Expedito Júnior é um perdedor?

Expedito Júnior é um perdedor?

Os efeitos da articulação política travada pelo tucano nos bastidores vão muito além de seu próprio desempenho nas urnas

Porto Velho, RO – Se não houvesse uma reviravolta no segundo turno das eleições em 2018, provavelmente Expedito Júnior, do PSDB, estaria saboreando hoje uma vitória completa: barba, cabelo e bigode.

Entretanto, embora o governador Coronel Marcos Rocha (PSL) tenha superado o tucano no embate pessoal desbancando o ex-senador no voto, é inegável que uma forte articulação política travada nos bastidores antes e até durante a controversa convenção peessedebista estendeu tapete vermelho ao triunfo daqueles em sua volta.

Inicialmente, por exemplo, não havia sequer a remota possibilidade de Maurício Carvalho, então presidente da Câmara de Porto Velho, abrir mão de sua postulação a deputado estadual.

Até porque, convenhamos, ainda que não seja possível fazer exercícios fúteis de futurologia acerca de resultados quando o assunto é eleição, quem em sã consciência teria coragem de apostar dinheiro numa eventual derrota do jovem vereador?

Respondo: nem adversários e muito menos alguns aliados de coligação, estes que, temendo hipotética votação expressiva de Maurício, ameaçaram abandonar o barco caso sua candidatura ao Legislativo fosse efetivada, o que acabaria com a possibilidade de o grupo alcançar o quociente eleitoral.

A possível debandada incluía representantes do próprio PSDB, do DEM e do PSD, as siglas da coligação proporcional “Rondônia Quer Mais”, que acabou reelegendo Laerte Gomes (PSDB) e Adelino Follador (DEM), e trouxe também Adaílton Fúria (PSD) para ocupar assento na Assembleia (ALE/RO) pela primeira vez.

A solução prática para o imbróglio no tucanato foi preterir a candidatura do Pastor Edésio Fernandes (PRB) como vice e formalizar chapa puro sangue, trazendo Maurício para uma dobradinha com Expedito Júnior.

Claro que Expedito jamais pensou em perder, e talvez Maurício, ao ceder às pressões, tivesse a nítida visão de como seria sua vida na condição de subcomandante do Estado de Rondônia. E por que não? Afinal, até ali, quem era Marcos Rocha?

Pois é, a dupla perdeu.

Mas o mais prejudicado, de fato, acabou sendo Maurício Carvalho, que também nutria a pretensão de comandar a ALE/RO, incumbência ironicamente atribuída ao correligionário Laerte Gomes para o primeiro biênio, o homem que, dentro do partido, está muito mais para Expedito do que para Mariana Carvalho, presidente regional da legenda.

As aparências podem enganar, mas, no fundo, as expressões peessedebistas regionais são gêmeas xifópagas cujas cabeças tucanas torcem o bico uma para a outra. 

Ocorre que a vantagem de Expedito começou lá atrás, em 2016, quando contribuiu para ascensão política do atual prefeito de Porto Velho Dr. Hildon Chaves.

Agora, teve papel fundamental na recondução do filho Expedito Netto (PSD) à Câmara Federal, e acertou em cheio ao apoiar Marcos Rogério (DEM) para o Senado: a sua influência, portanto, ora gravita em todos os meandros da República.

Resumindo, seus espectros políticos transitam pela Prefeitura de Porto Velho, passam pelos corredores do Palácio Marechal Rondon, voam longe aos gabinetes  do Congresso Nacional lá em Brasília, e, quando respiram fundo para retomar o fôlego, ainda conseguem se escorar sobre os ombros de Marcos Rogério e estacionar às portas do Planalto bolsonarista.

Aqui não há juízo de valor sobre seus predicados (ou a falta deles), mas se isso é sair perdendo...

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Autor / Fonte: Vinicius Canova

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