Professor Nazareno
Publicada em 23/06/2021 às 08h57
Até agora, pouco mais de um ano depois, a pandemia da Covid-19 já matou mais de meio milhão de brasileiros. E o presidente Jair Bolsonaro tem uma parte da culpa por este número tão elevado de mortes no Brasil. Pesa contra ele o fato de não ter comprado imunizantes dos laboratórios quando lhe foram oferecidos no ano de 2020. Se tivesse comprado vacinas com bastante antecedência, talvez tivesse evitado pelo menos uns 100 mil óbitos. Porém, o maior erro do “Bozo” não foi somente este. As suas declarações absurdas e desrespeitosas durante as entrevistas o colocam na berlinda e aumenta o ódio das pessoas, principalmente as que perderam entes queridos pela ação do Coronavírus. Se durante esta pandemia, o presidente do Brasil fosse o líder Mahatma Gandhi ou até mesmo Jesus Cristo, o total de óbitos também teria sido grande. Umas 400 mil mortes.
Países como os Estados Unidos e grande parte da Europa desenvolvida e civilizada tiveram também números bastante elevados de mortos pela Covid-19. A diferença, no entanto, se dá pela reação de seus líderes. É muito pouco provável que Gandhi ou Jesus Cristo desdenhasse da morte de seus conterrâneos como faz descaradamente o presidente do Brasil. Com exceção de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, seria também muito difícil um líder europeu tratar os mortos pela pandemia em seus países com total desrespeito e falta de sensibilidade. Nos dias em que eu enterrava a minha sogra e o meu cunhado, que foram vítimas da doença, o presidente do meu país pedia em rede nacional para que os brasileiros parassem com frescura e mi mi mi. “Parem de ser maricas! A vida tem que continuar”, disse sorrindo e debochando.
Bolsonaro age de forma monstruosa quando fala e não respeita os muitos mortos pela pandemia. Não tem empatia com quase ninguém e quando abre a boca agride de forma desnecessária todos os que estão de luto e sofrendo. Grosseiro e mal educado diz que não é coveiro. Em recente entrevista no interior de São Paulo, por exemplo, agrediu uma repórter que lhe questionava por que não estava usando máscara. Na função de presidente de uma nação, o “Bozo” não tem a menor liturgia pelo cargo que ocupa, como dizia o ex-presidente José Sarney. Sempre nervoso, gritando muito, falando alto e acuado parece estar querendo se defender de alguma culpa. Ataca indiscriminadamente jornalistas, principalmente se for mulher e aos berros e se cuspindo todo, manda todos calarem a boca. Triste, mas é este tipo de gente que governa o Brasil para delírio geral.
Muitos dos cidadãos que perderam parentes nesta pandemia talvez não votem mais neste arremedo de presidente grosso e sem educação. E os seus seguidores não precisam mais defendê-lo, pois “escândalos já vêm à tona”. Até a falsa crença de que não há corrupção em seu desastrado governo está caindo por terra. Num momento em que o presidente demonstra total descontrole emocional, surgem denúncias de desvio de dinheiro na compra da vacina indiana Covaxin. Segundo o Jornal “O Estado de São Paulo”, o superfaturamento na aquisição do imunizante supera os mil por cento. Das duas uma: ou o presidente do Brasil não tem uma boa assessoria para lhe orientar nas suas falas e entrevistas ou simplesmente ele não aceita conselhos de ninguém. O fato é que o “Bozo” devia se calar para não se comprometer ainda mais na sua busca pela reeleição. Calado, não nos envergonharia tanto e seus fãs ficariam bem mais aliviados.
*Foi Professor em Porto Velho.
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