Indígenas são incentivados a plantar e cultivar em suas aldeias para o Programa de Aquisição de Alimentos

Indígenas são incentivados a plantar e cultivar em suas aldeias para o Programa de Aquisição de Alimentos

Entre os alimentos cultivados pelos indígenas, estão cinco variedades de bananas, café, mandioca e limão

Há seis anos, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal, é executado em Rondônia sob a coordenação da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). Neste período, mais de R$ 38 milhões foram investidos na aquisição de alimentos da agricultura familiar, atingindo cerca de 8.500 famílias de agricultores cadastradas no PAA, numa ação articulada entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, o governo estadual, agricultores familiares e as entidades filantrópicas que recebem os alimentos, como as instituições assistenciais.

Em Cacoal, um diferencial é a inclusão dos indígenas no Programa de Aquisição de Alimentos. Cerca de 21 famílias indígenas da etnia Paiter Suruí comercializam com o governo de Rondônia produtos cultivados dentro das aldeias pelos próprios indígenas, como bananas, café, mandioca e castanha.

“O PAA incentivou mais a gente. A gente começou a produzir mais e plantar outros produtos. Eles também ensinam a gente a cultivar, principalmente no café. Então isso é um incentivo para a gente melhorar as nossas plantações”, disse Credival Pabab Suruí, de 20 anos, da Aldeia Lapetanha, na Linha 11.

Ao todo, nesta aldeia, seis famílias entregam alimentos ao programa. Entre os produtos, estão cinco variedades de banana: nanica, prata, ourinho, maçã e da terra. Segundo os indígenas, quinzenalmente mais de 500 caixas de bananas são entregues pelas famílias da Lapetanha ao PAA.

Credival e sua família, além dos produtos destinados ao PAA, produzem também diversos alimentos para o consumo próprio, como cará, amendoim, batata-doce, laranja, tangerina ponkan, entre outros. “Com o cultivo organizado, o que a gente não repassa para o PAA, planta para comermos ou vender para outros compradores. É uma forma que achamos de produzir e manter a nossa produção”, destacou.

Além de estimular a geração de renda, a produção orgânica dos alimentos e proporcionar para que populações em situação de insegurança  alimentar e nutricional tenham acesso a uma alimentação sadia, a execução do programa em Rondônia conta ainda com a participação da Empresa Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RO) e das prefeituras dos municípios atendidos, que cuidam da logística de recebimento e distribuição dos alimentos, com o controle de qualidade necessários.

Cacoal recebeu, no último ano, R$ 350 mil para o PAA. Desse total, R$ 52 mil foram investidos na aquisição de alimentos junto aos indígenas. Em todo o estado, no sexto ano do programa, mais de R$ 9 milhões foram destinados à aquisição de alimentos em todos os 52 municípios rondonienses, através da parceria dos governos federal e estadual. O programa permite a aquisição de alimentos de agricultores familiares com dispensa de licitação, a preços compatíveis aos praticados no mercado.

“Este programa foi muito bom porque está ajudando a gente, mostrando a importância da gente valorizar o que a gente produz. Porque a gente planta na mata, sem veneno. É produto de qualidade. A gente só planta, roça [carpina] e cuida. A gente dá produtos bons para eles e através desse programa é uma forma que eles têm de cuidar da gente também”, enfatizou Hinkir Suruí, de 24 anos.

A jovem e sua família, composta por 25 pessoas, produzem, além da castanha, banana e limão, que são destinados ao PAA, inhame, abacaxi, cará, batata, mandioca, quiabo e café, que são usados no consumo próprio, dentro da aldeia e também comercializados junto a outros compradores.

Hinkir Suruí e sua família vivem na Aldeia Nabecob Abalaquiba, localizada na Linha 12, área rural de Cacoal. Em uma roda de conversa durante a visita feita por extensionistas da Emater, nessa quarta-feira (10), os indígenas mais velhos relataram ter sido naquela aldeia, o primeiro contato entre os Suruís e o homem branco, em 1969.

Autor / Fonte: Giliane Perin/Secom

Comentários

Leia Também