Rio-2016 gasta R$ 200 milhões em Vila inacabada, e tenta reduzir custo

 

Ricardo Borges/Folhapress

Comitê Rio-2016 gastou em torno R$ 200 milhões na Vila Olímpica de Atletas inacabadaimagem: Ricardo Borges/Folhapress

 

O Comitê Rio-2016 gastou em torno R$ 200 milhões na Vila Olímpica de Atletas inacabada, e agora tenta evitar ter mais despesas com o local. O custo tem dois itens: aluguel e reforma do local para receber os atletas. A primeira parte já foi paga e a segunda agora está em discussão.

Os organizadores dos Jogos têm um contrato assinado com o Consórcio Ilha Pura, formado pela Odebrecht e pela Carvalho Hosken. Inicialmente, pagariam US$ 18 milhões, o que equivalente a R$ 45 milhões ao câmbio da época. Outros R$ 46 milhões seriam dados para as reformas da Vila para receber os atletas. Esse era o compromisso na candidatura e o acerto feito com o consócio em documento assinado.

Só que, no meio do caminho, as empreiteiras decidiram fazer valer a lei do usufruto. Por essa legislação, o Comitê Rio-2016 teve de pagar todos os juros do financiamento da Caixa Econômica Federal para construir o conjunto de apartamentos. Isso representa em torno de R$ 200 milhões, segundo relatório do TCU (Tribunal de Contas da União de 2014). Os organizadores falam em um valor entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões.

“Não pediram antes. Só (consórcio) pediram quando estava para fazer. Tem uma carta por US$ 18 milhões. Acredite: a gente tentou não pagar”, contou o diretor de comunicação do Comitê, Mario Andrada. Fato é: esse valor já foi pago aos empreiteiros.

Ainda assim, o Consórcio Ilha Pura entregou o conjunto de prédios inacabado para os Jogos. Assim que entraram nos prédios, comitês olímpicos nacionais os criticaram pela falta de infraestrutura hidráulica e elétrica. Em visita a prédio australiano, o UOL Esporte constatou que havia várias falhas de acabamentos.

Pois bem, o Comitê Rio-2016 teve de realizar gastos extras para deixar os prédios em condições de receber os atletas. Quer descontar pelo menos o valor que tiveram para ajeitar os imóveis.

“O retrofit está em discussão porque eles evidentemente entregaram abaixo do padrão. A gente não pagou e está em discussão”, contou Andrada. “O fato de estar conversando mostra que há algo. Eles podiam dizer que estava no contrato e falar para pagar.” O Consórcio não respondeu as perguntas do UOL sobre o caso até a noite de domingo. 

O aumento do custo com a Vila tem um impacto para os recursos públicos. O orçamento do Comitê Rio-2016 é um só e faltou dinheiro para realizar os Jogos Paraolímpicos. Assim, se houvesse redução dos custos com a Olimpíada, não seria necessário pegar os R$ 250 milhões previstos em recursos públicos.

O Comitê Rio-2016, no entanto, nega que custos extras da Olimpíada tenham causado a falta de dinheiro para os Jogos Paraolímpicos. Sua informação é de que os motivos são a baixa venda de ingressos e de patrocinadores.

O Consórcio Ilha Pura, por sua vez, deu a seguinte posição sobre o custo da Vila Olímpica.

 

"Os imóveis foram entregues pela Ilha Pura em regime de usufruto ao Comitê Rio 2016. O valor total que será pago pelo Comitê Rio 2016 diretamente para Caixa Econômica Federal corresponde aos juros do financiamento para construção que o banco financiador cobrará durante o período de 15 meses, quando os imóveis estarão disponíveis para o Comitê Rio 2016, de acordo com o previsto na legislação do usufruto. Nada foi nem será pago à Ilha Pura a título de aluguel ou algo similar. Em relação à diferença de valor a ser pago à CEF e o valor estimado, a Ilha Pura não fez parte do grupo inicial que tratou da estimativa de orçamento da candidatura na qual foram usados valores baseados em uma quantidade menor de apartamentos, um prazo menor de uso e valores de imóveis de 2008/2009.

A obra foi entregue acabada e os problemas encontrados na chegada das delegações, resolvidos em um prazo de 10 dias desde que a Ilha Pura foi acionada no dia 20 de julho, não guardam nenhuma relação com o "Retrofit". Assim como, não há nenhuma discussão entre a Ilha Pura e a Rio 2016 sobre os serviços de "Retrofit". Após a hospedagem dos atletas olímpicos e paraolímpicos, todas as unidades serão pintadas e revisadas para serem entregues aos moradores de acordo com os memoriais de especificação definitivos." 

http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/22/rio-2016-gasta-r-200-milhoes-em-vila-inacabada-e-tenta-reduzir-custo.htm

Autor / Fonte: Uol

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