OPINIÃO Tarifaço dos EUA, Bolsonaro e Trump: o dilema dos bolsonaristas em Rondônia rumo a 2026 Publicada em 18/07/2025 às 11:25 Porto Velho, RO – Rondônia, um dos estados mais bolsonaristas do Brasil, se vê em meio a um dilema político delicado após o anúncio das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida, justificada por Donald Trump como reação à suposta “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, caiu como uma bomba entre produtores e empresários e colocou políticos alinhados ao ex-presidente em uma encruzilhada. Grande parte da opinião pública nacional vê a manobra como chantagem: um recado explícito para aliviar a pressão judicial sobre Bolsonaro, garantindo-lhe liberdade, direitos políticos e a possibilidade de disputar as eleições de 2026. Porém, essa mesma narrativa fortaleceu Lula, que, até então, enfrentava uma crise de popularidade e dificuldades para aprovar projetos em um Congresso dominado por aliados de Bolsonaro. Após o tarifaço, pesquisas indicam crescimento de Lula tanto em aprovação quanto em intenções de voto. Em Rondônia, onde Bolsonaro recebeu votações recordes nas últimas eleições, o impacto político também poderá reverberar com força. Parte da população local, sobretudo ligada ao agronegócio, culpa o clã Bolsonaro — com destaque para Eduardo Bolsonaro, acusado de fazer lobby nos Estados Unidos para que as sanções fossem impostas — por criar uma crise que ameaça não apenas a economia nacional, mas que pode respingar diretamente no estado. Mesmo diante desse cenário, figuras como o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL) mantêm defesa incondicional do ex-presidente. Em discurso inflamado na Câmara, exaltou Trump e afirmou que “quem manda no mundo é quem tem armas”, defendendo que o Brasil se curve à força americana e atacando Lula em tom agressivo. Essa postura pode agradar nichos mais radicais do eleitorado, mas tende a se chocar com o sentimento crescente de defesa da soberania nacional e proteção dos interesses econômicos locais. Outros líderes optaram por posturas mais pragmáticas. O governador Marcos Rocha (União Brasil), que planeja disputar o Senado em 2026, admitiu a gravidade da sobretaxa e os riscos indiretos para Rondônia, ainda que apenas 5% das exportações do estado sejam destinadas ao mercado norte-americano — incluindo o tambaqui, que ganhou espaço recentemente nos EUA. Rocha evitou ataques diretos e sinalizou preocupação com o impacto econômico, mantendo distância do discurso submisso a Trump e Bolsonaro. A grande questão é: como os políticos bolsonaristas de Rondônia como Marcos Rogério, Coronel Chrisóstomo, Bruno Scheid, Sofia Andrade e outros, por exemplo, vão equilibrar suas narrativas daqui até 2026? O estado é historicamente fiel ao bolsonarismo, mas o desgaste crescente da imagem de Jair e Eduardo Bolsonaro pode corroer esse capital político. Será que discursos como os de Chrisóstomo, que colocam os EUA como potência a ser obedecida, terão fôlego em um cenário em que produtores e trabalhadores se sentem traídos e ameaçados? Enquanto líderes nacionais como Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, já reposicionam seu discurso mirando herdar o eleitorado conservador sem carregar os ônus de Bolsonaro, Rondônia pode se tornar um campo de teste para essa transição. Se os aliados locais não encontrarem um equilíbrio entre a lealdade ao bolsonarismo e a defesa dos interesses econômicos e soberanos do estado, correm o risco de ver sua base eleitoral ruir em uma das praças mais fiéis ao ex-presidente. E como se o tarifaço já não fosse combustível suficiente para incendiar a crise política, a operação da Polícia Federal deflagrada nesta sexta-feira (18) contra Jair Bolsonaro adiciona mais um capítulo turbulento a essa narrativa. Com tornozeleira eletrônica, restrições de circulação e proibição de uso de redes sociais, o ex-presidente se torna ainda mais vulnerável politicamente — e seus aliados em Rondônia terão de escolher se dobram a aposta em sua defesa ou começam a preparar o terreno para um futuro sem ele no centro do jogo político. Fonte: Redação | Rondônia Dinâmica Leia Também Presidente Nacional do PSDB vem a Rondônia para lançar pré-candidatura de Hildon Chaves Fogaça cobra instalação de redutores de velocidade após novo acidente em cruzamento do Bairro Olaria Jean Mendonça destina R$ 300 mil para aquisição de van que beneficiará esportistas de Alto Alegre dos Parecis Deputado Cirone Deiró anuncia mutirão para emissão de identidade em Cacoal e Pimenta Bueno Deputada Sílvia Cristina entrega R$ 200 mil para o Lar do Idoso Aurélio Bernardi, em Ji-Paraná Twitter Facebook instagram pinterest