EDITORIAL Após espremerem todo o suco do bolsonarismo, políticos de Rondônia começam a soltar as mãos do ex-presidente após condenação histórica Publicada em 13/09/2025 às 09:21 Porto Velho, RO – A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) expôs, mais uma vez, o contraste político em Rondônia. Se por um lado senadores, deputado federal e vereadora do PL reagiram publicamente contra a decisão, por outro, figuras que em outros tempos sugaram cada gota do capital político do bolsonarismo mantêm agora um silêncio eloquente. Entre eles, os irmãos Carvalho — Maurício, deputado federal do União Brasil e líder da bancada no Congresso Nacional, e Mariana, ex-deputada federal e derrotada nas urnas em 2022 e 2024. Aliás, vale registrar que no pleito do ano passado a ex-congressista trouxe Bolsonaro e esposa para fazer comício em Porto Velho em prol de sua candidatura. Como o tiro acabou saindo pela culatra, ou seja, a ex-deputada foi levada à lona pelo atual prefeito Léo Moraes, do Podemos, a derrocada pode, sim, influir na deliberação pela omissão. Para ser justo, os irmãos Carvalho até participaram de manifestações pedindo anistia, como em março deste ano, no Rio de Janeiro, quando Maurício postou: “O presidente Bolsonaro representa milhões de brasileiros que estão sendo silenciados e perseguidos. O que temos visto não é justiça é ativismo político travestido de decisão jurídica.” Mas, passadas 48 horas da sentença proferida pelo Supremo, nada até agora, diferenciando a dupla dos que se posicionaram. O silêncio contrasta com o passado recente. Em editorial de 9 de abril de 2022, o Rondônia Dinâmica registrou Mariana Carvalho vestida com as cores da bandeira do Brasil, emulando, ao menos no figurino, o empresário conhecido como “Véio da Havan”. À época, a então parlamentar excursionava pelos bastidores do poder em Brasília, declarando-se abertamente aliada do ex-presidente. Maurício, embora mais contido no estilo, também cultivou proximidade com a família Bolsonaro. Hoje, diante da queda jurídica do maior expoente da direita brasileira, a opção foi não se manifestar. Enquanto isso, as vozes do PL ecoaram em uníssono contra a decisão do Supremo. O senador Marcos Rogério gravou vídeo chamando o julgamento de “vingança política travestida de sentença”. Em suas palavras, “não é Bolsonaro o condenado, é a própria democracia brasileira que hoje foi violentada por uma narrativa fantasiosa”. O também senador Jaime Bagattoli classificou a condenação como “injusta e covarde” e afirmou: “Condenar um homem de 70 anos a 27 anos de prisão é decretar a sua morte”. No mesmo tom, o deputado federal Coronel Chrisóstomo publicou: “Fim do teatro! Perseguição política implacável!”, destacando o julgamento como encenação. Já a vereadora de Porto Velho Sofia Andrade, em mensagem pessoal, escreveu: “Hoje vi acontecer algo que me deixou de estômago embrulhado, um homem honesto ser condenado por um golpe que não deu”. Para ela, o ex-presidente “fez nascer novamente na nação a vontade de ver um futuro com liberdade”. Do outro lado do espectro, outros representantes de Rondônia — entre eles deputados, senadores e lideranças partidárias de siglas diversas — permaneceram em silêncio. A lista inclui parlamentares do União Brasil, MDB, PP e Podemos. Em um cenário de ruptura, essa omissão se torna tão reveladora quanto as manifestações inflamadas de seus adversários. O julgamento, concluído por 4 votos a 1, condenou Bolsonaro pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Além dele, outros sete aliados receberam penas que variam de dois a 26 anos de prisão, incluindo ex-ministros e militares de alta patente. Apesar de recursos ainda cabíveis, a decisão marca a primeira vez na história em que um ex-presidente é condenado por tentativa de golpe de Estado. Entre manifestações e silêncios, Rondônia revela, assim, um mapa político fragmentado. Enquanto uns gritam contra a Suprema Corte, outros se recolhem diante do esgotamento do “suco” do bolsonarismo. No caso dos irmãos Carvalho, o silêncio, neste momento, fala mais alto do que qualquer palavra. A ausência de posicionamento pode representar muito além de uma guinada desleal de postura política: pode significar, principalmente, o medo das mãos esmagadoras da Suprema Corte e, em igual medida, a convicção pragmática de que barco naufragado se deixa para trás quando o olhar já se volta para novas embarcações. Fonte: Redação | Rondônia Dinâmica Leia Também Deputada Gislaine Lebrinha participa de encontro nacional sobre enfrentamento à violência contra a mulher Campo Novo recebe implementos agrícolas por meio de emenda do deputado Ezequiel Neiva Delegado Camargo protocola decreto legislativo para suspender terceirização da saúde em Rondônia Rogério dividido entre Governo e Senado; Rocha e a privatização da Caerd e Cassol indefinido Alan Queiroz solicita melhorias em pontes e rede de drenagem em Candeias do Jamari Twitter Facebook instagram pinterest