JBC de Rondônia (quase) adivinhou o tema do ENEM: saiba que tipo de bruxaria está por trás disso

JBC de Rondônia (quase) adivinhou o tema do ENEM: saiba que tipo de bruxaria está por trás disso

"Hocus pocus, pezinhos de neném, revele para mim o tema da redação do ENEM", teria dito Nazareno em frente ao caldeirão mágico?

Enfermaria 67, HB – Prestes a completar uma semana de internação no Hospital de Base em Porto Velho, muito bem tratado, frise-se, meu saldo jornalístico não poderia ser mais precário: dois editoriais, uma matéria mixuruca sobre convenção partidária e... e só!

Para passar o tempo saboreio de maneira homeopática as páginas de Doutor Sono, de Stephen King, continuação de O Iluminado. E quem diria que havia uma? Além de outras três obras do gênio americano do horror que recebi de presente, incluindo o primeiro e o último título de uma trilogia banguela no meio, trouxe Agatha Christie de casa, e há outro livreto enfurnado em minhas coisas, muito distante de minhas mãos para que eu tenha condições de transcrever o título aqui.

Só que este artigo é redigido por conta de um estalo criado a partir de um regalo mais que especial.

Jornalistas Literários – Narrativas da vida real por novos autores brasileiros, cunhado por Sergio Vilas Boas, foi concedido a mim com carinhosa e exagerada dedicatória de minha mãe, a também jornalista Lisete Canova. "Ao meu pequeno gênio literário. Com amor, mãe", assinalou, embora saiba em seu íntimo que com meu metro e setenta nem posso ser considerado tão pequeno assim. Divago. Prossigo.

Vilas Boas reuniu dezesseis narrativas da vida real expostas por novos profissionais de Imprensa o que, de maneira muito nostálgica, fez com que eu relembrasse um de meus últimos trabalhos e também por que havia topado a empreitada.

Em "Professor Nazareno: o outro lado do ódio", espécie de chamada especial para a conversa derradeira com o personagem em questão na seção RD Entrevista, quis demonstrar que o ser humano atrás da animosidade de seus textos, tanto em conteúdo quanto em reações, representa muito mais do que o que os olhos conseguem enxergar. E é isso que ele faz: ensina a ler, interpretar e a escrever. Aliás, não só ele como todo corpo docente de Linguagens do Colégio Professor João Bento da Costa (JBC), da Zona Sul de Porto Velho.

A instituição e seus profissionais, mais uma vez por conta do engajamento incessante com a educação pública, foram praticamente na "jugular" propondo, semanas antes do ENEM, que os alunos fizessem suas redações no IV Simulado cujo tema “A questão da inclusão das pessoas com deficiência” abordava com detalhes a delicadíssima questão social. No Exame, a proposta foi mais específica: "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil".

Mamão com açúcar pra quem acompanhou as aulas do Terceirão, né?

Nazareno, o cara da 
Redação, é só uma célula na magnífica fórmula de sucesso do JBC iniciada há anos pelo ex-diretor Suamy Vivecananda, formado em História. Há também a professora de Língua Portuguesa e Interpretação de Textos Heloísa Helena Ramos Santos, que me deu aula na 4a série do Fundamental no extinto Pitágoras; Diniz de Albuquerque, de Literatura; Allan Ferreira, de Gramática, e Joana Camilo, também de Literatura.

Num trágico contexto de declínio moral e educacional vivenciado no Brasil inteiro, e sim, isso inclui Rondônia, me encho de alegria e entusiasmo ao perceber que há gente abnegada com propósitos e sonhos muito maiores que seus próprios umbigos.

"O sucesso de vocês é o meu sucesso. O fracasso, idem", disse um estonteante e confiante Nazareno, mais feliz que pinto no lixo, ao discursar em vídeo motivacional distribuído a seus discentes pouco antes do ENEM.

São feições e sentimentos que só segurança e comprometimento podem reforçar enquanto as fichas são lançadas. Com tantos temas trabalhados em sala e mais de doze mil textos corrigidos num único ano, podemos conceber que, a despeito do lançar de fichas, não é questão de sorte nem de esoterismo barato a bola na trave disparada pelo JBC. Nunca foi!

A bruxaria tem nome e sobrenome, RG e CPF: trabalho, empenho e dedicação – de todos os envolvidos, senão não anda.

Autor / Fonte: Vinicius Canova

Comentários

Leia Também