Por causa de Alzheimer, campeão do mundo em 1962 não recebe pensão

Por causa de Alzheimer, campeão do mundo em 1962 não recebe pensão

Em 2013, Altair se perdeu em Brasília e foi encontrado por quatro jornalistas (Foto: Leandro Canônico / Globoesporte.com)

Lateral-esquerdo reserva de Nilton Santos na campanha da Copa do Mundo de 1962, Altair tem sofrido com a burocracia e também com o mal de Alzheimer. Quarto jogador que mais vestiu a camisa do Fluminense, ele não recebeu três pensões que teria direito - uma dele mesmo, outra da mulher, que morreu em 2009, e a última do governo federal, que paga uma aposentadoria aos campeões mundiais. O motivo é desolador: por causa do estágio avançado da doença, ele não consegue assinar o próprio nome.

Luana Galvão toma conta do ex-jogador há mais de oito anos e o levou para morar em sua casa após a morte da esposa de Altair. Segundo ela, a pensão que ele teria direito da CBF (cerca de R$ 1,9 mil), por ser campeão mundial, está sendo paga normalmente. O problema está na aposentadoria que teria que receber pela prefeitura de Niterói, o da mulher, de um banco privado - ambos no valor de um salário mínimo - e também o da Caixa Econômica Federal, de cerca de R$ 4 mil, também é dado aos campeões de Copa do Mundo.

- Ele recebe dinheiro da CBF. As duas pensões que deveria receber de Niterói, que agora é do Banco do Brasil, e o da mulher, do Itaú, estão bloqueadas. Ele não tem condição de assinar e receber o cartão por causa do mal de Alzheimer. Já falei com a promotoria de São Gonçalo, que está analisando o caso, e entrei com uma medida cautelar.

De acordo com Luana, além das duas pensões, o governo federal também estaria devendo dinheiro ao ex-jogador. Segundo ela, o valor serviria para juntar com a quantia que ele recebe da CBF para formar uma receita mais encorpada.

Altair foi internado no dia 2 de janeiro deste ano, quando passou a não conseguir engolir a comida que era dada a ele. O ex-jogador tem se alimentado graças a uma sonda e continua no Hospital e Clínica São Gonçalo, na Baixada Fluminense. Altair ainda ficará mais um tempo internado por causa de um inchaço no joelho.

Em 2011, o Fluminense se organizou para ajudar o ex-jogador, conhecido por ter sido um dos principais marcadores de Garrincha. Ainda de acordo com Luana, porém, os fundos que teriam sido levantados nunca chegaram ao bolso de Altair. Apesar disso, Ana Luisa Vasconcellos, filha do ex-jogador Jardel Pinto e que ficou responsável pelo dinheiro, garante que os R$ 1,2 mil reais arrecadados - valor confirmado pelos organizadores - foram utilizados para a consulta de um neurocirurgião (que custou entre R$ 450 e R$ 500), além de um exame e também para as despesas de transporte.

Dois anos depois, Altair estava em Brasília com uma comitiva de ex-atletas para acompanhar a estreia do Brasil na Copa das Confederações. Devido ao Alzheimer, ele ficou perdido por mais de dez horas, vagando por Brasília, mas foi encontrado por quatro jornalistas.

Com a camisa do Fluminense, Altair foi três vezes campeão carioca (1959, 1964 e 1969) e duas campeão do Torneio Rio-São Paulo (1957 e 1960). Apesar dos 551 jogos, marcou apenas três gols pelo Fluminense. Na Seleção, foram 22 atuações e duas participações em Copas do Mundo (1962 e 1966).

Autor / Fonte: Globo Esporte.com

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