RD Entrevista – Ernandes Amorim, a autoridade que caiu do cavalo e levantou mais forte



Texto.:
Vinicius Canova
Fotos.: Gregory Rodriguez

Ariquemes, RO – Não faltam histórias na rica biografia do décimo entrevistado a participar de RD Entrevista – a primeira realizada no interior – seção exclusiva publicada pelo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica. Dos fatos verídicos e confirmados por inúmeras pessoas e documentos aos pequenos bochichos que circulam pelo Estado, a personalidade e o temperamento do vereador Ernandes Amorim acabam se tornando incógnitas a seus interlocutores que, ao o encontrarem pela primeira vez, não sabem exatamente o que esperar.

O homem corpulento de 70 anos de idade, que galgou diversos cargos na política rondoniense, diz que ainda falta ocupar o Governo do Estado, pretensão que levará à última instância de suas forças.

“Vou morrer na política”, informa.

Nesta conversa, Amorim fala sobre seus inimigos na política; traça o perfil do governador Confúcio Moura (PMDB); revela ter informações comprometedoras contra o senador Ivo Cassol (PP) e diz como um soco desferido em um comício realizado em Jaru garantiu sua reeleição a deputado estadual.

E também: os problemas com o deputado federal Nilton Capixaba, coordenador da bancada federal e presidente estadual do PTB; sua prisão em 2004 quando da deflagração da Operação Mamoré; o envolvimento de seu nome na ‘Operação Abate’ e o que fez com os documentos que comprovam a existência do ‘Cartel do Boi’, cuja atuação atinge inclusive o Estado de Rondônia.

Embora tenha sido derrubado de um equino durante manifestações populares realizadas em Ariquemes em 2014, o petebista garante que, politicamente, não caiu do cavalo e irá continuar incomodando aqueles que o consideram fora do páreo.


"Tribunal de Contas é um 'santuário' e só julga o que interessa", diz Amorim 
Foto.: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)


Perfil e trajetória

Ernandes Santos Amorim nasceu no dia 22 de outubro de 1946 em Itagibá, na Bahia. Aos 70 anos, é viúvo e tem seis filhos. Em Salvador graduou-se em Educação Física pela Universidade Católica de Salvador. Após migrar para Rondônia optou pela vida política e filiou-se ao MDB sendo eleito suplente de deputado estadual em 1982 e deputado estadual em 1986. Mudou para o PDT sendo eleito prefeito de Ariquemes em 1988 e senador em 1994, o que não impediu sua mudança para o PPB anos mais tarde embora tenha perdido as eleições para governador em 1998. Recuperou-se no ano 2000 ao retornar à prefeitura de Ariquemes sendo eleito presidente da Associação dos Municípios de Rondônia. Seu mandato, porém, foi abreviado graças à decisão de renunciar e disputar o governo do estado pelo PRTB em 2002 quando colheu nova derrota. Em 2006 foi eleito deputado federal pelo PTB. Em 2016, foi eleito vereador por Ariquemes e é suplente de deputado federal.



Rondônia Dinâmica – Como Ernandes Amorim veio parar em Rondônia e de que maneira iniciou a vida política no Estado?

Ernandes Amorim – Na verdade, vim de uma família humilde, saí da área da agricultura quando ainda criança. Tive a oportunidade de morar numa capital onde comecei a trabalhar já aos doze anos como empregado doméstico ao mesmo tempo em que estudava. Estudava à noite e trabalhava durante o dia. Ou seja, saí do Sul da Bahia rumo à Salvador e comecei a dar duro desde cedo. Aos 17 me apresentei ao Exército e fui incorporado durante seis anos e quando saí da vida militar já estava graduado. Fui até mesmo agraciado com diploma de Honra ao Mérito pelo comportamento que tive na vida militar. Saí de lá e dei continuidade aos estudos e continuei a trabalhar mesmo com muitas dificuldades. Ainda assim, concluí o Segundo Grau, fiz o vestibular e entrei na faculdade na área de Educação Física na Universidade Católica da Bahia. Não havia poder aquisitivo na época, então tive de tocar uma lanchonete pra poder manter os estudos. Depois de um tempo, conversando com pessoas e ouvindo um professor meu de História, Nilton José, que era major do Exército, comecei a me interessar pelo que ele lecionava a respeito da história antiga,  dos grades líderes. Entre tudo o que se falava de história geral, percebi que uma das passagens que marcaram minha vida foi a de César, que tinha um irmão, Marco Antônio, a quem desdenhava da posição e da liderança. César mandou Marco Antônio ao País de Gales para enfrentar uma guerra e naquelas guerras de antigamente não sobrevivia ninguém. Um irmão enviou o outro ao combate. Marco Antônio foi lá e combateu, ganhou a guerra e o César, não satisfeito, o convidou a retornar a Roma. Marco disse ao seu irmão, no entanto, que era melhor ser o primeiro da vila do que o último da cidade. E nisso permaneceu no País de Gales e lá teve a vida progressista dele.

Vida política

RD – E a política?

EA – E quando eu estava em Salvador, trabalhando com dificuldade, percebi os inúmeros problemas de lá e já observava o líder maior daquela época, Antônio Carlos Magalhães. Na época ele já despontava na política como prefeito de Salvador. Por conta disso, me chamou muito a atenção a questão da vida política, né? E aí, já fazendo faculdade, tinha alguns colegas do Sul da Bahia que trabalhavam na área do cacau e quem mexia com cacau naquela época era considerado burguês, não importava o tamanho da roça de cacau. Isso devido ao preço alto do mercado de exportação do cacau. Aquilo era uma euforia pelos pés de Cacau. E apareceu um projeto aqui, que era o Projeto Marechal Rondon e Burareiro. Esse projeto foi criado na época do ministro Delfim Neto para assentar as pessoas aqui na Amazônia e ocupá-la. Lá na Bahia esse projeto fora noticiado informando que aqui havia a possibilidade de terras férteis para o cultivo do cacau. E eu vim de lá com a ideia de ser cacauicultor. Como estava concluindo a faculdade, vim para cá, consegui uma área de terra e comecei dando aula no primeiro colégio que se instalou no Município de Ariquemes ao mesmo tempo em que trabalhava como agricultor. Com o tempo, percebendo que a questão da agricultura aqui não funcionava como na Bahia, ou seja, compreendendo que a pecuária era mais forte do que a cacauicultura, resolvi trabalhar na área do garimpo.

RD – E a vida no garimpo, como era?

EA – Mesmo naquela época, meados dos anos 70, mexer com garimpo era considerado crime. Por quê? Porque havia naquela época o ministro Dias Leite, da Agricultura, que pegou grandes jazidas daqui e colocou em nome do grupo que representava envolvendo Paranapanema e Oriente Novo, passando a ser o mandão da questão mineral. E nisso até mesmo o Eike Batista, que é oriundo dessa safra, conseguiu muitas áreas em subsolo dos paternos dele, de origem familiar e passou a dominar também essa área. E o garimpo aqui, quando explorado, era acobertado pela Polícia Federal. A Polícia Federal vinha dentro da mata, corria atrás de garimpeiro e perseguia as pessoas tudo para manter os interesses internacionais das grandes empresas. Mesmo assim, trabalhando em garimpo, comprei uma briga muito grande para defender os garimpeiros. Havia a Portaria 195, que regulamentava essa questão mineral e dava autonomia ao Cartel da Cassiterita e era proibido a qualquer cidadão andar sequer com uma pedra de cassiterita no bolso. Era considerado criminoso e preso. Entrei na briga por conta disso e comecei a me entender com a classe garimpeira, a liderar esse movimento. Diante de tudo isso, consegui me eleger deputado estadual, fui reeleito, me candidatei à Prefeitura de Ariquemes e disputei o mandato de senador da República. Depois do mandato de senador, voltei a ser prefeito de Ariquemes, depois voltei a ser deputado federal. Com isso, tive oportunidade de ter apoio de políticos como o ex-governador Jerônimo Santana, que me deu todo apoio para abrir o garimpo Bom Futuro. E o garimpo Bom Futuro foi a maior jazida de cassiterita aberta do Mundo gerando maior movimentação econômica, social e comercial. Um exemplo, para se ter ideia, foi a agência do Banco Bamerindus em Ariquemes, considerada a agência que mais movimentou dinheiro no Brasil. Depois, teve a primeira revendedora da Fiat aqui, também a que mais vendeu carros de sua marca no Brasil. Vendeu muitos carros.

O garimpo e a economia

RD – Por quê?

EA – Porque correu dinheiro mediante a exploração mineral, das riquezas minerais, as quais ainda estão concentradas na Amazônia. E elas não são exploradas por conta do emperramento que há por parte do Ministério de Minas e Energia, do próprio Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), da falta de projetos para liberar aos Estados a exploração dessas riquezas e, mesmo assim, consegui explorar esse garimpo. Então comecei a fazer uma administração boa como prefeito. Criei em Ariquemes o Hospital da Malária, Hospital da Criança, tive um período de saúde excepcional no município. Criei a Feira Livre, asfaltei a cidade quase toda, criei também um projeto chacareiro, coisa inédita no Brasil, que ninguém tinha criado. Vamos dizer assim, a Reforma Agrária na área de município e eu criei através do assentamento dessas chácaras. Coloquei transportes aos agricultores, que chegavam à porta de suas casas, dei apoio, fiz estradas e por aí vai. Como legislador, na condição de deputado estadual, também fiz um trabalho importante. Ajudei a criar a nova Constituição do Estado de Rondônia. Criamos um modelo moderno do Ministério Público do Estado de Rondônia (MP/RO), depois copiado em todo o Brasil. Essa autonomia hoje que o MP/RO tem foi criada praticamente dentro do meu gabinete com apoio dos colegas deputados. E como senador, ajudei fazendo vários projetos a nível nacional e de interesse público. Se não bastasse, quando era deputado estadual, o Município de Ariquemes andava emperrado, era mal administrado. Como deputado estadual criei uma CPI no Município de Ariquemes e tirei da prefeitura o administrador que não estava trabalhando corretamente.

