Porto Velho, RO - Com o objetivo de ressocializar para a convivência social e promover oportunidade de uma vida mais digna, por meio da qualificação profissional a população carcerária de Rondônia, a Associação Beneficente de Assistência Médica e Social as Populações Ribeirinhas do Vale do Guaporé e Mamoré da Amazônia Ocidental (ASBAMGUAMA), em parceria com a Cooperativa Multidisciplinar da Amazônia (COOTAMA), e SEJUS, vem desenvolvendo um importante trabalho de valorização humanitária e reinserção, com os reeducandos do sistema prisional de Porto Velho e também do interior de Rondônia.
Cursos Básicos
O projeto social da ASBAMGUAMA que teve início em 2003, na cidade de Guajará-mirim, para este ano de 2019, tem como meta, além de outras ações sociais, contemplar com vários cursos profissionalizantes, reeducandos, em cumprimento de pena nos regimes fechado e semi-aberto.
Multiplicadores
Dentre as qualificações profissionais, o projeto oferece cursos básicos de beleza estética, corte e costura, artesanato, móveis em fibra e maquinas pesadas, que beneficiarão cerca de 450 aprendizes, divididos em diversas turmas. Os cursos acorrem na capital e no interior e são ministrados pelos próprios reeducandos que, de aprendizes, se tornaram multiplicadores.
Ainda de acordo com a Associação, a tendência é que os cursos, sejam ofertados em mais localidades do Estado, dentro do sistema prisional, devido a grande demanda e procura pelas qualificações.
Cursos na Escola Estadual Daniel Neri
Em Porto Velho, com apoio da direção da Escola Daniel Neri, localizada na zona Leste, instituição educacional que cedeu um amplo espaço para a aplicação, estão sendo ministrados os cursos de móveis e fibras, beleza e estética e artesanato em sandálias, com um período de duração de quatro meses.
Vagas para comunidade
A direção do estabelecimento de ensino, solicitou em contrapartida, vagas para os moradores da zona Leste, pedido que foi prontamente atendido pela ASBAMGUAMA, que disponibilizou cinco vagas em cada curso ministrado, para a comunidade local.
Sonhos e esperança de uma vida digna
Francileide Pereira da Silva, 53 anos, reeducanda do regime semi-aberto,é cabelereira de profissão e participa há dois anos das qualificações. “Meu sonho é ter uma ocupação, montar meu próprio espaço de beleza. Tenho uma filha que mora na Espanha e quero que ela invista comigo em um negócio, após cumprir minha pena. Erros todos nós cometemos, mas quero a oportunidade de começar uma vida nova, após sair do sistema e, através dos cursos, estamos nos preparando para essa oportunidade”, relatou.
Inês Rodrigues, 39 anos, do regime aberto, é uma das primeiras reeducandas a participar das qualificações ofertadas pela ASBAMGUAMA e concluiu vários cursos, tornado-se monitora, com capacitação em Designe de Sombracelhas, depilação e confecções em sandálias.
“O curso além da capacitação, nos dá a oportunidade de criar um projeto de vida. Retornar para a sociedade e ser visto com outros olhos. Para julgar são muitos, mas para ajudar são poucos”, concluiu a auxiliar administrativa por profissão, que agradeceu a oportunidade dada aos reeducandos, pelas entidades envolvidas no projeto social.
Parceria
A Cooperativa Multidisciplinar da Amazônia (COOTAMA) , também é parceira do projeto de ressocialização voltado ao sistema carcerário. A entidade atua há cerca de 5 anos em projetos sociais, desde que um grupo de profissionais liberais desempregados, resolveu criar uma cooperativa que fosse capaz de dar uma nova expectativa de vida e oportunidades para pessoas excluídas do mercado de trabalho
Dulce Gonçalves Braga - presidente da Cooperativa Multidisciplinar da Amazônia
“Em parceria com a ASBAMGUAMA, realizamos dois cursos de máquinas pesadas, direcionados aos reducandos do Fechado, além do curso de móveis em fibras, para reeducandos do regime semi-aberto, em Guajará-Mirim. As qualificações estão sendo ministradas nos presídios e no Centro de Ressocialização Vale do Guaporé”, destacou Dulce Gonçalves Braga, presidente da COOTAMA.
Projeto 4R
“Os reeducandos multiplicadores do Projeto 4R (Ressocializar, Reciclar, Reutilizar e Recomeçar), realizado pela cooperativa, recebem um salário para ensinar os aprendizes, certificado profissionalizante, além de remissão de pena”, ressaltou Dulce, que vê o projeto social como uma oportunidade de valorização humana dessas pessoas e a construção de um novo horizonte e uma melhor perspectiva de vida para quando elas saírem do sistema.
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