“Pelos critérios aplicados a Raupp, talvez mais de cem possam virar réus”, diz Reinaldo Azevedo

“Pelos critérios aplicados a Raupp, talvez mais de cem possam virar réus”, diz Reinaldo Azevedo

"Se Deus é onipotente, pode criar uma pedra que nem Ele próprio consiga carregar?" Qualquer que seja a resposta, eis a morte de Deus como onipotência. Ou não, acudiria São Tomás de Aquino: só se é onipotente apenas sobre as coisas possíveis. E se deve concluir que não há o que Ele não possa fazer, mas apenas as coisas que não podem ser feitas.

Considerações relacionadas ao "Paradoxo da Onipotência" vieram-me à cabeça quando tentava vislumbrar uma saída para o país, sob os auspícios da Lava Jato. Pergunto-me, dado o conjunto da obra, se não estamos caminhando para a conclusão de que Deus está morto –e isso bem pode explicar por que tantos buscam, à direita e à esquerda, demiurgos e milagreiros, com ou sem casaca.

Confira a íntegra do texto em sua publicação original clicando aqui

Notem: poucos se deram conta das consequências do chamado "Caso Valdir Raupp", de que tratei em meu blog na quarta-feira. O senador por Rondônia se tornou réu no STF porque a Procuradoria Geral da República sustenta que a doação legal que recebeu de uma empreiteira era oriunda da propina na Petrobras. Os senhores ministros lembraram, claro!, que ao MPF caberá o ônus da prova. Ainda não é condenação. Mas réu já é.

Está com o carimbo.

Li a denúncia e recomendo que o façam. Por aqueles critérios, qualquer um que tenha recebido doação legal de empresa investigada, esteja evidenciado ou não o liame que justifica a acusação de corrupção passiva, poderá lustrar o banco dos réus. Quantos? Talvez mais de centena. Não por acaso, a razia atinge a elite do Congresso, a quem caberia reformar o sistema, mas de quem se cobra rigor na construção da própria lápide.

Autor / Fonte: Reinaldo Azevedo / Folha de S. Paulo

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