RD – O que ocorreu depois?

EA – Nomeei um prefeito, com apoio do próprio governador, para cuidar do destino da cidade. Então Ariquemes passou a viver uma nova época. Saí da prefeitura e Ariquemes tomou rumos diferentes. Hoje estou como vereador não porque preciso. Mas já que tenho uma carreira política em todo Legislativo faltava assumir a vaga de vereador para deixar minha história marcada como um cidadão que ocupou todos os cargos neste Poder. No Executivo, tive a oportunidade de ser prefeito por duas vezes. Um dia tenho esperança de ser ainda governador deste Estado. Já tentei uma vez, fui candidato e fiquei em quarto lugar devido a questão político-partidária. A falta da reforma política no Brasil me fez perder. Fui obrigado a sair de um partido maior para dar espaço a cidadão com poder aquisitivo maior. Ingressei num partido pequeno, organizando-o inicialmente a sigla aqui no Estado e que no fim da história não tinha o horário devido para mostra meu programa de governo, meu projeto político para o Estado. Portanto, não obtive o resultado que pretendia. Mas não me cansei de tentar. Já houve um presidente americano que tentou cinco ou seis vezes como candidato até chegar ao cargo. O próprio Lula disputou quatro vezes e só na última foi eleito. Então, não perdi as esperanças ainda de ser governador do Estado de Rondônia.

RD – O que o fez disputar seu primeiro cargo eletivo?

EA – A política já nasce nas pessoas. Eu, quando fiz o curso de Educação Física, já queria estar no meio social dialogando e convivendo com o povo, com a sociedade. Vindo a uma cidade menor, vivendo com os grandes líderes políticos a nível nacional, inclusive os baianos, despertou a vontade em participar do momento político. E ser político é uma dádiva. Um político que quer servir a comunidade, obviamente. Porque existe hoje o político aproveitador, demagogo e o servidor. Eu não tenho a política pra ganhar dinheiro, para me enaltecer, me sobressair diante de outras pessoas. Tenho a política na mente para ajudar o menos favorecido. Para ajudar aqueles que não têm condições de reclamar os seus direitos. Isso me fez ser candidato pela primeira vez.

Problemas com Nilton Capixaba

RD – Vereador, um colunista informou que uma suposta denúncia do senhor poderia render alterações no comando estadual do PTB. Essa denúncia, segundo o jornalista, estaria relacionada ao presidente estadual da sigla, o deputado federal Nilton Capixaba. Esta informação é verdadeira? O que há de tão grave envolvendo o coordenador da bancada federal?

EA – Na realidade, respeito todo mundo e inclusive o próprio deputado Nilton Capixaba (PTB). O deputado Nilton Capixaba hoje assumiu o partido, aliás, vem sendo presidente do partido, e no PTB há uma determinação partidária destacando que se em um Estado houver um único parlamenta eleito pela sigla ele será, automaticamente, o presidente estadual da legenda. Quando fui deputado federal, e ocupei a vaga onde está hoje o Nilton Capixaba, eu não quis tomar o partido para mim. Eu deixei e confiei nele, que permaneceu presidente do partido. O Capixaba pegou o partido e o colocou debaixo do braço. E não cuidou de formar o partido, de trabalhar em nível de Estado a organização do partido. O partido hoje está acéfalo. Não tem um diretório no Estado formado. Os recursos que passam pelo partido e deveriam ser distribuídos entre membros do PTB não chegam às mãos de ninguém! Os partidários, ou mesmo candidatos, não veem esse dinheiro. Eu, no caso, não ando atrás desses recursos. Mas gostaria que houvesse honestidade por parte do presidente em prestar contas desse recurso, informar o quanto recebeu e onde foi gasto. E o Nilton não tem feito isso! E pior: quando você tem intenção de lançar um candidato, principalmente eu, que tenho uma liderança já formada aqui na região por ter me elegido em diversos cargos, deveria ser no mínimo considerado, respeitado.

RD – Mas o problema é só a falta de consideração?

EA – O Nilton Capixaba não deixa nem sequer formar o diretório aqui. Até por conta de uma candidatura a prefeito aqui em Ariquemes eu quase tive que sair aos tapas com ele para lançar um genro meu, que não ganhou a eleição por falta não só de apoio, mas também por questões de compra de votos de adversários. O Capixaba não quis permitir que o lançasse como candidato. Fui candidato a deputado aqui e houve outras candidaturas também que mereciam prestígio e ele sequer compareceu para apoiar o meu nome. Isso não é papel de presidente de partido. A carta que mandei ao Nilton, enviei sob sigilo. E esta carta apareceu em Brasília nas mãos dos assessores dele e a informação se espalhou pelo Estado. E eu tive de encaminhar a mesma carta ao presidente nacional do partido para que ele analisasse o conteúdo das minhas declarações. Porque não falei na ausência dele e nem pelas costas. Falei ao próprio Nilton Capixaba tudo o que penso a respeito dele. Se ele não tomou nenhuma providência e nem sequer respondeu a carta é porque ele sabe que tudo o que fez até agora foi enterrar o PTB no Estado. E ele é um cidadão que não quer saber do problema dos outros. Na última eleição à Câmara Federal, cheguei a ameaçar de levá-lo à Polícia Federal.

RD – Sob qual acusação?

EA – Porque ele fez um conchavo com o atual governo entregando o partido a troco eu não sei de quê. Sacrificou minha liderança, meu nome, não permitindo que eu fosse candidato a deputado federal. Na última hora, consegui essa vaga de deputado federal por causa de alguns amigos que tenho dentro do PMDB e que me garantiram a inclusão de meu nome na lista. Se dependesse dele eu estaria fora. Agora, está dizendo nas ruas que não serei candidato porque ele não vai deixar. Eu não sei se isso é fruto da posição dele que está na iminência de ser cassado e, sendo cassado, por direito eu que vou assumir o partido. Pode ser que por conta disso queira me expulsar da sigla para que o PTB não tenha opção ele continue a mandar e desmandar. Talvez seja essa a mágoa dele em dizer que quer me tirar do partido. Mas eu disse a ele que não me preocupo com isso. Apesar de gostar do PTB, já ajudei a reorganizar o PTB aqui em Rondônia e outros partidos. Não me preocupo com partido. Porque todos os votos que tive em Rondônia foram graças ao trabalho que desempenhei e ao respeito que as pessoas têm por mim. Por isso o Nilton Capixaba, neste momento, é um emperramento para o PTB aqui no Estado de Rondônia.

RD – Qual seria a solução, então?

EA – Se ele fosse uma pessoa mais decente pediria para ser retirado do partido entregando-o a outra liderança. Nós temos tantos jovens aí, o Fogaça, o deputado Leo Moraes, uma liderança nova que, lamentavelmente, me disse que está disposto a abandonar o PTB por causa dessa gestão temerária do deputado Nilton Capixaba. O Nilton Capixaba só quer saber dele. Quer saber onde ele encaixa o PTB para garantir a eleição dele. Ele não tem coragem de levantar e sair do partido para que o PTB cresça. Agora mesmo estou com possível candidatura a deputado federal ou pré-candidatura ao Governo do Estado. Eu já fui candidato pelo PTB, não me elegi porque foi um partido que entrei de última hora. Isso porque me expulsaram do PPB a troco de propinas. Preciso de um partido, e pode ser o PTB, para lançar minha candidatura a deputado federal ou até mesmo Governo do Estado. Porque os nomes que vejo aí hoje para disputar o governo estou plenamente no mesmo patamar deles. Por isso, me reservo ainda o direito de esperar até abril do próximo ano para dizer qual a real candidatura que irei enfrentar. Rondônia não precisa de um governador. Rondônia precisa de um homem de trabalho.

RD – Mas o senhor vai brigar para que ele saia ou é você que irá sair do partido?  

EA – Eu não tenho interesse em tirar o Nilton Capixaba do partido. A meu ver, ele deve continuar e até presidente. Mas tem de assumir a verdadeira função de um presidente, sendo leal, democrático e que respeite o direito do próximo e de seus correligionários. Permaneço no partido, mas isso vou buscar esse apoio em nível nacional. Porque o Roberto Jefferson, presidente do partido, é um homem de palavra. Ele foi o autor da primeira denúncia de todas essas falcatruas que tem em nível nacional. Por isso acredito no Roberto e tenho certeza que ele conhece bem a política e as necessidades do PTB em ter candidaturas majoritárias para não andar pendurado em outros partidos. PTB hoje é um partido a tiracolo, ou seja, não tem nem nome pra disputar o governo e já quer se encostar em determinado candidato para continuar na mamadeira. E eu não. Eu quero que o partido ganhe a eleição.

