Por G1
Publicada em 18/07/2019 às 11h35
O maior atentado terrorista da Argentina, a explosão do prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em Buenos Airescompleta 25 anos nesta quinta (18) sem que todos os culpados tenham sido julgados.
Pouco antes das 10h da segunda-feira, 18 de julho de 1994, foram detonados 400 quilos de explosivos que estavam em uma camioneta estacionada em frente ao edifício onde funcionava a entidade.
Morreram 85 pessoas e 300 ficaram feridas.
Dois anos antes houve um outro atentado terrorista contra a embaixada de Israel em Buenos Aires, quando foram assassinadas 29 pessoas.
Dias depois do atentado da Amia, um jornal libanês publicou um anúncio de um grupo chamado Ansar Allah que reivindicava a autoria da explosão.
O Ansar Allah é um braço paramilitar do Hezbollah, uma organização política e militante do Líbano.
O Hezbollah é islâmico e xiita, assim como o governo do Irã, e o Estado iraniano tem uma relação próxima da entidade libanesa.
Investigação argentina é marcada por escândalos e mortes
As autoridades argentinas concluíram que os responsáveis pelo atentado terrorista em Buenos Aires haviam sido treinados e financiados por autoridades iranianas.
O primeiro acusado, no entanto, foi um argentino, preso no próprio dia do atentado: um receptador de carros chamado Carlos Alberto Telleldín. Ele vendeu a camioneta usada no atentado.
Esse suspeito também é um dos nomes do primeiro escândalo das investigações. O primeiro juiz do caso, Juan José Galeano, pagou US$ 400 mil ao receptador por informações. O encontro foi filmado e divulgado em 1997.
Anos mais tarde, Galeano foi processado e preso por encobrir a investigação, assim como dois ex-promotores que atuaram no caso e o receptador de carros.
A Justiça inocentou 22 argentinos acusados de envolvimento em 2004.
O país nunca conseguiu levar os iranianos à Justiça.
País criou promotoria especial para investigar atentado terrorista
Dez anos depois do atentado terrorista, em 2004, o presidente Néstor Kirchner montou uma unidade responsável para investigar o atentado. O promotor Alberto Nisman era o líder.
Dois anos depois, a promotoria argentina acusou formalmente o Hezbollah pela execução do atentado, e o Irã, pela organização.
O governo iraniano nega ter participado do ato terrorista e nunca respondeu aos pedidos da investigação argentina.
Nisman pediu a captura internacional de dez iranianos, e cinco deles são, até hoje, procurados pela Interpol.
Após a morte de Néstor Kirchner, Cristina Kirchner, sua viúva e presidente argentina por dois mandatos, se aproximou da Venezuela, que é uma aliada do Irã.
Ela tentou fechar um acordo com os iranianos, que não chegou a ser posto em prática. O texto estabelecia uma comissão para esclarecer o atentado. A ideia foi mal recebida na Argentina e declarada inconstitucional.
A tentativa de Cristina de formar uma comissão conjunta com os iranianos fez com que Nisman, o promotor apontado por Néstor como o líder da investigação, rompesse com o governo.
Em janeiro de 2015, o promotor acusou Cristina de encobrir os culpados. Haveria, segundo ele, um acordo pelo qual a Argentina venderia produtos agrícolas para os iranianos e, pelo entendimento dele, iria desistir do pedido internacional de captura dos iranianos.
Quatro dias depois de apresentar a denúncia, ele foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento em Buenos Aires.
Mauricio Macri declara Hezbollah uma organização terrorista
O presidente Mauricio Macri assinou, na terça (16), um decreto que classifica o Hezbollah como uma organização terrorista. Além disso, ele determinou que vítimas do atentado precisam ser indenizadas.