G1
Publicada em 11/09/2019 às 11h11
Os funcionários dos Correios entraram em greve geral por tempo indeterminado. A greve foi decretada na noite desta terça-feira (10) em assembleias realizadas em diferentes estados do país.
A categoria quer impedir a redução dos salários e de benefícios, e é contra a privatização da estatal, que foi incluída no mês passado no programa de privatizações do governo Bolsonaro.
O reajuste salarial com reposição da inflação do período é um dos principais pontos reivindicados pela categoria. No entanto, os trabalhadores querem também a reconsideração quanto a retirada de pais e mães do plano de saúde, melhores condições de trabalho e outros benefícios.
A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) afirmam que a greve é geral e todos os 36 sindicatos de trabalhadores dos Correios aderiram à greve.
"A decisão foi uma exigência para defender os direitos conquistados em anos de lutas, os salários, os empregos, a estatal pública e o sustento da família", afirmou em nota a Findect.
"Mesmo com a mediação do TST, a empresa não recebe os representantes dos trabalhadores há mais de 40 dias e se nega a negociar, pois insiste em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais", disse a Fentect.
O que diz a estatal
Em nota, a direção dos Correios informou ter participado de 10 encontros com os representantes dos trabalhadores para apresentar propostas dentro das condições possíveis, "considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões".
A estatal ainda não divulgou balanço sobre os impactos da greve, mas fala em "paralisação parcial". "O principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável. Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população", disse a empresa.
Veja a situação por estados:
Acre
O Sindicato dos Correios e Telégrafos do Acre (Sintec-AC) informou que ainda analisa se vai manter 30% dos servidores no atendimento ao público.
A categoria afirma que o acordo coletivo venceu no dia 31 de agosto e não conseguiu outro acordo com a empresa, mesmo com a mediação do Tribunal Superior do Trabalho.
Bahia
As agências permanecem abertas na Bahia, entretanto a entrega de correspondências fica afetada pelo tempo que durar o movimento. A empresa diz, porém, que não há suspensão de nenhum serviço.
O sindicato afirma que a Bahia possui 700 unidades dos Correios. Já a empresa diz que são 470 agências no estado, sendo 33 delas em Salvador.
Ceará
Funcionários dos Correios pararam as atividades em agências de Fortaleza e em cidades do estado. A categoria faz manifestações na sede dos Correios na capital e em frente a agências no interior.
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do Ceará (Sintect-CE), servidores de outras unidades no estado devem reforçar a paralisação, fechando as agências. A principal reivindicação é um aumento salarial de 3,2%, em vez do reajuste de 0,8% proposto pelo Governo Federal.
Distrito Federal
A agências de atendimento dos Correios amanheceram abertas no Distrito Federal nesta quarta-feira. A maior adesão ao movimento deve ocorrer no setor de distribuição, segundo a Fentect, o que pode afetar os prazos de entrega de encomendas.
O G1 consultou agências localizadas na Asa Sul, na Asa Norte, no Guará, em Samambaia no Sudoeste e em Taguatinga. Todas foram abertas no horário de funcionamento normal, às 9h, sem previsão de alteração.
"Historicamente, as áreas que mais participam são as áreas de distribuição (e não o de atendimento)", explicou o representante da Fentect, Fischer Marcelo Moreira dos Santos.
Maranhão
Em São Luís, os servidores dos Correios aprovaram a greve em assembleia geral realizada na sede administrativa do sindicato da categoria (SINTECT-MA), no bairro Radional, em São Luís.
Como parte do movimento grevista, o sindicato anunciou um seminário das 8h30 as 16h desta quarta-feira na sede do Sindicato dos Bancários, na Rua do Sol, no Centro de São Luís. O assunto em destaque será sobre a possibilidade de privatização da empresa.
Mato Grosso
No Mato Grosso, a greve teve mais adesão em Cuiabá, Cáceres, Alta Floresta, Nova Mutum, Tesouro, Luca do Rio Verde. O sindicato diz que 30% do efetivo foi mantido na greve.
“Não temos concursos desde 2011. Não temos mais transporte aéreo de cargas, tudo chega por carretas. O Sedex, que antes chegava no dia seguinte, hoje demora entre cinco a 10 dias para ser entregue. São ações, de vários anos, que foram pensadas para piorar o serviço e causar essa impressão na população”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso (Sintect-MT), Edmar dos Santos Leite.