RD – Por que isso é tão importante para o senhor?

EA – Porque o PTB não tem esse vício de outros partidos. Eu, por exemplo, sou uma pessoa que ganha uma eleição sem prometer emprego, sem tomar dinheiro de alguém pra poder dar presentes, combustível e portarias. Minhas eleições foram ganhas com projetos. Sou inimigo do empreguismo. É preciso um governo que tenha as pessoas competentes em cada setor, concedendo autonomia aos Poderes para escolher seus representantes. Quem deveria escolher o comandante da Polícia Militar, é a própria Polícia Militar. Quem vai escolher o procurador do Ministério Público, é a própria classe. Eu, como governador, não me envolveria em nenhuma instituição para que me preservem ou não porque houve indicação ou a falta dela.



Salário de vereador equiparado ao do professor

RD –
No começo deste ano o senhor apresentou Projeto de Lei visando que os vereadores recebessem salário nivelado ao dos professores. A pretensão causou polêmica e foi reverberada no Estado todo, e até mesmo no País,  mas fora considerado inconstitucional por não ser possível a alteração dos subsídios recebidos pelos vereadores na legislatura atual. Qual a intenção do senhor em promover o projeto nesses moldes?

EA – Na realidade, a Câmara de Vereadores do Município de Ariquemes, contra o que manda a Constituição, tem cargos de vereadores com salários de R$ 7 mil e outros com R$ 13,8 mil. E eu solicitei a equiparação de todos os vereadores ao salário de R$ 7 mil. E não quiseram! E para discutir melhor, vendo e conhecendo bem a remuneração do professor, me senti inspirado a solicitar à Câmara de Vereadores com o apoio da classe da área da Educação, a equiparação salarial de acordo com o que recebem os professores. A ideia é alertar a necessidade de melhorias em termos de remuneração a esses profissionais. Por outro lado, também é preciso lembrar a necessidadde de diminuir o salário do vereador. O que é o vereador? Vereador não é uma profissão. Vereador é um trabalho de servidão. É aquela pessoa que cuida do quarteirão, que cuida do bem-estar daquela comunidade envolta a ele. Então ninguém pode ser candidato a vereador ou qualquer outro cargo pensando em ganhar dinheiro.

RD – Sim, mas e o projeto?

EA – Quando eu quis, e apresentei projeto pedindo a equiparação dos proventos de um vereador ao maior salário de um professor de ensino municipal, é porque quero chamar a atenção dos executivos para melhorar o salário dos professores. Se por acaso não alcance a aprovação desse projeto, de baixar o salário dos vereadores, estou trabalhando para elevar o salário dos professores. Porque não é correto os seus filhos terem aula com uma pessoa mal remunerada, como se fosse um morador de rua. Professor precisa de um recurso decente para sobreviver, se vestir, morar e pagar seus impostos e contas. Com salário de dois mil e poucos reais ninguém pode ser professor. Um professor é um mestre. Um professor é alguém a quem nós temos de recorrer à sabedoria por diversas vezes. Nisso que quero bater: quando fui prefeito de Ariquemes os professores aqui ganhavam um salário e, quando chegava o final de ano, sobrava dinheiro da área da Educação e eu distribuía a todos os professores. E no final de ano eles tinham dinheiro para comprar uma moto, um carrinho velho, viajar para a terra deles, melhorar a casa deles. Sempre fiz e sempre farei tudo para ajudar o setor de educação.

Abuso de autoridade

RD – Há pouco mais de dois anos o senhor foi retirado à força pela Polícia Militar de um protesto nacional realizado pela população de Ariquemes contra a corrupção, especialmente contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). À época o senhor se manifestou dizendo que havia sofrido uma injustiça. Hoje, qual o saldo deste episódio?

EA – Na minha vida sempre tive pessoas do contra e sempre sofri esse tipo de perseguição. Naquela data, que todos estavam na rua, fui com o meu cavalo, que é adestrado. Com esse cavalo já participei de outras manifestações e diversos eventos no Estado inteiro. Todo mundo me conhece aqui na cidade de Ariquemes até porque moro aqui há 41 anos. Naquele dia, ao chegar à manifestação, fui parado por um cidadão que começou a me xingar escandalosamente. Ele começou a me chamar de ladrão e cara de pau. E eu parei o cavalo e fiquei olhando para o cidadão. Então, perguntei: “Rapaz, o que é isso?”. E ele continuou a me xingar desenfreadamente. Eu saí com o cavalo, parei logo mais a frente e, de cima do cavalo, contei o Hino Nacional com as outras pessoas. E ali seguiu  a carreata. Daqui a pouco, mais a frente, percebo alguns policiais andando em minha direção. Eu não me importei até porque estava montado no animal e sem fazer nada contra ninguém. Ao chegarem perto de mim, os policiais passaram a gritar: “Desce do cavalo!”. Eu virei para um deles e disse a ele que estava montando no cavalo, cavalo de minha propriedade, adestrado e manso. E disse a ele que, caso quisesse conversar comigo, eu o acompanharia até o quartel para dar qualquer satisfação. Enquanto conversava com ele vieram outros com armas apontando para mim. E eu disse: “Fulano, se você quiser atirar, pode atirar”. Enquanto eu conversava com o pessoal, uns três policias vieram pela minha retaguarda e me arrastaram. Acabei caindo do cavalo porque não esperava que houvesse aquela agressão.

RD – E como foi a seguir?

EA – Ao me jogarem no chão, não reagi e alguém me deu uma ‘gravata’ no pescoço. Outros dois montaram em cima de mim. Naquela hora eu já estava perdendo o fôlego e batia no chão. Mesmo assim, o dito cidadão que me xingou lá atrás já estava com o joelho em cima de mim. E eu sem poder nem reagir. Eles me algemaram, me levantaram e me levaram à delegacia. Aquilo foi um ato de arbitrariedade, de grosseria. Foi abuso de autoridade. E eu já tinha apresentado um projeto em Brasília como deputado federal contra abuso de autoridade. O projeto dizia que qualquer autoridade que cometer um ato arbitrário ou denunciar alguém por algo não verdadeiro deveria ser punida. Se ela [a autoridade] fez indevidamente aquele ato, deveria ser punida. Então o que eu fiz? Prestei denúncia à Justiça. Fiz um depoimento aqui a um oficial da Polícia Militar que, logo em seguida, deu um parecer diferenciado. Fiz uma reclamação ao Comando-Geral da Polícia, informando que aquilo não estava de acordo com o que foi dito no depoimento. Depois descobri que o cidadão que me xingou na manifestação e colocou o joelho sobre mim era oficial da PM. Segundo tenente da PM. Com toda aquela falta de educação, grosseria e toda aquela incapacidade de gerenciar a farda...

RD – Quais foram as consequências entre as autoridades?

EA – Mandei um documento ao comandante-geral para que revisse aquele parecer, pois estava tendencioso. O mesmo oficial me convidou a depor no quartel da Polícia e eu disse que não iria mais porque lá seria ao modo deles, unilateralmente. Há poucos dias fui ao comando local e o próprio coronel me informou que o documento está na mão dele sem data para prosseguimento. Isso quer dizer que, do jeito que tem policiamento honesto, trabalhador, competente como é a Polícia Militar de Rondônia, ainda tem pessoas infiltradas na polícia que não são verdadeiros policiais. As autoridades precisam respeitar os cidadãos. Se eu não estava cometendo nenhum ato ilícito ali jamais poderiam usar da grosseria que usaram. Me machucaram jogando no chão, me algemaram como se eu fosse um bandido e sem necessidade nenhuma. E aqui em Ariquemes todo mundo conhece o meu trabalho. Tratando-se de um oficial da Polícia Militar, o dito cidadão só pode ter vindo para cima de mim por interesse de algum grupo ou mesmo em no intuito de me desmoralizar. Ando de cabeça erguida. Ficou mal para quem? Para a Polícia Militar, a qual tenho pavor hoje em dia. Que me desculpem os bons policiais, mas tenho pavor, tenho medo de polícia. E a polícia, aprendi quando militar, tem de respeitar o povo acima de tudo.

Segurança Pública em Rondônia

RD –  Em 2014 o senhor concedeu entrevista dizendo que a criminalidade em Rondônia estava aumentando porque o governador Confúcio Moura estaria utilizando a polícia para perseguir adversários. Na mesma ocasião, disse que o peemedebista abandonou Ariquemes. Passados mais de três anos dessas declarações, o senhor mantém esses posicionamentos? Teria como comprová-los?

EA – O Estado de Rondônia está deixando a desejar. Temos um governador médico, mas a pior saúde do Brasil é a daqui, especialmente em Ariquemes. Temos um governador que foi sargento da Polícia Militar em Goiás, mas trata a Polícia Militar como se fosse o chiqueiro dele. Ele põe lá qualquer um, não respeita a hierarquia da Polícia Militar, não promove os comandantes que deveriam ser promovidos. E por isso eu sou contra essas nomeações politiqueiras, que não existirão caso eu seja governador. A PM de Rondônia é extremamente competente. Na corporação, há aqueles que não devem e não merecem vestir a farda. A Polícia Civil no Estado de Rondônia, esta não, esta está sucateada, abandonada e desvalorizada. Sem o efetivo necessário. Está sem equipamento e sem combustível. E isso não é fazer Segurança Pública. Por isso o Estado de Rondônia está nas mãos dos criminosos. A criminalidade aumenta.

