Editorial – As verdadeiras vítimas no caso dos livros didáticos censurados em Ariquemes

Editorial – As verdadeiras vítimas no caso dos livros didáticos censurados em Ariquemes

Porto Velho, RO – Passados dois dias do imbróglio desencadeado pela repercussão de uma notícia institucional divulgada pelo Ministério Público (MP/RO), rapidamente desmentida pelo prefeito de Ariquemes Thiago Flores (PMDB), ficaram de fora da discussão pontos muito mais importantes ventilados na ata que culminou na deflagração do último e constrangedor episódio.

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Em relação ao possível erro cometido pelo órgão ao publicar informações desencontradas, está mais do que sacramentado: se o gestor não acordou nada, não se comprometeu em fazer aquilo que fora divulgado, ponto final. É decisão dele e, correta ou não – cada um que faça seu juízo de valor –, arcará com os bônus e os ônus do posicionamento.

Aparentemente, só uma decisão judicial dará cabo de resolver se a censura será perpetrada de fato ou não. E talvez seja isso mesmo que o comandante peemedebista queira: uma determinação do Poder Judiciário que não o comprometa, obrigando-o a agir corretamente, posando como herói da resistência e auferindo cada vez mais dividendos eleitorais. A Justiça erra? Erra, é óbvio. Mas às vezes é necessária e eficaz no sentido de salvar as pessoas de si mesmas, principalmente quando se trata de uma maioria equivocada.

Agora, como dito acima, se algumas situações reveladas por diretores de escolas ariquemenses estão mesmo ocorrendo, aí o panorama muda de figura e tom mais sério e incisivo deverá ser adotado pelas autoridades do Estado.

Trecho do documento, obtido pelo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica, relata:

“Os diretores relataram preocupação com a integridade dos livros, escolas e dos próprios professores diante do clima de ódio que paira sobre a sociedade de Ariquemes quanto aos livros didáticos”, versa parte da ata.

Outra passagem reforça a ideia de que os docentes estão suportando a fatura de uma disputa raivosa entre cachorros grandes:

“Os diretores também foram unânimes em externar descontentamento com o resultado das discussões em redes sociais sobre o tema, que colocam em dúvida a integridade, profissionalismo e liberdade de cátedra dos professores, expondo a escola como vilã e deformadora social”.

Na mesma reunião que causou o reboliço, representante sindical, em nome dos docentes, disse temer pela segurança dos profissionais em educação. Levando o depoimento em conta, o MP/RO solicitou informações sobre possível situação de risco aos professores e ameaças de destruição dos livros.

Não bastasse o salário mixuruca; as agressões sofridas dentro e fora das salas de aula; o descaso do poder público; as atribuições forçadas em termos de burocracia administrativa e tantos outros contratempos, os professores se veem na berlinda, acuados, com receio de praticar e repassar aquilo que lhes fora ensinado no educandário. 

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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