Temer escolhe Carlos Marun para Secretaria de Governo

Temer escolhe Carlos Marun para Secretaria de Governo

Carlos Marun (PMDB - MS) - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS (Lúcio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)

Em mais um movimento no xadrez ministerial para atender a pleitos da base aliada no Congresso, o presidente Michel Temer (PMDB) decidiu nomear o deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) para a Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política do Palácio do Planalto. Marun tem apoio da bancada do PMDB na Câmara e substituirá o tucano Antonio Imbassahy no ministério.

Como condição à nomeação, o deputado se comprometeu com o presidente a não disputar as eleições de 2018. Ministros que vão entrar na disputa eleitoral têm de deixar os cargos até abril do próximo ano, conforme prazo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para desincompatibilizações.

Temer vinha sendo pressionado pelo chamado “Centrão”, que inclui partidos como PP, PSD, PR, PRB e PTB, a mexer na configuração do primeiro escalão do governo. Os líderes do grupo condicionam à reforma ministerial a aprovação de medidas econômicas propostas pelo Planalto, sobretudo a reforma da Previdência em tramitação na Câmara, principal trunfo do legado reformista que Temer pretende deixar. Esta é a segunda mudança nos ministérios de Temer. O ex-ministro das Cidades Bruno Araújo (PSDB) pediu demissão há duas semanas e foi substituído pelo deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO), que se filiará ao PP.

O principal pleito do “Centrão” era pela saída dos ministros do PSDB do governo, incluindo Antonio Imbassahy. Apesar do espaço na Esplanada dos Ministérios, os tucanos não apoiaram maciçamente o presidente nas votações das denúncias da Procuradoria-Geral da República contra ele na Câmara. Na votação da segunda acusação, a maioria dos deputados do PSDB votou contra Temer.

Do baixo clero ao Planalto

Membro da tropa de choque do governo no Congresso, o novo articulador político do Planalto está no primeiro mandato na Câmara e, até entrar no círculo de parlamentares mais próximos do presidente, integrava o chamado “baixo clero” da Casa, grupo de deputados sem maior expressão política.

Carlos Marun ganhou notoriedade por ser o maior defensor do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no processo que levou à cassação do mandato dele. Cunha está preso em Curitiba há mais de um ano e já foi condenado na segunda instância na Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O novo ministro chegou a visitar o aliado na cadeia, viagem bancada com dinheiro da Câmara – que ele devolveu depois.

Além de defender Eduardo Cunha, Marun foi um dos líderes da articulação pela derrubada, na Câmara, das duas denúncias da PGR contra Michel Temer. Após a votação da segunda acusação da PGR contra o presidente, pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça, o deputado foi filmado cantando e dançando no plenário, em comemoração à decisão da Casa de não permitir que a denúncia seguisse ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No vídeo, o peemedebista entoa uma paródia de Tudo Está no seu Lugar, música que ficou conhecida na versão de Benito de Paula e provoca a oposição. “Tudo está no seu lugar. Graças a Deus, graças a Deus. Surramos mais uma vez essa oposição, que não consegue nenhuma ganhar”, entoou para as câmeras o parlamentar, antes de bater palmas e sair de cena (assista abaixo).

Ao ascender politicamente, Carlos Marun foi indicado a posições de destaque no Congresso, como a presidência da Comissão Especial que debateu a reforma da Previdência e a relatoria da CPMI da JBS, que mira os executivos do Grupo J&F, cujas delações premiadas levaram a PGR a denunciar o presidente.

Leia aqui entrevista concedida por Marun a VEJA, em julho.

Autor / Fonte: Veja

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