RD – O cidadão tem de temer este período de violência?

EA – O cidadão é que está preso em casa. Hoje, tenho medo de sair na rua pra sentar num bar, num banco de rua ou mesmo passear. Porque não há mais segurança. O governo desestabilizou o organograma da Administração Pública: fechou e uniu secretarias e não tem o mínimo respeito pelos melhores técnicos que o Estado dispõe. Ganham os cargos pessoas submissas ao interesse do próprio governador. A corrupção corre aí generalizada. Pena que o Tribunal de Contas não acordou para assumir o papel dele. Um exemplo é o Espaço Alternativo lá em Porto Velho. Gastaram milhões naquilo ali. Aquilo é motivo para o governador estar na cadeia! Diretor de órgãos do governo, empreiteiros e por aí. E não é só aquela obra não. Se você andar aqui por alguns lugares perceberá que o governo pegou e sumiu com o dinheiro do teatro; na BR-364 sumiram R$ 18 milhões e nada foi feito e ele recebeu dinheiro por ter vendido área a um shopping center e também deu cabo  dele. E o pior é que o governador tem uma sorte violenta! Não sei qual é o santo dele. Ninguém o pune, ninguém apura nada. O Tribunal de Contas nem quer ver o que ele está fazendo de errado dentro do Estado. Ele tem uma hegemonia violenta em termos de “deixa isso pra lá”. Eu, como deputado federal, botei R$ 16 milhões e pouco aqui para construir o Hospital Regional aqui em Ariquemes. Se você tiver a oportunidade de passar por ali perceberá uns buracos ali.

Tribunal de Contas: a gaiola de ouro

RD – E onde foi aplicado esse dinheiro?

EA – Não sei o que houve. Ninguém construiu o hospital. Não sei onde andam os quase R$ 17 milhões. Não sei ainda qual o interesse espúrio por detrás disso. E o povo de Ariquemes e região, são nove ou dez municípios, está à míngua. As mulheres grávidas têm de sair daqui para ter suas crianças em Porto Velho. Porque aqui não tem uma sala de parto, não tem médicos. E ele diz que Rondônia vai bem. Vai bem como? Administrada à base da corrupção, da incompetência. O Tribunal de Contas deixa a desejar. O Tribunal de Contas, já dizia Jerônimo Santana, é uma gaiola de ouro.

RD – E isso quer dizer o quê?

EA – Que lá só tem os milionários! Os conselheiros não se preocupam com as administrações estaduais. Só vão em cima de um vereadorzinho, de um prefeitinho, de uma obrinha qualquer. Mas as grandes obras no Estado de Rondônia estão à toa, sem conclusão. E o Tribunal de Contas não cumpre com seu papel. O governador sempre teve sorte. Na eleição passada e em outras ele recebeu milhões da JBS pra fazer campanha. E ainda, o governador que aí está, saiu ‘catando’ um boizinho na fazenda de um, um bezerro na fazenda de outro pra fazer dinheiro de campanha. E ele foi na JBS e pegou milhões pra fazer campanha. Aí você vê: todos os frigoríficos da JBS em Ariquemes estão fechados. E cadê o governador? Tem moral pra mandar abrir os frigoríficos? Não tem! Porque ele tem o rabo preso com a JBS e a Friboi. E o que acontece? As pessoas que trabalhavam nos frigorífico estão desempregadas. Por quê? Porque não tem governador, não tem seriedade na política. Há poucos dias, um deputado estadual daqui encabeçou uma CPI junto a outros deputados de Rondônia para apurar o 'Cartel da Carne' no País, especialmente em Ariquemes. Sabe no que deu?

RD – No quê?

EA – Pizza! Não deu em nada. Não resolveu nada. Não fizeram nada. E essa Assembleia Legislativa que há aí faz vergonha. Há pouco tempo o possível pré-candidato do Ministério Público, o ex-procurador-geral de Justiça Héverton Aguiar, denunciou um bocado de deputados cheios dos esquemas. Esse próprio ex-procurador, que deveria ter pedido da prisão do governador e não o fez na época, deveria ter pedido a prisão dos delatados e não tomou providências. Hoje ele se apresenta como pré-candidato ao governo. E eu quero ser candidato até porque há centenas de denúncias infundadas contra mim, feitas à base do achismo. Queria que fosse à mesa de debate discussões sobre meu comportamento e o comportamento de outros políticos que tem aí e querem disputar. E outros políticos que prestaram ou deixaram de prestar serviços ao Estado. Eu sim prestei serviços, sempre fui oposição.

Operação Abate

RD – Na Wikipédia, que é uma espécie de enciclopédia pública e virtual sobre personalidades e fatos, na página do senhor é dito que “Segundo a imprensa do Estado de Rondônia, seu nome está envolvido na "Operação Abate" da Polícia Federal”. A Operação Abate ocorreu em 2009 e tinha a finalidade de investigar a prática de diversos crimes cometidos para favorecer frigoríficos, laticínios e curtumes fiscalizados pela Superintendência Federal da Agricultura (SFA) em Rondônia. Por que o nome do senhor foi relacionado à operação? 

EA – A Operação Abate foi um trabalho feito na época em que eu era deputado federal onde combatia a Friboi, a JBS e o BNDES por conta daquela distribuição de dinheiro gratuito e de projetos feitos nas coxas sem garantia real, sem nenhum aparato legal. Milhões foram colocados nas mãos desses grupos. E esses grupos tinham a indicação de ministro da Agricultura e diretores que comandavam a questão das agências do setor nos Estados. Como eu fiz as denúncias aqui em Ariquemes contra fiscais colocados pelo Ministério da Agricultura para verificar frigoríficos particulares, e esses fiscais eram da Friboi e da JBS, tentaram me envolver como se eu estivesse agindo em causa própria e em interesse das empresas. Como parlamentar, eu estava defendendo o empresário, o interesse do produtor, do pecuarista. E como eles detinham todo o poder na época colocaram um ex-deputado para agir contra mim querendo me envolver naquele ato.

RD – E você saiu prejudicado?

EA – Eu respondi processo na Polícia Federal que ainda está correndo. É pena que hoje não seja deputado federal porque pediria a convocação também desse delegado e dessas autoridades ao Plenário da Câmara para poder debater esse assunto. Porque eles queriam que eu sucumbisse para que não desse continuidade aos trabalhos a fim de apurar as irregularidades cometidas pelo ‘Cartel do Boi’ no País. Hoje o povo brasileiro está vendendo carne mais barata. A carne está ficando sem mercado até por conta desse escândalo que é o BNDES, o maior ‘lava jato’ do Brasil. E também o escândalo da Friboi e da JBS. A exemplo do que digo, ressalto a vinda deles ao Município de Ariquemes para fechar quatro plantas frigoríficas, deixando milhares de pessoas desempregadas. Os bois daqui da grande Ariquemes são mandados para Vilhena, para Rolim de Moura e até mesmo ao Mato Grosso abastecendo os frigoríficos dessa gente. Eu mandei toda a minha documentação para o juiz Sérgio Moro. Ele tem em mãos todo esse trabalho detalhado realizado por mim. E esse trabalho não foi mais a frente porque à época, o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB), era presidente da Câmara Federal. Quando eu criei uma comissão de deputados para vir à Rondônia, o presidente Temer a segurou, deixando de fornecer passagens e condições aos parlamentares.

RD – O Temer impediu a vinda desses congressistas de propósito?

EA – Não sei. Sei que os deputados foram impossibilitados de observarem ‘in loco’ o que estava acontecendo. E hoje, não só eu, como toda minha família, somos prejudicados por essa gente por causa do trabalho que fiz contra esse povo. Aliás, tenho tudo isso escrito, está nos anais do Congresso Nacional. Dá até pra escrever um livro! Eu convoquei o ministro da Agricultura, os diretores do ministério para que depusessem na Câmara dos Deputados. Lá, fora arguido não só por mim, mas por todos os deputados, e isso está gravado! E posso fornecer tanto à Polícia Federal, no dia que ela quiser ouvir e ver a verdade, como também oferecer a qualquer órgão de imprensa para que tome conhecimento acerca da malandragem que existe dentro do BNDES e do ‘Cartel do Boi’. A prova disso é que entrei com a denúncia no Tribunal de Contas da União. E o atual ministro do Tribunal de Contas da União foi o relator da minha denúncia. Ele disse que havia  verdade em tudo o que apresentei. Só não poderia investigar mais afundo o BNDES porque havia o sigilo bancário. Ninguém podia ter acesso.

RD – E agora?

EA – Mas agora acabou o sigilo fiscal, porque um procurador do Mato Grosso entrou com o pedido de quebra dentro do BNDES ou em qualquer banco e acabou com os segredos. Aproveitei todo meu material e mandei para o juiz Sérgio Moro. Tenho certeza que ele já está usando o material que enviei e, em breve, o povo brasileiro verá tudo que denunciei. Entre outros processos e inquéritos aos quis respondo, há um deles onde tentam me envolver em coisa de curtume do Mato Grosso, cartel de carne e não tem nada a ver com isso. Alongando mais um pouco, vai fazer 14 anos que fui preso aqui por denúncias de que eu teria desviado R$ 18 milhões da prefeitura. Não desviei um centavo, já fui absolvido agora pela Justiça Federal depois de 13 anos. Não peguei um centavo de ninguém. Hoje sou suplente de deputado federal. Estou só esperando o ministro Gilmar Mendes julgar um deputado, na última instância e sem direito a recorrer a mais nada. Basta só assinar a cassação, a punição desse deputado para que eu assuma a vaga no Congresso Nacional.