Paraíba
Os trabalhadores dos Correios da Paraíba aprovaram a greve por tempo indeterminado em assembleia realizada no Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos da Paraíba (Sintect).
A principal reivindicação, segundo o sindicato, é a reposição salarial de acordo com a inflação e os benefícios integrais no valor acumulado da inflação do período agosto de 2018 a julho de 2019. Além disso, os trabalhadores pedem manutenção de cláusulas sociais e aumento de salário no valor de R$ 300 linear.
Paraná
Agências e unidades dos Correios do Paraná amanheceram fechadas nesta quarta-feira. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sintcom-PR), serviços de entrega e postagem realizados pela empresa estão paralisados por tempo indeterminado.
O sindicato informou que a greve afeta as atividades da Unidade de Tratamento Internacional, que trata das encomendas que vêm do exterior e são distribuídas para todo o país. Segundo os Correios, o centro de Curitiba é uma das três unidades da empresa em todo o Brasil.
Não há uma estimativa de quantos funcionários aderiram à greve.
Pernambuco
A greve afeta os centros de distribuição como o de San Martin, na Zona Oeste do Recife. O portão de acesso estava fechado e, segundo os trabalhadores, o serviço não funciona nesta quarta.
Ao G1, os Correios informaram que a paralisação não deve afetar o trabalho da empresa e todas as agências devem abrir a partir das 9h desta quarta (11).
Em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, alguns funcionários colaram faixas e cartazes com as frases "Não à privatização dos Correios". No município, 90% dos funcionários aderiram à greve, segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Pernambuco, Jim Kelly.
Piauí
O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Piauí (Sintect-PI) aderiu à greve nacional da categoria. Segundo a assessoria de comunicação dos Correios, não há, porém, suspensão de nenhum serviço.
“Em Teresina tivemos várias agências fechadas, estamos com a situação de sucateamento total, para justificar a privatização. Os carros de entrega quebrados. Ainda querem tirar nossos direitos, como vales alimentação”, afirmou o diretor jurídico da entidade, José Rodrigues.
Rio Grande do Norte
Nesta quarta (11), os funcionários em greve se reuniram na Avenida Hermes da Fonseca, em frente ao Complexo dos Correis, no Tirol, Zona Leste de Natal, em um ato público. Em Mossoró, no Oeste potiguar, também houve protestos da categoria.
Rio de Janeiro
Na capital fluminense, funcionários dos Correios do Rio fazem uma manifestação nesta quarta-feira (11), na porta do Centro de Tratamento de Encomendas em Benfica, na Zona Norte.
Policiais militares do 22º batalhão (Maré) acompanham o protesto e tentam impedir que os manifestantes interditem o trânsito na Rua Leopoldo Bulhões, em frente ao Centro de Distribuição. Os grevistas já atravessaram os caminhões na via para impedir a entrada e saída de encomendas.
Santa Catarina
OS funcionários dos Correios de Santa Catarina entraram em greve por tempo indeterminado, após assembleia realizada na noite de terça-feira (10), em Florianópolis. A categoria não aceitou a proposta de reajuste salarial oferecida pela empresa, de 0,8%, menor que os 3,1% da inflação acumulada em 12 meses pelo Índice de Preços ao Consumidor (INPC).
São Paulo
Na região de Campinas, algumas unidades informaram ao G1 que ficarão fechadas. Outras, abriram para postagens e separação de encomendas, mas informaram que os carteiros aderiram à greve e que o serviço de Sedex não está funcionando.
O sindicato da categoria ainda não informou um balanço completo dos reflexos da paralisação, mas afirma que 70% do operacional (Sedex e carteiros) está paralisado.
Sergipe
Os serviços realizados pelos Correios em Sergipe estão afetados nesta quarta-feira (11), de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Estado de Sergipe (Sintect/SE), que representa cerca de 700 funcionários.
A estatal informou que irá adotar medidas já planejadas para garantir que as agências funcionem regularmente, bem como a entrega de cartas e encomendas.
Tocantins
Segundo o sindicato que representa a categoria, ao menos 30 unidades estão fechadas no estado. No Tocantins, são 746 trabalhadores. Há unidades dos Correios em praticamente em todo o estado, exceto nos municípios de Bom Jesus e Chapada da Natividade.
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