Rondônia: Consumo de chocolate na Ásia estimula cultivo de cacau em Assentamentos
— Publicada em 10/10/2014 às 11h16min
Há uma carência mundial de produção de um milhão de toneladas de cacau, pressionada pelo aumento do consumo de chocolate especialmente na Ásia. A partir dessa constatação, o técnico da Ceplac e empreendedor rural, Antônio Deusemínio de Almeida, falou aos assentados de Rondônia sobre a grande oportunidade que representa o cultivo do cacau, em seminário promovido pelo Incra e Ceplac na última semana, em Machadinho d’Oeste (RO).
A Ásia é residência de cerca de 3,7 bilhões de pessoas, mais da metade da população mundial, que está se tornando uma superpotência de consumo de cacau e chocolate. A disponibilidade de sementes de cacau será o grande desafio para as indústrias em todo o mundo.
Nessa perspectiva, diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas nos assentamentos da reforma agrária de Rondônia. O técnico explicou que a região amazônica é o ambiente perfeito para essa produção, por ser o cacau nativo daqui e ser alternativa ideal para os agricultores familiares do estado por aliar agroecologia, economia solidária, sustentabilidade econômica e ambiental e ambiente propício para o trabalho familiar.
“O cacau tolera solo arenoso, pedra e alagação. Ele é da região. Além disso, há a possibilidade de ser consorciado com café, pupunha, graviola, frutas cítricas, teca, criação de aves, peixes e uma infinidade de outras opções, principalmente pela sombra que produz. Em curtíssimo prazo, o agricultor já obtém renda”, afirmou.
Deusemínio explicou que a Ceplac e o Incra estão direcionando o trabalho para uma produção de três toneladas por hectare de terra, com uma variedade melhorada do cacau que produz em média três quilos por pé. “Incra e Ceplac se unem novamente, 43 anos depois, para disseminar o cacau em Rondônia”, lembrou. Uma importante parceria entre os órgãos ocorreu em 1971 quando a tecnologia utilizada na Bahia foi trazida para Rondônia.
Financiamento Terra Forte
O programa Terra Forte do Incra, que tem como objetivo apoiar e promover a agroindústria nos assentamentos da reforma agrária, selecionou dois projetos em Rondônia, nos PA’s Margarida Alves, no município de Nova União (RO), e Padre Ezequiel, em Mirante da Serra (RO). O primeiro será voltado à agroindústria do leite e seus derivados. O segundo à gestão de recursos naturais, como o cacau.
O coordenador da equipe técnica da Fundação de Apoio a Pesquisa (Funape), Valdir Alves, que desenvolve a consultoria aos projetos em parceria com a Universidade Nacional de Brasília (UNB), explicou que a agroindústria do PA Padre Ezequiel está em fase de sensibilização da comunidade para a retomada das lavouras de cacau, e tem o apoio da Ceplac e sessenta famílias cooperadas. O PA Margarida Alves já teve seu projeto aprovado e atualmente está construindo a estrutura para a agroindústria dos derivados do leite, com uma capacidade de processamento de 30 mil litros por dia. A equipe estuda a viabilidade de produzir o chocolate como resultado da produção das duas agroindústrias.
Empreendedorismo
O técnico da Ceplac é também empreendedor rural, proprietário da Fazendinha - tradicional ponto de parada dos viajantes pela BR-364 em Ariquemes e Jaru – e produtor de cacau para chocolate agroecológico, voltado para exportação e comercialização em seus pontos de venda. Em sua visão empreendedora, Deusemínio ressaltou seis pontos (6 P’s) que o agricultor familiar deve concentrar sua atenção: produto, preço, ponto de venda, promoção, persistência e paixão. Ele observou que nenhum outro produto tem o poder do cacau: “É excelente para a saúde, fonte de substâncias antioxidantes e de bem-estar. Empresas de países do primeiro mundo estão milionárias com um produto que desconhecem sua plantação e é fruto do nosso suor”, concluiu.
Autor / Fonte: assessoria/Incra
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