OPINIÃO: Rondônia e Porto Velho enfrentam a incerteza do novo na política

OPINIÃO: Rondônia e Porto Velho enfrentam a incerteza do novo na política

Rondônia enfrenta forte crise econômica e social, mas principalmente política. Os dois políticos mais importantes do Estado, no Poder Executivo (governo e Prefeitura de Porto Velho) colocam em xeque, o mote que elegeu a maioria deles nas eleições de 2016 (prefeito e vereador) e nas gerais de 2018 (presidente da República, governadores, duas das três vagas ao Senado, Câmara Federal e Assembleias Legislativas) do “votar no novo”.

Com mais de dois anos a frente do município de Porto Velho o prefeito Hildon Chaves (PSDB), eleito com a expectativa de revolucionar a administração pública com forte apoio popular demonstrado nas urnas, não consegui engrenar a “máquina” administrativa que recebe e continua emperrada. O eslogam da campanha vitoriosa “Deixa eu cuidar de você, Porto Velho” foi –e continua– esquecido, para tristeza do povo da capital.

Os muitos problemas que existiam na administração anterior, que deveriam ser corrigidos pelo “novo governo” continuam, mesmo com mais de dois anos a frente da prefeitura. Saúde, educação, segurança pública, transporte coletivo urbano, transporte escolar rural e fluvial. O trânsito na capital continua caótico, sem sinalização suficiente, fiscalização eficiente e organização, além de ser violento; as estradas vicinais, que são muitas, mais de 7 mil km estão com o tráfego comprometido, além do problema crônico de saneamento básico, que não existe.

Felizmente não há denúncias de corrupção do governo Hildon Chaves, mas é muito pouco para quem pediu, e a maioria do povo atendeu, para adotar Porto Velho. A população espera que os próximos 18 meses que antecedem as eleições de 2020 sejam o oposto do que ocorreu até agora: que as obras e ações sejam priorizadas e Porto Velho encontre seu caminho para o progresso e o desenvolvimento.

Outro problema de Hildon é a troca constante de secretários e assessores diretos. Já mudou quase toda a equipe de governo e Porto Velho continua sem horizonte administrativo.

Se as coisas não vão bem ao município de Porto Velho a situação não é diferente no governo do Estado. Os cem dias da administração (sic) do governador Marcos Rocha (PSL) e sua equipe (?) não sinalizam que teremos as mudanças prometidas em campanha, já que não foi necessário muito esforço para se eleger devido ao efeito Bolsonaro (que se elegeu presidente da República), um fenômeno que elegeu pessoas sem nenhuma identificação com a administração pública. Rondônia foi um deles.

O “C” do cem dias da atual administração estadual pode ser trocado pelo “S”. Pouco ou quase nada foi feito e o futuro é desolador. Esta semana Marcos Rocha disse que o orçamento do Estado deste ano tem um rombo de R$ 400 milhões, além de problemas na Educação e na Segurança Pública. E o que sempre diz quando fala em público: que continuará o combate à corrupção. É muito pouco para quem foi eleito governador sem nunca ter disputado eleição e com passagens opacas na Secretaria de Estado da Justiça e na Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho.

O vice José Jodan (PSL), que não tem muito freio na língua, também nesta semana, alertou para a situação econômico-financeira do Estado, que não é das melhores e até. Admitiu até a possibilidade de o Estado ter dificuldades em pagar os salários dos servidores nos próximos oito meses.

Em 2020 teremos eleições municipais (prefeito e vereador). As eleições municipais de 2016 não confirmaram que “o novo” funciona. Ji-Paraná, por exemplo, apostou em Jesualdo Pires (PSB) dando a ele um segundo mandato em 2016. Ele renunciou em abril de 2018, para concorrer ao Senado, perdeu, mas o município vai caminhando bem com o vice, Marquito Pinto (PDT).

A maioria absoluta do eleitorado de são Francisco do Guaporé, município mais bem organizado política, social e financeiramente do Estado apostou em 2016 na reeleição da jovem Gislaine Lebrinha, do MDB, que obteve 82,88% dos votos válidos. O município é exemplo em saneamento básico, iluminação pública, estradas vicinais transitáveis o ano todo, mesmo no período de chuvas (inverno amazônico); saúde, inclusive o Hospital Regional, que o município controla e os compromissos estão em dia com fornecedores e servidores. Milagre? Não, muito trabalho, dedicação e equipe pequena, mas eficiente.

Político jovem não significa nova política. A diferença do mundo empresarial para o político é enorme, por isso a maioria dos empresários, que entra para a política acaba fincando no meio do caminho. João Dória (PSDB), hoje governador de São Paulo é uma exceção.

Para uma Rondônia melhor econômica, financeira e socialmente é preciso que Marcos Rocha ajuste a sua equipe à realidade de Rondônia e ele calce as sandálias da humildade, busque apoio do Poder Legislativo, da sociedade organizada; de ouvidos às lideranças e esqueça os puxa-sacos, que são como formigas, estão em todos os lugares.

Todos querem uma Rondônia melhor social e politicamente com valorização do empresariado, fortalecimento do agronegócio e investimento na industrialização da produção agrícola, da pecuária e dos recursos naturais, dentre outras prioridades. Administração pública não é somente de combate, verbal, à corrupção. São necessários ousadia, segurança, responsabilidade e um grupo de trabalho identificado com as prioridades do Estado.

Autor / Fonte: Waldir Costa / Rondônia Dinâmica

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