Por G1
Publicada em 15/08/2019 às 15h49
O Paquistão disse, nesta quinta (15) que três de seus soldados e cinco indianos foram mortos em uma troca de tiros na região da Caxemira. A Índia, no entanto, negou as baixas.
O major general Asif Ghafoor, porta-voz do Paquistão, relatou em uma rede social que houve um confronto em uma região da fronteira que é disputada entre os dois países, conhecida como Linha de Controle.
Um porta-voz indiano negou. “A afirmação é incorreta”, disse o porta-voz. Em uma nota, o exército da Índia afirmou que o Paquistão violou um cessar-fogo entre as duas nações às 7h do horário local.
A Caxemira já foi motivo de duas guerras entre os países.
No dia 5 deste mês, a Índia revogou o status especial da região, que lhe dava mais autonomia administrativa.
Alguns dias antes, as autoridades suspenderam os serviços de internet e telefonia no estado de Jammu e Caxemira (apesar de ter dois nomes, trata-se de um único estado, que abrange o território). Além disso, colocou políticos locais em prisão domiciliar e impediu as pessoas de se reunirem.
ONU vai debater o tema
O Conselho de Segurança da ONU deve se encontrar na sexta-feira (16), a pedido da China e Paquistão, para discutir as últimas decisões da Índia sobre o estado de Jammu e Caxemira.
A região é, há décadas, objeto de disputas entre a Índia e o Paquistão (ambos têm armas nucleares).
É improvável que o Conselho tome alguma ação –há uma divisão dentro do órgão: os Estados Unidos tradicionalmente apoiam a Índia, e a China, o Paquistão.
Paquistão procurou Conselho de Segurança
“O Paquistão não vai provocar um conflito, mas a Índia não deve confundir nossa contenção por fraqueza”, disse Shah Mahmood Qureshi, o ministro de Relações Exteriores paquistanês.
Ele escreveu uma carta ao Conselho de Segurança na terça (13). “Se a Índia escolher, mais uma vez, apelar à força, o Paquistão será obrigado a responder, em autodefesa, com toda sua capacidade”, completou.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu para que a Índia e o Paquistão evitarem dar qualquer passo que possa afetar o status de Jammu e Caxemira.
Guterres também disse estar preocupado com relatórios sobre restrições na parte indiana da Caxemira.
O Conselho de Segurança adotou resoluções em 1948 e nos anos 1950 sobre a disputa pela Caxemira, inclusive uma que diz que se deve fazer um plebiscito para determinar o futuro da região, cuja população é majoritariamente muçulmana.
Outra resolução pede para que ambos os lados evitem dar declarações que possam agravar a situação.
Protesto na Inglaterra
Milhares de manifestantes protestaram em frente à embaixada da Índia em Londres, nesta quinta-feira (15), contra as medidas que o governo indiano tomou recentemente em relação à região da Caxemira.
Com cartazes que diziam "A Caxemira sangra", os manifestantes eram monitorados pela polícia britânica, que tentava mantê-los afastados de um ato a favor da Índia. Várias pessoas foram detidas.
Carregando bandeiras da parte da Caxemira sob controle paquistanês, os manifestantes gritavam "liberdade".
"Estamos em uma virada. É o momento de agir por todo o mundo", disse Shazad Ahmed, de 36 anos, que trabalha com Informática e é oriundo da parte paquistanesa da Caxemira.