Editorial – Uma eleição sem o PT em Rondônia



Porto Velho, RO –
O Partido dos Trabalhadores vive o seu pior momento desde a sua criação. Com os inúmeros problemas enfrentados por membros e simpatizantes, até mesmo a militância perdeu a força de outrora, abrindo espaço a políticos considerados ideologicamente a antítese da sigla do ex-presidente Lula, este no ‘olho do furacão’ da Lava Jato e prestes a ficar frente a frente com o juiz Sérgio Moro.

Com tantas pancadas da mídia em cima de um único personagem seria impossível a legenda não perder força. Criou-se, no Brasil inteiro, a ideia de que o PT é responsável por todas as mazelas, detentor do monopólio da corrupção. Essa idealização fomentou a polarização, colocando o partido numa sinuca de bico quase irreversível.

A esquerda, atualmente, é colocada como vilã da História e tudo aquilo que está do centro à direita, posta-se como opção de salvação da Pátria. É um conceito e está formado, ao menos nas redes sociais e nas mesas de discussão compostas por membros da sociedade da classe média para cima.

As últimas eleições renderam ao PT de Rondônia um baque homérico: dos cinquenta e dois municípios passou a comandar somente um. Deputado federal? Zero! No Senado Federal? Nenhum petista! Vereador por Porto Velho? Nada! Deputado estadual? Apenas Lazinho da Fetagro, único remanescente após a debandada de Ribamar Araújo, atualmente no PR de Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca.

Em relação à atividade parlamentar tudo pode ser questionado em termos políticos, até mesmo omissão e negligência. Não é apenas a rapinagem aos cofres públicos que deve ser levada em conta na hora da equação que irá nortear uma escolha eleitoral. Mas será que os rondonienses se lembram do deputado estadual Neri Firigolo, de Cacoal? Pois é... Ele era do PT e foi o único parlamentar de Rondônia a não ter o nome envolvido no esquema da folha paralela, à época da Operação Dominó. De 24 deputados envolvidos, segundo as autoridades, o único a não meter a mão no que jamais lhe pertenceu era... Um petista!

Havia também a ex-senadora Fátima Cleide, cujo nome jamais fora envolvido em quaisquer veiculações tratando sobre corrupção. Cleide, inclusive, elogiada pelo procurador da República Reginaldo Trindade, conhecido como ‘caçador’ de corruptos, implacável quando o assunto é a coisa pública.

Claro, como em todos os partidos, o PT teve e ainda tem suas figuras pitorescas regionalmente, maculadas por suas próprias ações quando tiveram a oportunidade que sempre esperaram. Porém, é perceptível que a segregação de pessoas por pertencerem aos quadros de determinada sigla em detrimento a inúmeros bandidos do colarinho branco que se apresentam como opositores é, no mínimo, hipocrisia doentia – e não seria exagero chamar de ignorância.

Por conta dessa enxurrada de críticas direcionadas, seletivas e raivosas, que abrem espaço à bandidagem do discurso arrojado e ‘anticorrupção’, cidadãos que nunca se envolveram em bandalheira devem ‘recolher os flaps’ e deixar de participar do processo democrático.

Até agora, levando em conta até mesmo o desaparecimento dos militantes da legenda trabalhista, desenha-se uma eleição sem o PT em Rondônia. Ou, no mínimo, sem a força estrondosa de outros tempos.

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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