Rondônia: Consumo de chocolate na Ásia estimula cultivo de cacau em Assentamentos

 

Há uma carência mundial de produção de um milhão de toneladas de cacau, pressionada pelo aumento do consumo de chocolate especialmente na Ásia. A partir dessa constatação, o técnico da Ceplac e empreendedor rural, Antônio Deusemínio de Almeida, falou aos assentados de Rondônia sobre a grande oportunidade que representa o cultivo do cacau, em seminário promovido pelo Incra e Ceplac na última semana, em Machadinho d’Oeste (RO).

A Ásia é residência de cerca de 3,7 bilhões de pessoas, mais da metade da população mundial, que está se tornando uma superpotência de consumo de cacau e chocolate. A disponibilidade de sementes de cacau será o grande desafio para as indústrias em todo o mundo.

 


Nessa perspectiva, diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas nos assentamentos da reforma agrária de Rondônia. O técnico explicou que a região amazônica é o ambiente perfeito para essa produção, por ser o cacau nativo daqui e ser alternativa ideal para os agricultores familiares do estado por aliar agroecologia, economia solidária, sustentabilidade econômica e ambiental e ambiente propício para o trabalho familiar.

 


“O cacau tolera solo arenoso, pedra e alagação. Ele é da região. Além disso, há a possibilidade de ser consorciado com café, pupunha, graviola, frutas cítricas, teca, criação de aves, peixes e uma infinidade de outras opções, principalmente pela sombra que produz. Em curtíssimo prazo, o agricultor já obtém renda”, afirmou.

 


Deusemínio explicou que a Ceplac e o Incra estão  direcionando o trabalho para uma produção de três toneladas por hectare de terra, com uma variedade melhorada do cacau que produz em média três quilos por pé. “Incra e Ceplac se unem novamente, 43 anos depois, para disseminar o cacau em Rondônia”, lembrou. Uma importante parceria entre os órgãos ocorreu em 1971 quando a tecnologia utilizada na Bahia foi trazida para Rondônia.

 

Financiamento Terra Forte


O programa Terra Forte do Incra, que tem como objetivo apoiar e promover a agroindústria nos assentamentos da reforma agrária, selecionou dois projetos em Rondônia, nos PA’s Margarida Alves, no município de Nova União (RO),  e Padre Ezequiel, em Mirante da Serra (RO). O primeiro será voltado à agroindústria do leite e seus derivados. O segundo à gestão de recursos naturais, como o cacau.

 


O coordenador da equipe técnica da Fundação de Apoio a Pesquisa (Funape), Valdir Alves, que desenvolve a consultoria aos projetos em parceria com a Universidade Nacional de Brasília (UNB), explicou que a agroindústria do PA Padre Ezequiel está em fase de sensibilização da comunidade para a retomada das lavouras de cacau, e tem o apoio da Ceplac e sessenta famílias cooperadas. O PA Margarida Alves já teve seu projeto aprovado e atualmente está construindo a estrutura para a agroindústria dos derivados do leite, com uma capacidade de processamento de 30 mil litros por dia. A equipe estuda a viabilidade de produzir o chocolate como resultado da produção das duas agroindústrias.

 

Empreendedorismo

 


O técnico da Ceplac é também empreendedor rural, proprietário da Fazendinha - tradicional ponto de parada dos viajantes pela BR-364 em Ariquemes e Jaru – e produtor de cacau para chocolate agroecológico, voltado para exportação e comercialização em seus pontos de venda. Em sua visão empreendedora, Deusemínio ressaltou seis pontos (6 P’s) que o agricultor familiar deve concentrar sua atenção: produto, preço, ponto de venda, promoção, persistência e paixão.  Ele observou que nenhum outro produto tem o poder do cacau: “É excelente para a saúde, fonte de substâncias antioxidantes e de bem-estar. Empresas de países do primeiro mundo estão milionárias com um produto que desconhecem sua plantação e é fruto do nosso suor”, concluiu.

Autor / Fonte: assessoria/Incra

Leia Também

Comentários