Opinião: Saúde pública de Rondônia agoniza e PS João Paulo II pede socorro

Opinião: Saúde pública de Rondônia agoniza e PS João Paulo II pede socorro

O assunto predominante na área política da semana foi a situação crítica do Pronto Socorro João Paulo II, de Porto Velho. Na Assembleia Legislativa (Ale) os deputados não economizaram críticas ao PS e cobraram ações mais efetivas do governo do Estado.

A equipe médica, o quadro de enfermagem e o pessoal técnico do JP II são exemplo de competência e dedicação. Os equipamentos também são da melhor qualidade e adequados às necessidades. Foram exaltados, lógico.

O desafio no JP II é conviver com ratos, baratas, instalações precárias e sem as mínimas condições de oferecer um atendimento digno aos pacientes, que chegam a elevado volume, tanto da capital como do interior.

Sem condições de atender casos mais complicados em suas bases os pacientes são encaminhados para o JP e congestiona o sistema de atendimento, por mais boa vontade e competência que o pessoal tenha. As instalações não comportam um terço da demanda que é sempre grande e crescente, pois a população se avoluma a cada dia, mês, ano.

O governo do Estado, que assumiu em janeiro último, ainda, não conseguiu amenizar a situação que já vinha crítica. Com menos de três meses já leva peia dos deputados, dos prefeitos, vereadores e da população em geral, porque os pacientes são atendidos, mas nos corredores em macas e colchões e até na garagem de veículos, devido a precariedade do prédio.

Qual a solução? A resposta é construir um novo hospital de pronto atendimento adequado a realidade e não da época da construção da Usina Hidrelétrica de Samuel inaugurada em 1989, que é o caso do JP.

O ex-governador Confúcio Moura (MDB), hoje senador anunciou no seu primeiro mandato (governou dois mandatos seguidos: 2011/18) a construção do Hospital de Emergência e Urgência de Rondônia (Heuro). A pedra fundamental foi lançada em dezembro de 2013 com previsão de conclusão em 18 meses. Era o hospital dos sonhos com área total de 17.370,73 metros quadrados, equipado com heliponto, leitos de UTI e hemodinâmica, fábrica de gases medicinais e ar-comprimido, equipado com salas cirúrgicas, células de luz solar, sistema de captação e tratamento de água da chuva, raios-x e móvel, tomógrafo, e ofertando serviço de vinte tipos de especialidade médica em alta complexidade.

As obras praticamente não existem, além da terraplenagem e um esqueleto de vigas de concreto no local, que foi doado pela municipalidade. O Tribunal de Contas (TC) do Estado teria detectado, na época, possíveis irregulares e os pagamentos à empreiteira foram suspensos. Na verdade “sepultaram” uma pedra fundamental, pagaram pelo que o Estado não devia, segundo o TC e tudo ficou o dito pelo não dito e o povo é quem arca com o prejuízo.

A questão do João Paulo é complexa. A Assembleia Legislativa deve constituir uma comissão permanente para acompanhar a situação e buscar parceria com a câmara de vereadores e a Prefeitura de Porto Velho, única capital do Brasil que não tem um Pronto Socorro Municipal. Hoje toda a demanda de pacientes em caso de urgência, que é a maioria, incluindo a do interior, de Jaru à capital é encaminhada ao JP que não tem suporte para isso.

As criticas devem ser transformadas em busca de solução cobrando do governo do Estado a construção do Heuro, que deveria estar concluído em um ano e meio ano, e para saber onde foram os recursos, na época superior a R$ 78 milhões.

O prefeito Hildon Chaves (PSDB) também deve ser cobrado para a construção de um PS para a capital. A maior demanda de pacientes do JP II é de Porto Velho, campeã em acidentes de trânsito, principalmente de motoqueiros, que superlotam o pronto socorro devido ao trânsito maluco, mal sinalizado, ausente de orientação e fiscalização, mas campeão em multas.

O PS João Paulo II realmente não consegue atender a enorme demanda de pacientes, mas precisa de apoio de políticos e empresários, para que o povo possa ter no mínimo um atendimento digno. Recursos federais existem, basta que sejam acionados os meios e formas para acessá-los cobrando mobilização da bancada federal (senadores e deputados).

O paciente pobre, que não tem recursos para pagar um plano de saúde morre à míngua, por falta de atendimento. Saúde pública tem que priorizar os necessitados, que são a maioria da população.

Hoje, além do povo carente, quem mais precisa de socorro é o João Paulo II. Há tempos agoniza estruturalmente e sobrevive graças aos seus recursos humanos, realmente humanos e os equipamentos de primeira geração.

Autor / Fonte: Waldir Costa / Rondônia Dinâmica

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