ENTREVISTA No Resenha Política, secretário de Saúde de Rondônia fala sobre caos no João Paulo, terceirização e entraves na gestão do SUS Publicada em 01/05/2025 às 16:52 Durante entrevista ao podcast Resenha Política, comandado pelo jornalista Robson Oliveira, o secretário de Estado da Saúde de Rondônia, coronel Jeferson Ribeiro da Rocha, abordou diversas questões sensíveis envolvendo a gestão da saúde pública no estado. A conversa tratou de temas como a proposta de terceirização de serviços, obras hospitalares paradas, problemas no Hospital João Paulo II, financiamento do SUS e ações para qualificação profissional. Situação da saúde no estado Logo no início da entrevista, o secretário reconheceu que a saúde pública de Rondônia enfrenta problemas estruturais, mas ponderou que a crise não é exclusiva da região. “A saúde pública não vai bem há muito tempo, e isso não é exclusividade de Rondônia. É um problema de escala nacional.” Segundo ele, mesmo em países desenvolvidos, como o Reino Unido, há colapsos no sistema público de saúde. Jeferson afirma que o problema não está apenas na gestão, mas no modelo institucional vigente. “O SUS não evoluiu desde 1988 no seu modelo de gestão. Continuamos amarrados a um formato antigo.” Terceirização: modelo de gestão ou privatização? A proposta de terceirização de parte dos serviços de saúde gerou polêmica e resistência de sindicatos e conselhos profissionais. O secretário rebateu as críticas e defendeu o projeto, classificando-o como “gestão compartilhada”. “A terceirização é diferente da privatização. O Estado continua sendo o responsável constitucional pela saúde.” “Não se trata de substituir servidores concursados, mas de buscar maior eficiência por meio de parcerias.” Ele informou que reuniões já foram realizadas com sindicatos, conselhos e representantes de categorias para apresentar o plano e esclarecer dúvidas. “Sentamos com o sindicato, com o Dr. Maiorquim e com outros representantes. O projeto foi exposto de forma clara.” Obras paradas e retomadas de investimentos Questionado sobre as obras inacabadas na rede hospitalar, Jeferson relatou esforços para concluir unidades e evitar perda de recursos federais. Uma das ações citadas foi a conclusão do hospital de Guajará-Mirim, que se arrastava há mais de uma década. “Recuperamos convênios antigos e destravamos recursos que estavam há anos parados.” Sobre a tentativa de aquisição do Hospital 9 de Julho, ele explicou que a proposta inicial era de R$ 60 milhões, mas que o valor subiu para R$ 100 milhões, o que inviabilizou a compra. “Negociamos por R$ 60 milhões, mas o valor subiu para R$ 100 milhões. Por isso, decidimos não prosseguir.” Ele também afirmou que todo o processo foi transparente e que optou por licitações eletrônicas para ampliar a competitividade e reduzir custos. Instituto de Educação em Saúde e qualificação profissional Entre as iniciativas da atual gestão, Jeferson destacou a criação do Instituto Estadual de Educação Superior em Saúde, com objetivo de promover a qualificação contínua dos servidores da área. “Criamos o Instituto de Educação Superior em Saúde. Antes, não havia orçamento para formação. Hoje começamos o ano com R$ 2 milhões voltados à capacitação.” Ele explicou que a proposta é promover treinamentos permanentes, inclusive em parceria com o Ministério da Saúde e a CEGETES, órgão ligado à educação em saúde. “Já estamos capacitando equipes, inclusive em municípios do interior, como Nova Brasilândia.” Financiamento do SUS e desafios orçamentários O secretário também abordou o modelo de financiamento tripartite do Sistema Único de Saúde. De acordo com ele, há um desequilíbrio na distribuição dos encargos. “O financiamento é invertido. A União arrecada mais, mas contribui com apenas 30%. O Estado arca com os outros 70%.” “Quem arrecada dois terços dos impostos paga apenas um terço da saúde. Isso compromete os investimentos dos estados.” Para lidar com os altos custos, Jeferson defendeu a criação de consórcios entre municípios, permitindo compras em escala e redução de preços, especialmente na aquisição de medicamentos. Hospital João Paulo II: entraves e entrincheiramento jurídico Um dos momentos mais contundentes da entrevista foi quando o jornalista mencionou o estado precário do Hospital João Paulo II. O secretário reconheceu a gravidade da situação e afirmou que a resolução do problema é dificultada por uma série de obstáculos administrativos e jurídicos. “Todos os governos tentaram resolver, mas sempre houve entraves, inclusive jurídicos.” “O caos do João Paulo, muitas vezes, parece até interessar politicamente a algumas pessoas.” Segundo ele, tentativas de construir um novo hospital ou comprar uma unidade existente acabaram barradas por questões técnicas ou legais. Relação com conselhos e sindicatos Ao comentar sobre a relação com os conselhos e entidades de classe, o secretário disse manter diálogo aberto, mas expressou dificuldades com interesses corporativos. “Tenho respeito pelos conselhos, mas sinto falta de um posicionamento mais voltado à população.” “Muitas vezes, cada categoria puxa para o seu lado, dificultando o consenso sobre as prioridades.” Ainda assim, Jeferson disse que está trabalhando em conjunto com sindicatos para propor melhorias salariais e valorização das carreiras. Perspectivas políticas Nos minutos finais da entrevista, Jeferson foi questionado se pretende disputar cargos nas próximas eleições, uma vez que outros ex-secretários seguiram carreira política. Ele respondeu que não tem esse objetivo no momento. “Não estou pensando em ser eleito. Estou focado em resolver o caos que está dentro do João Paulo.” “Recebi o título de cidadão rondoniense e sigo comprometido com a gestão.” Atendimento regionalizado e transporte de pacientes Outro ponto abordado foi a situação de pacientes transferidos do interior para a capital por falta de estrutura local. O secretário mencionou a criação de novos pontos de atendimento de alta complexidade em cidades como Vilhena, Ouro Preto e Ji-Paraná, além da proposta de uso mais eficiente do transporte aéreo em emergências. “Já contratualizamos serviços em outras regiões e estamos discutindo o uso de aviões para reduzir riscos em longas viagens por rodovias.” A entrevista completa foi exibida nas plataformas do Podcast Resenha Política e será reprisada na TV Rema. Para quem deseja conferir todos os detalhes na íntegra, a transcrição completa da conversa está disponível abaixo: Fonte: Redação | Rondônia Dinâmica Leia Também Dr. Fernando Máximo entrega maquinários agrícolas em Ariquemes e reforça compromisso com setor produtivo Lei de Ieda Chaves é aprovada e institui a campanha "Maio Laranja" contra o abuso infantil “Nós contra eles”: Marcos Rogério reposiciona Confúcio e prepara polarização para 2026 em Rondônia Deputada Sílvia Cristina confirma no INSS que número de peritos médicos vai dobrar em Rondônia Cassol e Máximo fora da “superfederação”; MDB vive impasse; vereadora é alvo de Fake News Twitter Facebook instagram pinterest