Acusações de desvios, envolvimento com tráfico de drogas e a prisão: a Operação Mamoré 

RD –
 Falando nisso, em 2004 o senhor foi notícia nacional quando o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem acerca de sua prisão pela Polícia Federal quando da deflagração Operação Mamoré. De acordo com a publicação, o senhor era acusado de comandar esquema de corrupção que desviou R$ 18 milhões da Prefeitura de Ariquemes, além de ter envolvimento com o tráfico de drogas. De que maneira a operação e a prisão afetaram sua vida pessoal e política e como conseguiu reerguer-se na vida pública após esse baque? 

EA – Já entrei na Justiça contra a enciclopédia britânica, fui indenizado e recebi o dinheiro dela por causa dessa acusação. Entrei contra o Jornal do Brasil e ganhei a ação. Entrei contra o jornal Correio Braziliense e também ganhei a ação. Só que quando fazem as denúncias você, no momento, não tem como dizer não, entendeu? Então houve essa denúncia, mas ninguém publicou que eu entrei na Justiça e fui ressarcido não como deveria ser, mas ganhei a ação e o ressarcimento pela calúnia que levantaram contra minha pessoa. Nunca tive contato com narcotráfico. Detesto drogas. Sou inimigo de quem mexe com drogas, entendeu? E não tenho  rabo preso em lugar nenhum a respeito disso. Quando as pessoas se sobressaem e estão no auge, crescendo, aparecem essas notícias sem fundamento nenhum. Em lugar nenhum tem algum registro de que eu estive envolvido nisso. Nem a Polícia Federal, nem Civil, nem qualquer cidadão. Qualquer um que insistir nisso vai responder processo. E eu irei receber as indenizações devidas, como já ocorreu diversas vezes.

RD – O senhor tem algum ressentimento em relação à imprensa?

EA – A imprensa, de modo geral, quando ocorrem os fatos eles são pulicados. Mas quando você é absolvido ninguém promove a notícia. Fui absolvido agora pela Justiça Federal daquela denúncia, daquela prisão em 2004. Ninguém publicou nada, nem uma linha. Respondo a mais de cento e tantos inquéritos. Inquéritos, denúncias de ouvi dizer, não fui condenado em nenhuma. Fui absolvido em 90% delas. Porque quando você desperta o crescimento, o avanço na sociedade, alguém quer te derrubar. Você não acha alguém pra lhe levantar. Você só encontra gente querendo derrubar. No dia que você compra uma camiseta nova ou mesmo um carro, o invejoso olha e passa a dizer que é traficante ou mandou matar alguém pra ganhar dinheiro. Então essa é que é a conversa que tem na sociedade de hoje. Ninguém tem responsabilidade. Por isso que quando fui deputado federal me deu na cabeça apresentar um projeto pra punir as pessoas que falam, que denunciam e não tem provas. O que eu fiz de projeto aproveitaram, melhoraram e hoje estão prestes a provar a lei contra o abuso de autoridade. Você acusar uma pessoa sem provas é abuso e isso tem de ter um fim, terminar. A sociedade não pode viver desse conceito. Fui sempre oposição, já denunciei inúmeras pessoas, a despeito disso, houve uma época que demiti toda a diretoria de Ceron. Teve uma época aqui, do escândalo do frango, que eu denunciei e todo mundo foi processado, punido e preso.

RD – E o senhor pretende apresentar novas denúncias?

EA – Há outras denúncias que fiz e tenho feito e até hoje pessoas são punidas por isso. Mas fiz como? Com provas! Eu denunciei as obras que o Confúcio deixou de fazer aqui e, lamentavelmente, ele é 'blindado'. Fiz denúncia do Centro Político Administrativo, que deveria ter sido contruído na época do Angelim. Foi feito um rolo e já estavam dando dinheiro na saída do governador. Eu consegui uma liminar com o antigo desembargador Fleury em Porto Velho. Ele me deu a liminar na porta de um banco em cima do teto de um carro. E eu impedi que uma grande empresa corrompesse o Estado de Rondônia. O próprio caso do Espaço Alternativo, já bati demais naquilo. Você viu o movimento da Polícia Federal e do Tribunal de Contas para apurar aquilo ali? A Polícia levou, prendeu o Mosquini; levou o governador debaixo de vara pra depor e pararam por aí. Ninguém apurou mais nada. E está aquela obra lá cercada de pau e apodrecendo. E o dinheiro daquilo ali? E o Tribunal de Contas? E o Ministério Público de Contas? Por que não fizeram nada?

RD – Por que esse ranço em relação ao Tribunal de Contas?

EA – Você vai ao Tribunal de Contas hoje e vê um santuário. Ali é uma burguesia concentrada. Só julgam os casos que interessam. No Tribunal de Contas as pessoas deveriam ser julgadas pelo procedimento de entrada da denúncia. Para não ficar os apadrinhados para escanteio e os menos favorecidos na porrada. Estou decepcionado com o sistema brasileiro. Quando digo sistema é todo o sistema que envolve Judiciário, Ministério Público, Polícia... Me sinto fora do ninho. Porque sou vítima dessa gente toda. Imagine um cidadão como eu, que vim da roça, saí da enxada pra ser empregado doméstico e consegui furar todas essas barreiras, sendo militar, técnico em administração de empresas, frequentando universidade, enfim, exercendo todos os cargos possíveis na política. Senador da República é um cargo de uma magnitude que eu não consigo conceber até hoje. Fui 4º secretário na Mesa Diretora do Senado. Quantas vezes eu comandei o Senado, assinei documento para ou junto com o presidente da República. Fui relator das contas do presidente Fernando Henrique Cardoso. Relator do ano de trabalho do ex-presidente. Representei o Brasil com um senador do Maranhão na ONU. Representei Ariquemes, com outros prefeitos em Oslo, na Noruega. Entendeu? Me sinto realizado. Por isso, depois de ter assumido todos esses cargos e gozar de minha liberdade atualmente me resta disputar o cargo de governador do Estado para dignificar minha carreira política. Para participar desse debate no Estado e no Brasil, com o povo de Rondônia e expondo uma nova mentalidade de como resolver nossos problemas.

Censura a livros didáticos e opinião sobre gestão Thiago Flores

RD – Qual sua opinião sobre a censura imposta pelo prefeito de Ariquemes aos livros didáticos distribuídos pelo MEC e como avalia o início de gestão do peeemedebista Thiago Flores? 

EA – Fiz uma campanha a vereador sem apoiar nenhum candidato à Prefeitura de Ariquemes. Fiz campanha independente para que fosse um vereador independente, para ter o direito de reclamar, fiscalizar e de orientar principalmente meus colegas vereadores para que nós possamos fazer um trabalho na Câmara que venha a repercutir no Estado. Quanto ao prefeito, até então, ninguém tem ainda uma análise completa porque não o vimos botar as mãos nas ruas para trabalhar. Eu estou vendo ele muito ‘amarrado’, emperrado e sem ter o comando para governar Ariquemes. O município está entregue a assessores que muitas vezes deixam a desejar. Nós, nessa administração, e sabemos o quanto tem de arrecadação, principalmente para fazer saúde, a entendemos como de péssima qualidade. Estamos com com aparelho sem funcionar por falta de energia na própria Secretaria de Saúde. Faltam ligações para que funcione o aparelho de ultrassonografia. Há um aparelho aí há três anos quebrado e sem conserto. Não temos aqui no Município de Ariquemes, que é uma regional de atendimento à população, uma sala de parto ou pelo menos uma UTI pequena para que as parturientes tenham suas crianças. O desleixo aqui é tão grande, e o prefeito não teve ainda a coragem de sair da zona de conforto para resolver os problemas da saúde. A gente chega até a ter dúvida sobre o sucesso da administração do prefeito. Agora mesmo estou me preparando para pedir intervenção na Secretaria de Saúde. Por quê? Porque a Saúde tem os recursos e deveria estar atendendo condignamente as pessoas e já se passaram praticamente quatro meses e nem medicamento foi comprado! Não tiveram tempo ainda de fazer licitação para os medicamentos. O porquê eu não sei. Não sei por que estão economizando nisso e deixando a população morrer à míngua. Então foram várias pessoas que morreram aqui no hospital por falta de atendimento médico. Por falta de médico, de condições de as pessoas terem as crianças e até mesmo assistência e isso eu não irei permitir.

RD – E sobre a censura aos livros, o que pensa a respeito?

