UE pede investigação sobre irregularidades em referendo

UE pede investigação sobre irregularidades em referendo

Presidente Recep Tayyip Erdogan fala durante coletiva de imprensa em Istambul, na Turquia após referendo que decidiu pela extinção do cargo de primeiro-ministro e fortalecimento dos poderes do autoritário presidente turco - 16/04/2017 (Murad Sezer/Reuters)

A União Europeia pediu a Turquia que abra “investigações transparentes sobre as declarações de irregularidades identificadas pelos observadores” no referendo que implantou um sistema presidencialista no país. Segundo uma porta-voz do Conselho Europeu, as acusações de observadores neutros estão sendo “examinadas atentamente” por Bruxelas.

Uma missão conjunta de observadores integrada pela Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) e pelo Conselho Europeu considera que a campanha liderada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan foi realizada em condições não equitativas, e que a votação não esteve “à altura dos critérios” europeus.

A posição de Bruxelas foi totalmente diferente da dos presidentes americano, Donald Trump, e russo, Vladimir Putin, que felicitaram Erdogan por sua “vitória” em conversas telefônicas na noite de segunda-feira.

Oposição – Desde que a implementação do sistema presidencialista, impulsionada pelo partido do governo, o islamita AKP, e pelo presidente turco, ganhou com 51,4% dos votos o referendo do último domingo, a oposição vem falando de “golpe” contra a vontade popular.

Segundo o partido opositor Partido Republicano do Povo (CHP), milhões de envelopes de votação que não tinham o lacre obrigatório das mesas eleitorais foram contabilizados pelo governo com a intenção de favorecer a vitória do “sim” para a reforma.

“A recontagem dos votos não lacrados é uma prova clara de que das urnas saiu um ‘não’ à reforma”, declarou o presidente do partido Kemal Kilicdaroglu. “Estas eleições entrarão para a história como as ‘eleições sem lacre’, e não as reconhecemos, nem as reconheceremos. Devemos respeitar a vontade do povo e repeti-las”, insistiu.

Erdogan – As críticas vindas da União Europeia irritaram Erdogan, que respondeu imediatamente, pedindo aos observadores europeus que “se mantenham em seus lugares”. “Não vemos e não levamos em conta qualquer relatório que vocês possam preparar”, acrescentou.

Em entrevista para o canal de notícias CNN, Erdogan rejeitou as acusações daqueles que afirmam que a Turquia está se dirigindo para uma ditadura e negou que o novo sistema de governo esteja feito sob medida para ele. “Este não é um sistema que pertença a Tayyip Erdogan. Sou um mortal. Posso morrer a qualquer momento”, declarou.

Autor / Fonte: Veja

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