Rondônia : Capacidade limitada de transmissão afeta usinas de Jirau e Santo Antônio

 

Com a autorização dada esta semana pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a operação comercial das seis últimas turbinas da hidrelétrica de Santo Antônio, a usina, juntamente com a de Jirau – as duas do complexo hidrelétrico do rio Madeira, em Rondônia – estão com as cem máquinas disponíveis para produção de energia, totalizando juntas 7.318 megawatts (MW) de capacidade instalada. Esse total, no entanto, só poderá ser de fato entregue ao sistema em dezembro, quando está prevista a conclusão de um conjunto de obras de transmissão necessárias para eliminar as limitações do sistema atual.

“Em dezembro de 2017, com a entrada das linhas de transmissão em 500 kV (quilovolts) entre as subestações Araraquara 2 e Fernão Dias e Araraquara 2 e Itatiba, será possível manter o escoamento pleno dos bipolos [linhas de transmissão] eliminando totalmente as limitações”, informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em relatório.

Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, com a limitação atual do sistema de transmissão do Madeira, as hidrelétricas do complexo precisam operar com uma capacidade menor que a permitida. “No modelo previsto inicialmente, se um dos linhões ‘cair’, o outro linhão absorve 70% da energia que estava sendo fornecida pela linha que caiu, sem muitos transtornos. Mas hoje se o linhão ‘cai’, ele derruba a carga de Rondônia e Acre, por exemplo”, afirmou ela.

Hoje, o limite de escoamento de energia das hidrelétricas do rio Madeira está entre 3.600 MW e 3.850 MW, o equivalente à metade da capacidade total das duas usinas. Para fevereiro deste ano, está prevista a entrada em operação do primeiro polo do segundo linhão do rio Madeira – que pertence a consórcio formado pela espanhola Abengoa (51%) e a Eletronorte (49%) -, o que permitirá a elevação da capacidade de escoamento de energia das duas hidrelétricas para 5.425 MW, ou quase 75% da capacidade total das usinas.

Em abril, está prevista a entrada em operação do segundo polo do segundo linhão. Com isso, o limite de escoamento alcançará 5.700 MW, ou 78% da capacidade plena das hidrelétricas do rio Madeira.

Segundo o ONS, em julho está prevista a entrada em operação da linha de transmissão Araraquara 2 – Taubaté, da paranaense Copel, o que levará a capacidade de escoamento para 7 mil MW. E, no fim deste ano, é esperada a energização das linhas Araraquara 2 – Fernão Dias e Araraquara 2 – Itatiba, ambas da concessionária Genebra, formada por Copel (50,1%) e Furnas (49,9%), viabilizando o escoamento pleno da energia das duas usinas do Madeira.

“Destaca-se que, do ponto de vista energético, essas usinas são consideradas a fio d’água, isto é, não possuem reservatórios para armazenamento de água. Portanto, seu perfil de geração será semelhante ao perfil sazonal de suas afluências, apresentando oferta hidroelétrica abundante no primeiro semestre (estação chuvosa), podendo produzir sua capacidade máxima de geração, e reduzida no segundo semestre (estação seca), podendo gerar, em média, 2.000 MW médios”, completou o ONS.

O operador acrescentou ainda que o regime de geração de energia do complexo do rio Madeira, caracterizado pelo modelo a “fio d’água”, permitirá que outras usinas do sistema brasileiro armazenem um volume maior de água nos reservatórios, durante o período chuvoso. Dessa forma, essas usinas iniciarão o período seco, a partir de abril, com níveis mais elevados de estoque.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a implantação da hidrelétrica de Santo Antônio faz parte de um “conjunto de obras planejadas para dotar o país da infraestrutura de energia elétrica necessária para permitir o seu desenvolvimento com maior segurança”. Segundo o órgão, a usina tem capacidade para fornecer energia para abastecer cerca de 6 milhões de habitantes.

Santo Antônio pertence a Furnas, Cemig, Odebrecht, Saag Investimentos (controlado pela Andrade Gutierrez) e o fundo Amazônia Energia. Já Jirau pertence à Engie, Mitsui, Eletrosul e Chesf.

Autor / Fonte: Valor Econ�mico

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