Publicada originalmente em 05/09/2016
Texto por.: Vinicius Canova / Rondônia Dinâmica
Informações e fotos por.: Gregory Rodriguez
Porto Velho, RO – A questão da coleta de lixo em Porto Velho é um dos pontos mais controversos para qualquer gestor que passe tanto pela Prefeitura do Município quanto pela titularidade da pasta responsável, a Secretaria Municipal de Serviços Básicos (SEMUSB), atualmente sob o comando de Eduardo Damião.
Os resíduos sólidos estão espalhados pela Capital das Três Caixas D’Água e a população, maior prejudicada com a situação, reclama diuturnamente. Rondônia Dinâmica percorreu bairros periféricos e a região central da cidade a fim de constatar a realidade relatada pela sociedade porto-velhense.
A redação também ouviu Damião: o secretário municipal assegurou que os serviços prestados pela empresa responsável são realizados rigorosamente dentro do cronograma estabelecido, inclusive com horários fixados no site da prefeitura.
Hedinor está insatisfeito com os serviços / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
A culpa é da gestão
Hedinor Cabral Miranda, soldador, mora no Bairro Nova Porto Velho e está extremamente insatisfeito com os serviços prestados:
“Rapaz, não estou achando boa [a coleta]. Estou achando péssima, na verdade. Toda vez que passo aqui na Av. Rio Madeira é um amontoado de lixo. Pessoas passam por aqui, estudantes, tem escola e farmácia e todo dia é isso aqui, recheado de porcaria por tudo quanto é lado. Gostaríamos que houvesse mais limpeza em Porto Velho”, disse.
"Porto Velho poderia ser a cidade mais bonita", diz taxista / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
Já o maranhense Benedito Costa Martins, taxista de 71 anos, em Rondônia desde a década de 70, alegou:
“A coleta seletiva é falha, muito falha. No meu bairro às vezes demoram muito pra passar. Lixo fica muitos dias apodrecendo lá. Ficam uns cinco ou seis dias sem passar. Os cachorros vêm e rasgam o lixo, espalham tudo”, pontuou.
Na Estrada da Penal o lixo é variado: eletrodomésticos enferrujam às margens da rua / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
Martins, que é morador do Bairro Conceição, mas trabalha no ponto de taxi ao lado do Mercado Central, diz que Porto Velho tem potencial para ser a cidade mais bela do País:
“Talvez se mudar a administração as coisas possam melhorar. A cidade, por ora, não melhorou quase nada. Gostaria que o poder público ajudasse a melhorar visualmente o município. Porto Velho já nos deu tanto: cassiterita, borracha, diamante, essa cidade era pra ser a mais bonita do Brasil. Dá pra ser melhor do que Manaus”, enfatizou.
Morador está preocupado com a saúde de seus filhos / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
O mesmo pensa o profissional liberal Rodrigo Tarssios, residente do Bairro Embratel, trecho próximo à rodoviária. Ele contou que está insatisfeito com a coleta de lixo porque segundo ele, além de não ser regular, a empresa demora muito para recolher os resíduos.
Morador de rua divide calçada com o lixo espalhado / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
“O serviço pode ser melhorado com gestão boa. Seria bom se fosse um dia sim e um dia não. Agora colhem de dois em dois dias. Moramos perto de um córrego, o que já é ruim, mas com o lixo piora ainda mais. Sem contar as doenças como dengue e malária. Graças a Deus minhas crianças não ficaram doentes, mas se dependesse da prefeitura estaríamos condenados. A cidade deixa a desejar, é feia. Rio Branco não tem nada e é uma cidade bonita porque tem gestão, né? Aqui não”, desabafou.
Secretário diz que serviço é rigorosamente pontual / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
O que diz a prefeitura
Eduardo Damião asseverou que, com relação à coleta de lixo, a secretaria municipal está satisfeita com os resultados apresentados. Ele disse que o serviço melhorou muito nos últimos tempos e que atualmente há pontualidade muito mais efetiva em relação à coleta dentro do Município de Porto Velho incluindo os distritos ao longo BR.
