Porto Velho, RO – Por mais que políticos e autoridades públicas das mais variadas frentes se sintam obrigadas a elogiar o trabalho do juiz federal Sérgio Moro na condução dos processos ligados à Operação Lava Jato – por conta da alta popularidade do magistrado entre as classes média e alta do País – não há uma única figura que queira estar no banco dos réus no Juízo onde muitos juristas dizem imperar o princípio da presunção de culpa.

O senador Valdir Raupp, do PMDB, não é exceção. Após se tornar réu na Lava Jato em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso em que é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de receber propina de empreiteira travestida de doação legal de campanha, a logística da defesa patrocinada pelo congressista parece já ter entrado em cena mesmo fora das hostes do Poder Judiciário.

Inclusive, é preciso registrar que o parlamentar já se posicionou tanto através de nota oficial quanto em entrevistas concedidas à mídia local veementemente contra as acusações, ressaltando a legalidade das doações e que, em momento processual oportuno, comprovará sua inocência (vide nota ao fim do editorial). Mas enquanto isso não acontece, vale tudo para escapulir ao fórum federal curitibano, até mesmo bater de frente num ponto exclusivo com o correligionário Michel Temer, presidente do Brasil, considerado por pelo menos metade da Pátria como comandante ilegítimo da República.

Pensada ou não, a última reunião de Raupp com sindicalistas de todos os ramos no Estado demonstrou que o ex-governador resolveu apostar no posicionamento contrário ao promovido pelo governo federal na questão da Reforma da Previdência, embora não seja cem por cento desfavorável a alterações.

"[a proposta] está sendo discutida na Câmara Federal, mas da forma como está dificilmente será aprovada. Não podemos penalizar os trabalhadores com regras tão  duras. As mudanças  são necessárias, mas é preciso buscar um consenso", disse à ocasião.

Adiante, fez comentários dando conta de que, em seu entendimento, a reforma trabalhista seria mais flexível e aceitável.

Entenda

• Reforma da Previdência – Senador Raupp reúne sindicalistas no Sinjur

O tema é espinhoso, cabeludo. Os governistas garantem que, não concretizada a reforma, os cofres já combalidos da União serão tão deficientes nos próximos anos que todas as conquistas obtidas pelo povo brasileiro nas últimas décadas serão extintas, inclusive os benefícios trazidos por programas sociais como o famigerado Bolsa Família. E a propaganda institucional faz sua parte promovendo o tradicional terrorismo publicitário.

Temer, que vai perdendo aos poucos a parca credibilidade que um dia teve, coleciona frases infelizes proferidas em declarações oficiais e alimenta cotidianamente a própria impopularidade.

Ao se aproximar dos trabalhadores e se afastar – nem que seja um pouco – da imagem de degradação promovida por Michel, Raupp aumenta suas chances de se manter no mandato nas próximas eleições, conservando o foro por prerrogativa de função, ou foro privilegiado, como é conhecido, retendo o direito de se defender diante da Suprema Corte e seus membros. No STF, embora muitas decisões saídas de lá sejam questionáveis, há sempre uma incógnita no horizonte com panoramas imprevisíveis. Mas quando se trata de Sérgio Moro, o resultado parece sempre muito bem delineado.

Não importa se o encontro com entidades sindicais tenha sido ou não algo estratégico: o fato é que, ao pisar no calo de Temer, o senador de Rondônia se afasta do colo de Moro.

Nota oficial do senador Valdir Raupp sobre a decisão do STF

NOTA

Respeito à decisão dos  Ministros  da 2ª Turma  do  Supremo Tribunal Federal (STF), proferida nesta data. No entanto, continuo a acreditar que contribuição  oficial de campanha devidamente declarada, não pode ser considerada como indício e/ou prova de ilicitude.

Esclareço também  que as contribuições da campanha de 2010, que são objeto da causa,  foram feitas diretamente ao Diretório Regional do PMDB do Estado de Rondônia, tendo sido as  contas aprovadas pelo  Tribunal Regional Eleitoral(TRE-RO).

Durante a instrução do processo,  a defesa terá oportunidade de provar suas teses que, certamente, levarão à conclusão da legalidade das contribuições.     

Brasília, 07 de março de 2017

Senador Valdir Raupp

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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