EA – Quanto a questão do livro, de poder ou não distribuir, acho a maior caretice essa situação. Até porque hoje o Senado aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E uma criança de oito anos está aprendendo com um professor que é formado e aprendeu matérias como Psicologia, Filosofia e tantas outras. O profissional sabe lidar com isso. Qualquer criança hoje de oito anos sabe muito mais do que um velho como eu de setenta, correto? Porque ela anda com a cabeça em cima do Facebook. Você vê crianças aí dando aulas na televisão, cantando, fazendo o que um idoso não faz e talvez nunca tenha feito. Então eu vejo que aquilo é pura ignorância. É querer aparecer na mídia ou alguém se fazendo de religioso. A meu ver o aluno não deveria ter ficado sem os livros de escola. Se quisesse fazer isso, tivesse discutido o assunto antes do começo das aulas. Agora, quem aprovou o currículo estudantil, a carga a ser imposta aos alunos, foi um conselho de educação, foram pessoas de alto nível na área. Essas pessoas criaram esses livros. Quem somos nós aqui de Ariquemes para contraditar os estudiosos do Ministério da Educação e de todo ensino do Brasil? Não temos nada que nos contrapor. A única coisa que poderia se chegar amigavelmente a uma acordo seria conversar com os professores para que, quando chegasse a essas partes mais polêmicas, no momento de explicar a situação, o tema não fosse muito aprofundado.

RD – E como seria ministrado esse conteúdo?

EA –  [Que o professor] Passasse rapidamente aquele texto para não despertar curiosidade maior. Mas você vai à rua e vê uma galinha e o galo cruzando; o cachorro cruzando com a cachorra e a vaca sendo cruzada pelo boi.  Estou torcendo que o prefeito da cidade faça uma boa administração. Estou torcendo para que essas pessoas entrem na era moderna e reconheçam essas situações, cada qual com sua maneira de pensar. É preciso que seus filhos sejam preparados para lidar com esse novo contexto social, fomentando o respeito. As escolas não podem se eximir de orientar o que é a vida. Até porque você vê, por exemplo, as guerras na Síria. Quantas crianças estão ficando abandonadas? E se elas não tiveram a oportunidade de se educar, irão se tornar o quê? Bichos? Agora, você quer pegar uma criança e criar ela xucra? Não vai chegar a lugar algum! Será muito mais fácil elas, sem conhecer, serem ludibriadas, enganadas e levadas por malfeitores do que aquela criança que é esperta e sabe das coisas.

Amorim: da porrada ao diálogo

RD – Vereador, o senhor já deu porrada em jornalista por críticas feitas numa rádio e também já bateu até mesmo em um ex-prefeito de Jaru, situação que lhe rendeu votos no município. Por que o senhor chegou às vias de fato nesses episódios? 

EA – Olha, o ser humano é produto do meio. Quando jovem cheguei aqui em Rondônia e sempre fui retraído, quieto. Ao chegar aqui, quando em Ariquemes, na formação da cidade, oitenta ou noventa por cento da população tinha curso superior. Muito mais do que Porto Velho. A elite olhava para mim e achava que eu era capaz. Aí eu tive barreiras a superar. Todo lugar em que eu batia na porta havia barreiras. Como eu era jovem, destemido, saído de uma caserna, do quartel, a gente não costuma medir as condutas. Eu não era irresponsável, não era. Mas diante das coisas que vinham me denegrir, me interromper, me atrapalhar, havia horas que tinha de ‘partir pra cima’. No caso de Jaru, houve um comício em que lotou uma Praça. Você precisava ver pra crer... E eu era deputado estadual na época. De cima do palanque você via gente pra tudo quanto é lugar, impressionante! E naquela época eu tinha dois seguranças que andavam comigo. Eu subi no palanque, cheio de autoridades como o próprio governador Jerônimo Santana, Olavo Pires, deputados, enfim. Isso foi em 1980 e poucos. E havia o prefeito de Jaru, que hoje é meu amigo, o Baratela. Ele não queria que eu falasse de jeito nenhum. E percorria o palanque de lá pra cá fazendo alarde e tentando impedir que eu falasse. Pensei: “Esse cara vai me lascar aqui”.

RD – E aí, o que houve?

EA – Então eu peguei no microfone e ele resolveu partir pra cima de mim. Aí eu dei-lhe uma porrada nele e o estardalhaço começou. Os meus seguranças sumiram [risos] e só vi os bate-pau do prefeito partindo pra cima e gritando “Eu vou te matar, eu vou te matar”. Aí eu olhei para aquela multidão, como quem contempla a ponta do penhasco e pensei: “Olha, aqui não dá pra sair”. Tive de ir pra frente e, quando desci, o povo me pegou nos braços e começou a me carregar. Pensei que estava salvo quando, de repente, eles começam a me carregar de volta ao palanque [ri mais ainda]. Eu pensei: “P... merda, tô fo....!”. E aí eu tive uma votação boa em Jaru por causa desse episódio. Depois virei amigo do cara e não há mais problema algum. Política é igual futebol: no campo você briga e até chuta perna, mas fora de campo fica tudo certo e todo mundo é colega.

RD – E o radialista, por que apanhou?

EA – No caso do jornalista, havia um sujeito que trabalhava numa rádio aqui e todo dia me metia o cacete. E eu era prefeito aqui da cidade. E o cara não falava outra coisa, me esculhambava direto. Mas esculhambar, você pode falar mal do cidadão. Se ele fez coisa errada, eu, por exemplo, vou lá ainda pedir desculpas. Mas na realidade o cara queria fazer aquilo para me extorquir, me desmoralizar. E eu estava almoçando em casa e o cara “pá, pá, pá, pá”. E eu  pensei: “P... merda, espera aí”. Deixei o prato em casa e fui pra rádio. Quando entrei lá havia umas três professoras, passei por elas e já entrei: “Escuta aqui, seu filho da p...”. E aí dei uns tapas pra lá e pra cá no cara, naquela coisa toda, as professoras me olhando assustadas e aí eu fui embora. Mas nunca mais o cidadão falou mal de mim. Hoje sou amigo dele, me dou bem com ele, mas são coisas da vida. Não guardo mágoa de ninguém, não gosto de criar inimigos. Os meus inimigos procuro tratar da melhor maneira possível. É preferível tratar mal um amigo meu do que o inimigo.

RD – Por quê?

EA – Eu gosto de tratar bem principalmente as pessoas que não gostam de mim. Eu fico chateado quando a pessoa não gosta de mim e às vezes vira o rosto para não me olhar. Dá vontade de falar: “Olha, não faça isso. Eu sou gente”. Agora, procuro me achegar a pessoas que são contra mim até para que me conheçam por dentro, porque por fora você tem uma imagem distorcida do cidadão Amorim. Só as pessoas que me conhecem no dia a dia, porque veem as minhas intenções, é que procuram entender depois o que eu sou. E a idade também faz com que você 'cozinhe' seu comportamento. Você se adapta, perdoa seus adversários. O que mais tenho raiva é perceber pessoas denunciando outras sem fundamento. Por isso que eu jamais vou denunciar alguém sem provas nas mãos. Eu posso chegar numa rádio, conceder entrevista e descer o cacete no cara. Ele pode ficar tranquilo, porque se vier a mim tenho os fundamentos todos em mãos para comprovar o que estou dizendo.

RD – Na volta do Estado da pislotagem, com político sendo executados em plena luz do dia, o senhor teme pela sua vida?

EA – Na verdade, ninguém pode ter medo de nada. A gente tem de ter cautela, saber onde está e com quem anda. Acho que as pessoas estão suscetíveis a ter o desprazer de perder uma vida. Mesmo até em igrejas, em cultos ou na sua própria residência. Os criminosos não têm critérios. Hoje sou muito menos exposto publicamente do que antigamente. Tenho muita cautela, muito amor à minha vida. Vou fazer 71 anos de idade e quero, se Deus quiser, passar do centenário. E para isso preciso ter alguns cuidados. Amanhã, sendo candidato ao governo, não vou levar pistoleiros ao meu lado. Levarei companheiros que possam vigiar os locais por onde andarei e quem está conversando ou convivendo comigo, para evitar situações dessa natureza. Sou a favor do projeto de armamento da população. Cidadão de bem tem de andar armado. Tem de ter em casa o armamento. Esses dias fui processado porque estava com uma cápsula, um carregador de rifle dentro de uma bolsa minha, e um assessor meu que tem porte de arma havia colocado. Por isso acabei sendo processado: um carregador de rifle dentro de uma bolsa.

RD – O senhor se sentiu injustiçado?

EA – Eu acho isso um absurdo. Tem gente que anda com metralhadora, fuzil e até armamento pra derrubar avião. Esse sujeito recebe a mesma punição que uma pessoa com uma cápsula deflagrada. Quer dizer, são erros que há na lei que têm de ser corrigidos por parlamentares. Ser processado? Vejo isso como uma coisa comum. Porque é um direito de qualquer um. O que acho errado é processar alguém ilegalmente, sem base, e não haver punição. O promotor fala que você é isso, aquilo e aquele outro, te chama de bandido, fala tudo quanto é coisa. E aí você prova – e nem é obrigação  sua provar – que não estava errado. Como fica a reputação? Sem contar o gasto de dinheiro, tempo. O autor da denúncia nunca é punido, mesmo as denúncias mais irresponsáveis. Sou contra isso. Amanhã se for deputado federal vou melhorar essa questão do abuso.



Reformas propostas pelo governo federal

RD –
Se o senhor fosse deputado federal votaria a favor das reformas Trabalhista e da Previdência?

