Pimenta Bueno: Com uso de adubo orgânico, pequeno produtor prevê ganho de R$ 100 mil anuais

 

O maior exemplo de que a revolução silenciosa chegou aos projetos de assentamento é o nível de conscientização do ex-caminhoneiro Darci Prado, de 62 anos, em Pimenta Bueno, a 514 quilômetros de Porto Velho, na região Centro Sul do Estado de Rondônia.

 

Sem queimar uma folha e nem frutas que amadurecem e caem, ele transforma tudo num composto de adubo orgânico com “cama de frango” para uso na produção de café consorciado com abacaxi, abóbora e melancia. “Eu já fiz as contas e vou faturar R$ 100 mil por ano”.

 

A chácara 51, de dois alqueires – 200 x 400 – que trocou por um caminhão de frete, é um dos 74 lotes do projeto de assentamento Casulo, cerca de 2 km do Instituto Abaitará, e que se tornou rentável em apenas quatro anos.

 

Prado diz que chegou a ser aconselhado a não fechar o negócio. Os moradores afirmavam que a terra era fraca e não produzia nada.Providenciou a correção do solo com o adubo produzido na própria chácara e garante que, sem contabilizar o lucro da colheita de café, projeta um faturamento anual de R$ 100 mil somente com a venda de abacaxi, abóbora, melancia e frango abatido.

 

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São 50 mil mudas de abacaxi produzindo durante cem dias por ano, e cada fruto vendido a R$ 1,50. Dez mil quilos de mandioca acerca de R$ 0,60. De 100 a 200 sacas de abóbora comercializadas a R$ 15,00 a saca e 10 quilos de melancia vendidos toda semana a R$ 6,00. “Então é só usar adubo orgânico e irrigar com técnicas de gotejamento que dá certo”.

 

Prado disse ainda que trabalhou como estivador e motorista de caminhão para criar os filhos que estão formados e morando na cidade. Ficou viúvo recentemente e mora sozinho no sítio de onde não pensa sair.

 

Produção de vida


O engenheiro agrônomo e professor mestre na área Ambiental, Francisco Pedro Vieira, dá aulas de Agroecologia, Planejamento estratégico, Picijovem e Agroindústria familiar no Instituto Abaitará, que começa a transformar o cenário rural rondoniense

 

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Chamado de professor Ceará pelos alunos ele afirma que “quem trabalha na agroecologia produz vida”. Está correto o raciocínio dele, pois o Governo Estadual pretende reverter ameaças do êxodo rural. “Eu não tenho dúvida que a vocação do Estado é essa, com foco na sobrevivência alternativa e uso cada vez menor dos defensivos agrícolas”, ele acrescenta.

 

Para comprovar a eficácia de um experimento de horticultura em  sistema de estufa, ele chegou a plantar 50 mudas de tomate para os alunos aprenderem na prática que o tomateiro morre se a folha da espécie for aguada diretamente.

 

A produção do adubo orgânico é feita no próprio campo de experimentos de horticultura, a partir da compostagem de cama de frango ou de gado com palha de café, capim e outras forrageiras, e leva no mínimo 40 dias para ficar pronto até que os microrganismos produzam os nutrientes indispensáveis à correção de solos cansados.

 

Os alunos Patrick Precato, de 17 anos, e Wyinston Silva de Menezes, de 16 anos, são unânimes ao falar da importância da agroecologia para a saúde da humanidade. “O ensino aqui está mudando a vida de muita gente”, disse Menezes que mora no Sítio Boa Esperança, zona rural de Pimenta Bueno.

 

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Segundo o professor “Ceará”, o adubo está pronto quando a porção volta à temperatura normal. Composto é o resultado da fermentação de materiais orgânicos que resulta em húmus. Fermentação é o processo de transformação de material orgânico por microrganismos (bactérias) também chamado de humificação, com nutrientes mineralizados gerando os macros e micros nutrientes que são essenciais às plantas.

 

Na fermentação, gera-se uma grande quantidade, levando a pilha de composto, em processo de fermentação, a atingir altas temperaturas (70ºC), o que esteriliza o material, eliminando vetores de doenças (fungos, nematoides, bactérias nocivas e outros) e neutralizando as sementes de ervas invasoras.

 

O tomateiro deve ser aguada por meio de gotejamento, por meio de um sistema de sucção elétrico capaz de girar as “bailarinas” para lançar gotas d’água sobre as mudas e folhas. As aulas são teóricas e práticas para todas as especialidades, inclusive o aluno aprende como se elabora projeto de manejo florestal em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Emater, Idaron, Agevisa e outros.


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Texto: Abdoral Cardoso
Fotos: Daiane Mendonça

Autor / Fonte: Site Rul/Abdoral Cardoso

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