“É a mãe! É a avó!” por - Osmar Silva

 O Brasil adora uma crise. Não sabe mais viver sem a crise do momento. E quando não tem, cria. Na verdade, criam-se várias crisezinhas para esconder a verdadeira crise: aquela que está moendo, triturando e acabando com a dignidade de quase 30 milhões de brasileiros desempregados, vivendo de trampo.

O Brasil virou um ambiente hostil para os milhões de jovens que completam a maioridade todo ano,quanto para experientes profissionais que chegaram aoscinquenta anos de idade. Ambos se desesperam num no mercado de trabalhoárido e tão adverso. O primeiro grupo, por não ter experiência e o segundo, são excluídos por serem ‘velhos’.

É uma judiação. Uma indignidade. Uma pessoa sem emprego e sem renda, tem a sua própria cidadania cerceada. É nisso que reside a verdadeira crise brasileira que deve ser combatida.

Mas a Câmara dos Deputados acabou de demonstrar que não está nem aí. Derrubaram uma emenda a um projeto de lei que permitiria aos partidos que quisessem, devolver ao tesouro, valores recebidos do Fundo Partidário. Uma excrescência que eles criaram em benefício próprio.

Com essa atitude antirrepublicana, os partidos ficam ‘obrigados’ a ficar com o dinheiro do contribuinte. Não podem devolver. Dá para acreditar num despropósito desse? Pois é, ainda se dão ao direito de sentirem-se ofendidos quando a sociedade e o eleitorado os chamam de ladrões e lhes pespegam adjetivos piores.

Ofenderam-se com o Ministro da Economia Paulo Guedes, que lhes apontou o dedo e disse: ‘nesse ambiente (o plenário da Câmara) aqui, a média da aposentadoria é 28 vezes maior que a do aposentado pelo INSS’.

Diante de uma plateia tão desrespeitosa com o povo brasileiro, o ministro Guedes talvez não tenha faltado com respeito quando respondeu à ofensa de um deputado do PT e gritou: “é a mãe!”, “é a avó!”. Isso só ocorre porque não se dão ao respeito. E quem não se dá ao respeito, não merece respeito.

É o que vem ocorrendo no âmbito de outro poder: o Judiciário.

Ontem, em sessão de desagravo no Supremo Tribunal Federal, várias entidades se manifestaram em apoio à instituição e aos seus membros. O ministro Marco Aurélio não participou da sessão por achar que o órgão da justiça não precisa de defesa de ninguém. Estaria certo, se os que o compõem fizessem jus à aclamação da sociedade, ao invés de epítetos ofensivos.

Foi por ofensas ao Poder que o seu presidente abriu, de ofício, um inquérito para enquadrar os ofensores. E criou a ‘sua’ crise. Pelo ato em si e pelo o objetivo. Daí a necessidade da defesa. Mas defesa contra quem mesmo?

Contra a sociedade brasileira que, há muito, perdeu a paciência com os descalabros praticados pelos ‘intocáveis’ ministros dos tribunais superiores e, particularmente, os do STF.

São julgamentos e decisões que ofendem o bonsenso, atos e atitudes de arrogância além do acúmulo de privilégios que ofendem o contribuinte. Para eles ‘a voz do povo é a voz de Deus’ não vale. E por quê? Porque se acham o próprio Deus.

Estas são as matérias primas do dissenso entre o Poder Judiciário e o povo que lhes paga as contas e os salários dos seus membros. Um pouco de humildade e retidão, pode ajudar mais que um desagravo ou um: ‘é a mãe!’.

Osmar Silva – Jornalista – Presidente da Associação da Imprensa de Rondônia-AIRON – Diretor/editor do noticiastdoaqui.com – [email protected] – WhatsApp 99265.0362   

Autor / Fonte: Osmar Silva

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