EA – Votaria a favor da Reforma Trabalhista porque não está tirando o emprego de ninguém e concede a oportunidade ao empresário de multiplicar a quantidade de funcionários. Dá mais liberdade para que o funcionário trabalhe a hora e o quanto ele quiser trabalhar, como é nos Estados Unidos, onde se recebe por hora e o patrão coloca quem quiser pra trabalhar. Não há aquela submissão de um para o outro. E eu votaria a favor da Reforma da Previdência se o presidente me mostrasse a contabilidade do que é arrecadado e o que é gasto com os aposentados. Porque hoje existe um engodo aí nessa arrecadação preividenciária. O governo atual, que se diz democrático, no caso o PT e PMDB, criou várias bolsas e as colocaram gratuitamente à disposição às vezes de quem nem merece, retirando dinheiro da aposentadoria. Isso para pagar assistência social. O dinheiro que arrecada para pagar ao trabalhador e manter a Previdência Social é, segundo estudiosos, o suficiente pra manter a folha previdenciária ou a previdência de pé. Mas com essa misturada de interesses políticos deixa a Previdência em decadência. Eu não votaria desse jeito. Votaria depois que estivesse claramente à disposição de todos os deputados um balanço dos gastos.

Anistia a envolvidos no 'Mensalão'

RD – O senhor também ocupou os noticiários nacionais ao apresentar o Projeto de Lei 2589/07, cuja finalidade era anistiar deputados cassados por quebra de decoro parlamentar entre 2003 e 2006 em virtude de suposto ajuste para manter ou obter apoio político ao governo federal. Resumidamente, parlamentares “envolvidos na suposta trama conhecida como ‘Mensalão’”. Qual foi a finalidade do senhor em apresentar o projeto e que fim ele levou?

EA – Apresentei o projeto porque houve o Mensalão e não deu em nada. Teve o Mensalão e não investigaram todos os envolvidos. E isso tá acontecendo na Lava Jato, correto? Não querem passar a vassoura, usar o mesmo método, o mesmo grau de punição a todos. Querem fazer uma meia-sola. E naquela época pegaram um ou dois pra punir e deixaram o restante sem punição. Como é que o Banco Central pagava caminhonetes de dinheiro, avião cheio de dinheiro, milhões naquela época com todos os envolvidos, correu aquele dinheiro todo e eu nem imaginava que houvesse todas essas falcatruas reveladas pela Lava Jato. Eu achava que R$ 100 milhões naquela época, que foram desviados pelo PT, fosse algo imensurável. Mas correu todo aquele dinheiro, não puniram todo mundo que tinha de punir. E só queriam punir um ou dois? Então é melhor anistiar logo do que punir um e outros não. Correto? O próprio Roberto Jefferson denunciou e acabou punido.

RD – Mas não é natural que alguém envolvido em crimes seja punido?

EA – Eu achei errado isso. No mínimo ele [Roberto Jefferson] prestou um serviço, não deveria ter sido punido porque teve a coragem de denunciar. Não houve critérios naquela época então achei melhor anistiar todo mundo. Não mandaram prender gerente de banco, presidente do Banco Central, ministro da Economia, chefe da Casa Civil, enfim, os grandes que se locupletaram com aquele dinheiro. Porque se o dinheiro saiu do banco foi porque alguém pegou. A Polícia Federal sabe, o Banco Central sabe. Então apresentei o projeto para que todo mundo fosse anistiado. Agora chegou a hora de punir todo mundo de novo. Aí pegaram o José Dirceu, por exemplo, e colocaram lá como bode expiatório, porque os outros fizeram muito pior. Não estão fazendo as coisas como devem ser feitas. Hoje temos o escândalo da Friboi, JBS e BNDES, que é muito maior do que a Lava Jato, e ninguém está cuidando disso. Ninguém quer passar o Brasil a limpo. Se pegar Rondônia, a coisa complica. Naquela época da Dominó, quando o Cassol entregou os deputados, há o outro lado da história. A Polícia Federal tem as escutas do Cassol em mãos. A Polícia Federal não torna públicas as escutas do ex-governador Ivo Cassol. Por que não colocam? Colocaram só os dos deputados. Aí ele vive dizendo por aí que moralizou a política e tudo mais. 

Informações graves contra Ivo Cassol

RD – O que o senhor sabe sobre Ivo Cassol que a população não sabe?

EA – Tenho informes de que a Polícia Federal tem todas as gravações do Cassol fazendo todos os ‘rolos’ e não trouxeram isso a público. Tenho informes de que aqueles deputados que estão soltos aí e não foram punidos naquela Operação Dominó. Ninguém apurou mais nada. Soube que alguns procuradores do Estado, envolvendo um ‘rolo’ de um dinheiro aí. Então, poxa, o que a gente pode esperar desse povo todo? Cassol disse que foi ele que moralizou o troço. Por que a Polícia Federal não abre o jogo? Gostaria de saber. 

RD – O que quer dizer com informes? Suas fontes são fidedignas, 'quentes'? 

EA – Tenho informação de que a Polícia Federal tem em mãos conteúdo de áudio envolvendo o ex-governador Cassol. Cabe a ela expor a situação, trazê-la a público. Todo mundo foi gravado, inclusive o governador. E só saiu o que interessava a ele.

Honestidade

RD – O senhor pode bater no peito e dizer a todo mundo que é honesto?

EA – Eu sempre fiz isso. Sempre estou de cabeça erguida. Não tem santo hoje que esteja imune a denúncias. Mas tenho a consciência tranquila de nunca ter pegado nada dos outros. Nunca roubei nada de ninguém. Nunca usei caixa 2 pra fazer campanha, nunca comprei votos. Meu costume é trabalhar sempre em favor do desfavorecido. Eu quero que o pequeno seja grande. Sou oposição, do lado de fora do sistema. Ninguém pode dizer que fui corrupto. Eu não quero um centavo de salário de Câmara, nem diárias e nem passagens. Não quero nada. Como deputado, eu recebia o salário, porque existe um custo para sair daqui e ir à Brasília e voltar. Vivem a dizer que um deputado ganha cento e tantos mil reais. É um erro achar que os recursos de gabinete são do deputado. O parlamentar tem seu salário. Deputado ganha dinheiro quando é corrupto e se envolvendo em mutreta. Eu não sou assim.

RD – O senhor foi candidato à Câmara Municipal com o slogan "Amorim, o fiscal do povo". O que a população de Ariquemes pode esperar do senhor ainda enquanto vereador já que pretende concorrer a outro cargo eletivo já em 2018?

EA – Essa vinda minha à Câmara de Vereadores é porque acho um cargo de extrema importância. O vereador é o cidadão que atende as pessoas que estão em volta de você. O vereador é tido no Brasil como uma pessoa que anda pendurada no bolso do prefeito ou no bolso de alguma empresa que esteja pleiteando alguma coisa. Quero mostrar à sociedade que o vereador pode trabalhar e produzir se envolvendo em todos os patamares da política. Fazendo isso, atuo como fiscal do povo. Demonstro meu desapago a dinheiro, a salários. Faço com que os doentes que não são atendidos sejam correspondidos pelo poder público. Esse trabalho de vereador, feito com dedicação, faz seu nome pra começar uma carreira política que já tive. Comecei como deputado e hoje oriento os colegas de vereança a trabalhar de maneira diferente, sem apego a dinheiro. Ainda há resistência entre eles para seguir essa linha de pensamento. Ano que vem, há novas eleições e tenho minhas pretensões. Hoje sou suplente de deputado federal e posso assumir a qualquer momento. Depende só do ministro Gilmar Mendes dar uma canetada. Cedo a vaga de vereador a um colega de partido e vou à Brasília exercer mandato de deputado com muito mais chance de ajudar os munícipes de Ariquemes do que atuando como vereador. Como deputado federal atuo com recursos, auxilio com emendas.

Clã Amorim na História de Rondônia

RD – Rondônia é um Estado cheio de clãs na política. Há os Cassol, os Raupp, os Donadon, enfim, são muitos os sobrenomes reconhecidos por atividades políticas. A sua família também é ligada à política de uma maneira muito forte. Como o senhor acha que o clã Amorim será descrito no futuro nas páginas dos livros de História do Estado de Rondônia?

EA – Nós pioneiros da política de Rondônia já estamos fazendo história. Aqui no Vale do Jamari eu sou o primeiro senador eleito. Fui prefeito duas vezes e ainda tenho chance de fazer muito mais. Já tornei uma filha deputada; outra prefeita; outro prefeito e tenho certeza que, como disse há pouco, quem nasce pra ser político pode exercer a função e buscar um mandato que a própria aptidão o encaminha. Quem não nasceu político e vem tentar ser no grito, tem de pagar caro, comprar voto. E os que compram voto não tem obrigação com o eleitor. Assim dizia o deputado Múcio Athayde, "O Homem do Chapéu". Ele ganhou a eleição aqui morando no Rio de Janeiro. Perguntaram a ele: “E aí, não vai ajudar Rondônia?”. E ele: “Eu não devo obrigação, eu comprei meus votos”. Eu quero deixar meu nome na história. Aliás, você já vê a enciclopédia dizer que sou bandido. Mas se eu disse que fui absolvido? A história conta minha trajetória. Isso tudo me deixará lisonjeado, mesmo na outra esfera de existência.



A rivalidade entre Amorim e Confúcio

RD –
E a história do ‘Vermelho/Amarelo’, que tem a ver com a rivalidade entre o senhor e o governador Confúcio Moura, o que há pra dizer sobre ela?

