, “perigo” é a palavra-chave das missões lunares privadas que estão por vir, a começar pela PM1 (Peregrine Mission 1).

O módulo de pouso desenvolvido pela Peregrine, da Astrobotic, foi um dos primeiros a fechar contrato com a Nasa. Das 21 cargas úteis, apenas 6 são da agência espacial americana.

O plano da agência espacial civil dos EUA é fomentar um mercado lunar, com empresas prestando serviços de transporte para diversos clientes, sendo um deles a Nasa.

Entre os dispositivos da agência estão sensores que detectam a presença de água, dióxido de carbono e metano no solo, bem como caracteriza a dinâmica desses compostos voláteis durante um dia lunar.

Um sensor de radiação também estará a bordo, assim como um conjunto retrorrefletor de laser, usado para medir a distância de espaçonaves (ou mesmo da Terra) até a superfície da Lua.

A Agência Espacial Mexicana, um dos vários países que estão embarcados, conduz o projeto Colmena, que contém cinco mini robôs, de 60 gramas, que vão explorar o solo lunar

Caso o projeto obtenha sucesso, o México se tornará o primeiro país da América Latina a ter um equipamento científico em solo lunar.

Cargas úteis do Peregrine

Empresas de Seychelles, na África Ocidental, e dos Estados Unidos estão impulsionando iniciativas relacionadas à criptomoeda Bitcoin. A Astroscale, do Japão, por sua vez, planeja enviar uma cápsula contendo mensagens de 80 mil crianças do mundo todo.

A Universidade Carnegie Mellon, dos EUA, contribui para a missão lunar com o pequeno veículo Iris Lunar Rover. Além disso, duas empresas americanas oferecem serviços funerários lunares, enviando porções de cinzas de clientes como uma celebração de suas vidas. A Elysium Space deixará as amostras na Lua junto ao módulo de pouso Peregrine.

A Celestis, pioneira em missões do tipo, lançou as primeiras cinzas humanas ao espaço em 1997 num foguete Pegasus.

Agora, ela planeja duas missões: uma no pequeno Peregrine, com destino à Lua, e outra no segundo estágio do Vulcan, que permanecerá em espaço profundo em órbita ao redor do Sol.

Diversos projetos artísticos, como a MoonArk da Universidade Carnegie Mellon e a galeria de arte digital da Lunar Mission One, ambas americanas, estão a bordo. Repositórios de dados projetados para sobreviver por longos períodos na Lua também compõem as cargas úteis da missão PM1.

Sucesso?

Após o lançamento ao espaço, resta a incerteza sobre a capacidade da PM1 de realizar uma alunissagem suave. As tentativas anteriores, realizadas pelo grupo israelense SpaceIL, em 2019, e pela empresa japonesa ispace, em 2023, foram mal sucedidas.

Se tudo correr conforme o planejado, o Peregrine da Astrobotic poderá se tornar a primeira missão particular bem-sucedida à superfície lunar em 23 de fevereiro. Contudo, há uma possível concorrência com o lançamento da Intuitive Machines, de Houston, programado para meados de fevereiro, com uma trajetória mais direta.

Em ambos os casos, a NASA contribui com cargas úteis, ciente da ausência de garantias de sucesso. A aposta reside na persistência e aprendizado de cada missão, visando inaugurar uma era de exploração comercial intensiva da Lua, conduzindo ciência e pesquisa espacial.

Confira todas cargas embarcadas no módulo de pouso da Astrobotic: