Odacir volta ao Senado e pretende governar Porto Velho

  
 
Morador de Rondônia desde 1967, o advogado acreano, jornalista e empresário de comunicação, além de político Odacir Soares retornou ao Senado, após a licença do senador Ivo Cassol (PP-RO) e do primeiro suplente Reditário Cassol, onde permanecerá até o próximo mês de novembro.
 
Político experiente, por isso o apelido de Raposão, com trânsito livre na política nacional, Odacir fala um pouco da sua vida pública (passado, presente e futuro), destacando que pretende, mais uma vez, ser prefeito de Porto Velho, agora via voto direto, nas eleições de 2016. O entrevistado também é o fundador da Faculdade Faro, de Porto Velho, a primeira de Rondônia e da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia-Caerd, sendo o seu primeiro presidente.
 
RONDONIADINAMICA – O que motivou na época o jovem advogado natural do Acre, a deixar o Rio de Janeiro onde era jornalista da Manchete e da Fatos & Fotos para morar em Rondônia?

Odacir Soares – O desafio, a ousadia e a vontade de vencer na vida. Estou em Rondônia desde 1967 e sinto orgulho e satisfação.

RD – E a opção pela vida pública?

Odacir – Está no sangue. Em 1970 assumi a Prefeitura de Porto Velho, a convite do governador Marques Henrique, onde fiquei até 75. O processo político teve continuidade, e em 79 fui eleito deputado federal e em 82, senador, onde exerci o cargo por dois mandatos consecutivos.
 
RD – O senador, além de presidir comissões também esteve na composição da Mesa Diretora?
 
Odacir – É verdade. Participei de várias comissões importantes e fui 1º e 2º secretário do Senado.
 
RD – Foi difícil a transformação do território em Estado? Por quê?
 
Odacir – Muito em razão da ignorância política da época. Sempre achei que os territórios eram apenas meras autarquias, sem nenhuma autonomia e poder de mando. Fui o primeiro político a defender a criação do Estado.
 
RD – No retorno do senador ao Congresso Nacional é possível notar mudança na política nacional?
 
Odacir – Empobreceu bastante, intelectualmente. O Congresso debate esporadicamente questões nacionais, como o Código Tributário. O país precisa de uma reforma política profunda e emergente, mas não há interesse em discuti-la, votá-la. Perde-se muito tempo com discussões fúteis, secundárias, que não levam a lugar algum.
 
RD – O Congresso não é a caixa de ressonância dos problemas nacionais?
 
Odacir – Deveria, mas hoje não é. O Congresso debate temas importantes nacionais e internacionais com o movimento da Grande Imprensa. Perdeu muito da sua formalidade, como acontece com o Judiciário, o Legislativo Federal, o Poder Executivo. Isso atrapalha a tramitação das matérias no seu âmbito.   
 
RD
– O Congresso Nacional é formado por 81 senadores e 513 deputados. Por que no Brasil existem tantos partidos políticos?
 
Odacir – A quantidade de partidos políticos é um exagero, um despropósito político. Estão registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mais de 30 partidos. Isso acaba sendo um balcão de negócios.
 
RD – O político está classificado em patamares baixos perante a opinião pública. Por que rejeição tão grande?
 
Odacir – O descrédito é enorme, mas o Parlamento é o mais transparente dos Poderes, pois está sujeito a lupa da imprensa nacional. Os atos são públicos e de fácil acesso.
 
RD – Mas há inúmeros casos de corrupção?
 
Odacir – Sim, porém são facilmente desvendados, porque rapidamente torna-se público, o que não acontece com o Judiciário, o Ministério Público e o Tribunal de Contas.
 
RD – Como assim?
 
Odacir – Se você quiser saber o salário de um juiz, por exemplo, você não saberá. O de um parlamentar basta entrar na internet para ficar sabendo. O Parlamento não tem penduricalhos. É o mais democrático da República, que fortalece e enfraquece, mas é positivo.
 
RD – Como analisa a Rondônia dos anos 2000?
 
Odacir – Empobrecida intelectualmente. O Estado está estagnado. É muito grande e exige iniciativas ousadas, para fortalecer e consolidar o desenvolvimento econômico e social.
 
RD – Um exemplo?
 
Odacir – A agropecuária. O Estado é vocacionado para o setor e o orçamento da Secretaria de Estado da Agricultura-Seagri é um dos mais baixos. É preciso investir em institutos como o agronômico, do boi, do café; sistema de meteorologia próprio para orientar o produtor rural, inclusive com linhas de crédito.  
 
RD – Como analisa o processo de transposição dos ex-servidores do ex-território para os quadros da União?
 
Odacir – Foi muito mal conduzido. É um direito do servidor que depende de ação coerente e tecnicamente correta. Vou ajudar no processo. Quando Rondônia se transformou em Estado os servidores foram transpostos sem problemas. Estou à disposição dos sindicatos e do procurador do Estado Luciano Alves, para que seja feita uma definição jurídica perfeita.   
 
RD – A agropecuária não tem prioridade no Estado, disse o senador. E a questão fundiária (rural e urbana) também não é uma barreira?
 
Odacir – Não há dúvidas. Nos municípios a falta de interesse dos prefeitos atinge diretamente os ocupantes das áreas. A região do Arigolândia, em Porto Velho é de propriedade do município. Regularizar é uma atribuição do prefeito, mesmo que as terras sejam da União. Vou tratar disso diretamente no setor de Patrimônio da União.
 
RD – No Arigolândia famílias há mais de 40 anos na propriedade dependem da regularização.
 
Odacir – As famílias estão sendo cobradas, perseguidas. A terra é do município. Está faltando trabalho político. Temos que acabar com o excesso de burocracia, que prejudica o cidadão.
 
RD – O senador pretende mesmo disputar a Prefeitura de Porto Velho em 2016?
 
Odacir – É o meu projeto político. O Plano Diretor foi implantado por mim quando prefeito. Hoje Porto Velho é a cidade mais desorganizada do Brasil, sem ordem pública, onde quem manda menos é o prefeito.
 
RD – Qual o caminho?
 
Odacir – Devolver o espaço urbano para a população, mudar a arquitetura e a fisionomia da cidade, devolver as calçadas aos pedestres, implantar creches em período integral, rede de água e esgoto tratado, saúde humanizada, educação modelo. São apenas alguns pontos.
 
RD – De onde virão os recursos para urbanizar e humanizar a cidade, como o senador pretende?
 
Odacir – Parte do orçamento (este ano está estimado em pouco mais de R$ 1,2 bi) anualmente tem que ser destinada a esses investimentos. Além de recursos próprios deve-se buscar apoio do Estado e da União, além das emendas federais. Com uma reserva de R$ 400 mil por ano ao final do mandato teríamos investimento no setor R$ 1,6 milhão.
 
RD – O que mais o senador tem projetado para Porto Velho?
 
Odacir – Gestão pública com secretários e assessores competentes, e não corruptos; que conheça, ama e queira trabalhar em favor da cidade mais importante da Amazônia Legal, pela condição de entroncamento econômico e polo de desenvolvimento estratégico. O rio Madeira é a mais importante riqueza natural de Rondônia e energia produzida por ele tem que ser recompensada com o ICMS cobrado por São Paulo, o maior beneficiado.

Autor / Fonte: WC e rondoniadinamica

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