EA – Isso tem a ver comigo e com o governador Confúcio Moura. Quando cheguei aqui o primeiro partido a me filiar na vida foi o MDB. Entrei no MDB com o Confúcio, que começou a organizar o partido aqui em Ariquemes. E eu queria ser candidato a prefeito, entendeu? Nessa época o Confúcio era secretário de Saúde. Então eu passei a andar vestido de camisa vermelha, não só porque vim da Bahia e lá era torcedor do Vitória. Eu ainda sou torcedor do Vitória, rubro-negro e gosto do vermelho. Vermelho para mim é alegria, amor, saúde e vitória (no sentido de vencer). E comecei a vestir a camisa vermelha e o Confúcio, com inveja, começou a se vestir com a camisa amarela. Tivemos o primeiro embate dentro do MDB na escolha do candidato a prefeito. Eu tinha preparado os convencionais, fiz filiação de gente cujo o total dava o dobro dos filiados do Confúcio. E eu mandava ao partido todas as fichas de filiados. E o Confúcio lá catava as fichas e as escondia. No dia da eleição, chegavam lá os filiados, meus eleitores, e eram barrados porque os nomes não constavam na lista. “Ah, você não está aqui, lamento”, informaram.

RD – Então o senhor perdeu na convenção...

EA – No fim da história, o Confúcio ganhou a eleição na convenção pra ser candidato. E eu naquela hora, brincalhão como sempre,  cumprimentei o Confúcio e o chamei para que trocássemos as camisas, tipo quando acontece aos finais das partidas de futebol. Vesti a amarela dele. E ele vestiu a minha vermelha. Peguei o microfone e disse: “Olha, perdi a eleição aqui hoje. Perdi a eleição para o Dr. Confúcio. Mas eu serei candidato a prefeito, por qualquer partido. Serei candidato a prefeito e serei eleito”. Aí ele ficou fazendo a campanha dele, trouxe não sei quantos ônibus de Porto Velho, gente filiada de lá e lotada em tudo quanto é secretaria, pra votar. A conclusão é que fiquei de escolher um partido para entrar. Chegou a véspera da convenção e eu precisei viajar, não lembro pra onde. Viajei, entendeu? Aí deixei uma ficha de filiação da mão de alguém avisando: “Olha, se eu não chegar na data, eu te ligo e você vai lá e me filia. Eu vou dizer o partido”. Foi o que fiz. Chegando o momento, liguei para o sujeito e pedi a ele que entregasse a ficha  a um membro do PDT. Pedi para ser filiado no PDT. E ele me filiou. Quando cheguei, já estava no partido. E parti para a campanha. Aí tinha um cara do PT, que era o Professor Venâncio, um cara legal, pessoa honesta e tal; tinha o Edmundo, um economista do PFL; o Confúcio do MDB e eu.

RD – E a campanha?

EA – E eu era amigo desse povão 'pé inchado', da roça, de garimpeiros. E eu saia nas ruas e às vezes encontrava os caras e eles gritavam: “Pô, cara, eu vou votar é no 12!”. E aí pegou a moda e as pessoas passaram a reproduzir esse discurso. Aí um dia o Edmundo Lopes vinha para uma área rural no carro dele e encontrou uns três caras quase caindo e ofereceu carona a eles. “Bora, bora, sobe aí!”. Aí os que pegaram carona começaram a gritar dentro do carro: “Opa, mas nós vamos votar no 12!” [risos]. O Edmundo me contando essa história depois relatou ter ficado muito puto com isso. Falava: “Se eu pudesse teria jogado esses caras na rua”. Ganhei a eleição contra esse povo todo, chamei o Edmundo pra ser meu secretário de Planejamento, espetacular. Chamei o Venâncio, que era um cara do PT, mas sério, ótimo professor. Botei ele na Secretaria de Educação e chamei o Confúcio pra ser secretário de Saúde, mas ele não quis. Então chamei o irmão dele, Nobel Moura, para ocupar a pasta rejeitada pelo Confúcio.

RD – Como é que foi a gestão?

EA – Toquei a prefeitura independentemente de ter trazido secretários parentes e amigos. Nada disso! Fiz uma excelente administração. Depois o Nobel saiu porque vivia brigando com os médicos. Aí pensei: “Pera aí...”. Fui buscar Oscar Andrade, que era gerente da Fazenda Longa Vida. Um cara ajeitado, durão. Eu disse: “Olha, Oscar, eu quero você comigo lá em Ariquemes. A partir de hoje você vai ser secretário de Saúde”.  E ele: “Ah, mas eu não entendo dessas coisas”. Insisti: “Rapaz, você vai ser secretário de Saúde”. Falei que ele iria botar o povo pra trabalhar, ouvir os médicos e comandar. O Oscar além de ser durão era jeitoso. Foi um bom secretário e eu elegi outro prefeito. Ele continuou nessa missão. A Daniela [Amorim], se elegeu prefeita e ele também foi secretário dela. E todo mundo passou  a gostar desse cara. Por quê? Porque na Saúde quem tem de cuidar da parte médica é o médico. Da administração você pode botar um cara durão lá que ele toma conta e bota todo mundo pra trabalhar. Se o cara não quisesse trabalhar já visava: “Oscar, derruba esse cara de campo, manda embora ou joga pra outro lugar”. Isso é que falta na área da Saúde. Se você observar aquele cara que tá na Saúde do Estado, o [Williames] Pimentel, ele é um cara ‘sabão’, um cara que corrompe até ele mesmo.

RD – Por que o senhor pensa assim?

EA – Acho que ele bota o dinheiro no bolso pra não pegar com a mão. Porque ele é o Diabo, ele fez miséria aí com o Raupp e com a Marinha.  Colocar um cara daquele na Saúde é pra dar lucro ao governador, mas f... com o povo, cara! Lasca o povo. Não tem medicamento, não tem isso e não tem aquilo. Ele é um cara bom de conversa. Eu chego lá, falo dos problemas e ele manda resolver na hora. Eu acho ele um cara porreta. Mas em termos de administração, ele é muito desleixado, joga tudo pro alto e não tem responsabilidade. O mal da Saúde é porque ninguém leva a sério. O Tribunal de Contas não age como deveria agir, não fiscaliza. Os deputados estaduais de Rondônia não querem nem saber da administração do Estado. Eles querem é se locupletar e se dar bem. Um monte de deputado pegando dinheiro, sacolas de dinheiro. O Natanael Silva, que foi deputado, fez miséria, pegava cheques de R$ 500 a R$ 600 mil tirava da Assembleia e colocava na conta dele, rapaz. É um absurdo. Aquele Valter, o Valter Araújo, era auxiliar do atual pré-candidato ao governo Maurão de Carvalho (PMDB). Ele carregava pasta do Maurão. E se deixassem ele solto hoje seria governador de Rondônia. Ele já teria tirado o Confúcio do governo há muito tempo. A ideia dele era tirar o Confúcio e assumir. Era 'fera' aquele cara... Essas coisas existem na política e às vezes a gente não dá conta de mudar. Você vê a quantidade de candidatos ao governo que tem aí. Eu não vejo um que tenha pulso de colocar este Estado nos trilhos. Um cara que poderia, se tivesse outro jeito de governar, seria o Cassol.

RD – Por que o Cassol?

EA – Porque não erraria mais nos pontos em que errou e tem a imagem de um cara domado no Senado. Ele poderia vir com comportamento diferente pra ser governador do Estado. Agora, os outros que estão aí, não vejo nenhum deles que tenha capacidade. O atual presidente da Assembleia está pegando dinheiro público e dando ‘presente’ pra tudo quanto é lado. Está fazendo escada pra se eleger como governador com esses dinheirinhos que aparecem aí. E ele está certo de que o Confúcio indicará ele como candidato. E eu tenho certeza que o Confúcio irá puxar o tapete dele e ele falando sozinho, coitado.  Se eu estivesse no lugar dele já estaria fazendo campanha de deputado estadual porque ainda é um bom mandato.

Amorim caiu do cavalo?

RD – Vereador, quando o senhor foi retirado à força do movimento Vem Pra Rua lá em 2014 chegaram a comentar nas redes sociais dizendo: "Finalmente, caiu do cavalo!". O senhor acredita que tenha caído do cavalo?

EA – Jamais caí de um cavalo. E não poderia cair de um cavalo adestrado. A ignorância e o abuso de autoridade me fizeram cair do cavalo. Mas caí e levantei. Quando levantei, levantei muito mais forte. Não tenho mágoas com os policiais. Acho que foram mal adestrados, mal orientados. E hoje isso só fez com que eu me distanciasse da polícia, mas sempre fui e ainda sou amigo dos policiais. Respeito um guarda noturno assim como respeito um general de Exército.

RD – Se eu trouxesse a metáfora à política, o senhor pode dizer que não caiu do cavalo? Vai morrer na política?

EA – Vou morrer na política com meu cavalo ao lado. Não sou São Jorge, mas adoro aquela foto. Principalmente quanto ele está com aquele manto vermelho nas costas, parece até que sou eu.

RD – Muito obrigado, vereador.

EA – Eu que agradeço, à disposição sempre que a imprensa quiser. Abraços e bom retorno a Porto Velho.



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Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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