“O que falta melhorar é a coleta de lixo no Baixo Madeira, mas isso será realizado assim que a gente tiver uma nova empresa sendo contratada por esse novo contrato que está sendo licitado”, admitiu.
Urubus ignoram aviso no cônteiner / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
Damião contou que o novo contrato do lixo já fora licitado e que está aberta a parte de documentação e de preço das planilhas.
“Já sabemos as empresas que estão na frente e agora estamos na parte das diligências aos locais dos empreendimentos para que possamos saber se elas têm o devido capacidade para atuar em Porto Velho. Até o dia 20 de setembro esta parte estará concluída. Depois disso, o período é de um mês para a homologação da licitação e mais 30 dias para que a nova empresa se instale no município e o mesmo prazo para que a Marquise se retire”, indicou.
A culpa é dos moradores
O secretário disse ainda que existem pontos na cidade em que os moradores deslocam o lixo. Em vez de deixar em frente aos pontos de coleta, jogam em outros lugares, dificultando os serviços.
“Não sei por que cargas d’água colocam fora dos pontos onde normalmente a gente trabalha. É difícil controlar tudo o que acontece porque temos apenas 22 fiscais para atender toda a região. Precisamos da colaboração dos munícipes para que denunciem qualquer cidadão que esteja jogando lixo por aí de forma irregular. Isso pode ser feito através 0800 647 1390/91. Se a pessoa avistar alguém jogando lixo deve fazer a comunicação, fotografar para ter provas. Se for um veículo, tem de fotografar a placa, senão não adianta. Nesses casos a pessoa pode ser multada em até R$ 3 mil e há a possibilidade de receber multa também da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA) por tratar-se a conduta de crime ambiental”, orientou.
O gestor reiterou que a coleta está sendo feita rigorosamente no horário e que existe uma equipe de 11 pessoas exclusivamente para fiscalizar o contrato da Marquise.
“A coleta está sendo feita rigorosamente no horário. Temos uma equipe de 11 pessoas exclusivamente para fiscalizar o contrato da Marquise. Se a coleta atrasar, a pessoa pode nos contatar através do mesmo 0800. O cidadão liga pra cá, faz a denúncia e a empresa é notificada imediatamente. Todos os caminhões da Marquise têm GPS com roteiros monitorados. Se o itinerário não for cumprido, nós temos como saber”, relatou.
É importante frisar que há locais em que o serviço de coleta é feito dia sim e dia não.
TItular da SEMUSB culpa alguns cidadãos pelo lixo expalhado / Foto: Gregory Rodriguez (Rondônia Dinâmica)
“Peço que as pessoas verifiquem o horário e coloquem o lixo uma ou duas horas antes do caminhão passar e não uma hora depois. Porque caso isso ocorra o lixo será recolhido ou no dia seguinte ou dois dias depois. Aí vem cachorro, chuva, isso tudo é prejuízo pra gente. Verifique no site, saiba onde é feita a coleta. É extremamente rigorosa essa questão da coleta”, pontuou Damião.
No que diz respeito a terrenos baldios particulares, o município segue o Código de Postura. Há uma visita de fiscais da pasta que, dependendo do caso, notificam o proprietário para que proceda a limpeza do local. Caso não ocorra, a prefeitura adentra o terreno, faz a limpeza e depois cobra do dono.
“No último ano tivemos dois mil autos de notificação expedidos. Desses dois mil, mais de mil e quinhentos atenderam as solicitações e limparam seus terrenos. Os demais, que não fizeram nada, foram multados”, destacou.
Eduardo concluiu mencionando que “Existem pontos tradicionais [no município de Porto |Velho] onde fazemos recolhimentos e, uma semana depois, há lixo amontoado na rua, infelizmente”.
E prosseguiu:
“Olha..., ali na Av. Imigrantes com Rogério Weber, na calçada, pessoal joga lixo direto. Recolhemos o lixo e colocamos o contêiner. Hoje tem um contêiner lá e se você passar pelo local e fotografar, o contêiner está pela metade e o restante fora dele. Não sei qual a intenção desse pessoal”, finalizou.
Autor / Fonte: Vinicius Canova / Rondoniadinamica
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