Burocracia exigida pelo Governo de Rondônia impede ajuda aos dependentes químicos



Porto Velho, RO –
A situação vivenciada pela maioria das entidades responsáveis por tratar de dependentes químicos em Porto Velho é cada vez mais complicada. Aliás, na capital, há somente uma instituição devidamente apta a receber recursos estaduais e federais para se manter e ajudar os internos: a Casa Família Rosetta.

O repórter Pedro Silva, do jornal eletrônico Rondônia Dinâmica, conversou mais uma vez com Amazonina Aniceto Barbosa (45), presidente da associação Resgatando Vidas que, desde 1989, vem auxiliando dependentes químicos, inclusive os tirando das ruas.

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Instituições que cuidam de dependentes químicos não recebem ajuda do poder público

Ela reiterou ao jornalista que sua associação continua passando por imensas dificuldades e que a situação está insustentável.

– Não recebemos ajuda do Estado de Rondônia e nem do Município de Porto Velho. Antes da cheia do Rio Madeira diversos políticos passaram por aqui. Prometeram mundos e fundos e, junto com empresários, até faziam doações. Agora não há mais nada. Tenho que manter a casa, pago contas de luz, aluguel e preciso de medicamentos para os internos, além de roupas novas. Estou muito triste. Acho que vamos sucumbir – lamentou.



Francisco Carlos Souza (31), um dos internos da Resgatando Vidas, reside na instituição há mais de um ano.

– Tinha uma vida miserável. Morei dois anos nas ruas e fiquei outros dois preso. Usei todos os tipos de drogas. Não tinha nem documento. Fiquei dezesseis anos da minha vida estagnado. Mas quando conheci a associação minha vida mudou. Hoje trabalho como padeiro e as coisas fazem sentido – disse emocionado.

O mesmo revelou o jovem Eduardo Silva Damasceno, de apenas vinte anos. Ele contou que antes de ser acolhido por Amazonina vivia na criminalidade e dormia na ruas.

– Estou aqui há três semanas, mas já sinto a diferença. É maravilhoso! Cheguei a ser preso várias vezes, usava maconha e pedra o tempo todo. Mas quando cheguei à associação minha vida passou a fazer sentido. Lamento que os governantes não reconheçam a importância desse trabalho que todos os dias tira pessoas das ruas e renova as esperanças dos seres humanos esquecidos – destacou.

Silva procurou Adriane do Nascimento, coordenadora da Sepaz (Secretaria de Promoção da Paz no Estado de Rondônia). Ela alegou que o trabalho da secretaria é implantar políticas publicas
– Só quem tem esse tipo de autonomia é o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) do Município de Porto Velho – revelou.

A coordenadora também salientou que várias instituições foram visitadas pela Sepaz e foi constatado por um corpo técnico que quase todas não tinham condições adequadas para receber internos.

Números

Em Rondônia existem quarenta e três entidades terapêuticas destinadas a cuidar de dependentes químicos, mas apenas algumas delas se enquadram nas normas exigidas pelo Conselho Nacional e Estadual de Políticas sobre Drogas.

Exceto a Casa Família Rosseta, já mencionada, as únicas instituições que podem receber recursos federais e estaduais são a Comunidade Abisai de Cacoal, Bom Senhor Gabriel Mercol em Presidente Médici e a Comunidade Trindade.

Valor por interno

As instituições aptas recebem de R$ 678,00 a 850,00 do Governo do Estado. Já da União o valor varia de R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00, dependendo da categoria.

Exigências para receber os recursos

Existem algumas exigências necessárias para as associações que queiram receber os recursos estaduais e federais para manter suas dependências.

Foi aberto um edital de credenciamento. Devido ao período eleitoral, os sites do Governo de Rondônia estão fora do ar, portanto o responsável por essas associações devem ir diretamente a Sepaz, na Rua Duque de Caxias, 654, em Porto Velho.

Rondônia Dinâmica tentou contato com os responsáveis pelo CAPS, mas ninguém quis falar a respeito negando, inclusive, informações básicas como sobrenome e função que desempenha no centro.

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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