EDITORIAL Cassol defende Bolsonaro o chamando de “saco de ignorância”, ataca Bagattoli, atinge a própria irmã e exalta Marcos Rogério Publicada em 06/09/2025 às 08:38 Porto Velho, RO – A primeira fala pública de Ivo Cassol após a aprovação do PLP 192/2023 – mudança que reabre discussões sobre prazos de inelegibilidade – exibiu um ex-governador em “modo de ataque”. Na quinta-feira, 04, no programa Vale Tudo, da Rádio Plan FM, o político do PP alternou autodefesa, ajuste de contas e recados eleitorais. A tônica concentrou-se em Jaime Bagattoli (PL): “Jaime Bagattoli é um falso moralista. Um covarde. Ele não tem moral para falar de mim”, afirmou, ligando o voto do senador contra o projeto ao que descreve como desconhecimento do texto. “Fez um discurso de analfabeto… eu vi os dois vídeos… olha o que tá escrito no projeto”, disse. Ao mesmo tempo, reivindicou crédito pela trajetória do adversário: “Você só é senador da República hoje, Jaime, por causa de mim. Por causa do Ivo Cassol.” + Cassol chama Bagattoli de “falso moralista” e “covarde” em primeira entrevista após aprovação de mudanças na Ficha Limpa A entrevista costura a narrativa de que Cassol “cumpriu os oito anos” e de que não houve, no seu caso, condenação “por corrupção, por desvio de dinheiro”, mas sim por “enfrentamento”. Ele sustenta que a alteração legal corrige “pena eterna” e mantém expectativa de avaliação jurídica: “Agora vem os juristas… vou ficar assistindo até que seja publicado, até que seja sancionado… pra saber o que foi vetado, o que foi aprovado e o que foi escrito.” No contraponto a Bagattoli, Cassol não poupou elogios a Marcos Rogério (PL): “Marco Rogério teve coragem de defender o justo… pode contar comigo… eu vou trabalhar pra que você continue sendo senador da República.” O contraste projeta alianças possíveis caso a elegibilidade avance e fortalece a ideia de que o ex-governador reorganiza o tabuleiro mirando 2026. Ao comentar o 8 de janeiro e o ex-presidente Jair Bolsonaro, Cassol recorreu ao estilo ofensa-elogio, modelo usado pela personagem “Chiquinha”, do seriado Chaves, quando “defendia o pai” atacando-o: “O Bolsonaro é um saco de ignorância? É. Mas é um cara sério? É. E o que estão fazendo com ele é uma injustiça.” Na mesma toada, ampliou o ataque ao Senado: “Tem muito frouxo lá dentro… um bando de pessoal que tá com o rabo preso”, além de acusar parte da Casa de não saber “o que tá escrito no papel”. O fogo amigo também apareceu quando Cassol respingou, de novo, no racha familiar que marcou 2024. Em referência a Jaqueline Cassol, hoje no governo Marcos Rocha (UB), ele afirmou que a irmã “sempre quis ser mulher de político” e que, por isso, teria concorrido ao Senado em 2022 “só pra ir”. O episódio reconecta a ruptura ocorrida há mais de um ano quando Jaqueline perdeu o comando do PP e denunciou “violência política de gênero” ao comentar a destituição do diretório estadual. Na entrevista, o ex-governador retoma a divergência sem hesitar. Um eixo essencial da fala foi a defesa explícita da reintegração de condenados ao convívio social e ao próprio processo eleitoral, com a decisão final restrita ao eleitor. Cassol afirmou: “Deixar pro povo decidir… qualquer um que de repente na sua vida cometeu algum erro, depois ele é reintegrado de volta na sociedade… Cumpriu a pena, tá de volta na sociedade.” Ao citar exemplos, mencionou “Natan Donadon”, “Marcos Donadon” e “Cacá Mendonça”, além de projetar retorno de “Nilton Capixaba” e “Acir Gurgacz”. A síntese, segundo ele, é que “é o povo que tira no voto”; se “o povo não quer mais”, “não vota, acabou”. Cassol recheou a fala com autoatribuições de “limpa” na política local, relatos biográficos e a defesa de que “quem cometeu erro” pode ser reintegrado “de volta à sociedade” após cumprir pena. No campo prático, manteve a ambiguidade sobre retorno: “Eu não decidi ainda… tô envolvido numa usina… ajudando a cuidar as empresas do Grupo Cassol”, disse, antes de ressaltar que, “nos quatro cantos” do estado, há “saudade” e desejo de seu retorno. A entrevista expõe quatro pontos nítidos. Primeiro, a elevação do tom contra Jaime Bagattoli, adjetivado como “falso moralista”, “covarde” e autor de “discurso de analfabeto”, além da reivindicação de que “só é senador” graças a ele. Segundo, o afago calculado a Marcos Rogério e a promessa de atuar para mantê-lo no Senado. Terceiro, o ataque doméstico que reabre o caso Jaqueline. Quarto, a tese central de que a reintegração após cumprimento de pena inclui o retorno ao jogo eleitoral, cabendo ao eleitorado a “peneira” definitiva pelo voto — ainda que isso alcance nomes que ele próprio antagonizou no passado. Ao fim, a remota possibilidade de elegibilidade em 2026 – ainda juridicamente discutível – já alterou o registro do ex-governador: o fazendeiro discreto cede lugar ao personagem turrão de duas décadas atrás. Ele está se assanhando — e, se alguém se puser entre ele e o desejo de provar de novo o sabor do poder, vai sobrar até para a família. Fonte: Redação | Rondônia Dinâmica Leia Também Léo equilibra carisma e eficiência; bancada apoia PEC da blindagem; omissão sustenta garimpo ilegal Fera apoia blindagem a deputados; e Republicanos com Máximo é rasteira dos Carvalho em Rocha Deputada Gislaine Lebrinha participa de encontro nacional sobre enfrentamento à violência contra a mulher Campo Novo recebe implementos agrícolas por meio de emenda do deputado Ezequiel Neiva Delegado Camargo protocola decreto legislativo para suspender terceirização da saúde em Rondônia Twitter Facebook instagram pinterest