Se uma novela que surpreende no capítulo final com revelações bombásticas têm seu mérito, o que dizer de "A Regra do Jogo", que fez isso na estreia? A expectativa em torno da nova trama da dupla de sucesso formada por João Emanuel Carneiro e Amora Mautner era grande, e a apresentação da obra não decepciona. Ao contrário: trouxe um primeiro capítulo arrebatador, que prendeu o telespectador o tempo todo. Ponto para a qualidade do elenco, o carisma da vilã e do protagonista, e também para a caixa cênica, que deu um tom de realidade impressionante ao folhetim.

 

A nova novela das nove chega num lugar, no mínimo, curioso. Suceder "Babilônia", que foi considerada por muitos um fracasso do horário, sendo a nova obra dos criadores de um fenômeno recente da telenovela, "Avenida Brasil". Com um elenco chamado pelo autor e diretora de "time dos sonhos" e a técnica de gravação inovadora, desde as chamadas o impacto causado foi grande.

 

Os acertos dessa estreia, que foi aclamada nas redes sociais durante sua exibição, são muitos. A começar pela quantidade de personagens apresentados e maneira natural como foram sendo introduzidos na história. Um prólogo intitulado "Capítulo 1 - A outra face" com a confissão do roubo de Toia foi seguido pelo recurso - bastante usado em filmes e seriados - de voltar na cronologia e retomar a história até ali. E então tudo começa a partir da Caverna da Macaca, em clima de festa.

 

Quem é vilão e quem é mocinha?

Giovanna Antonelli, como costuma fazer em todos os seus trabalhos, roubou a cena e brilhou no capítulo com a risada escancarada e a língua afiada de Atena. Com texto rápido, muito veneno e um figurino de tirar o fôlego, a loira aponta para um sucesso tão grande quanto a Carminha de Adriana Esteves. Do tipo "falsiane"-mor, só nessa primeira parte a estelionatária já aplicou dois golpes na Sumarinha (Karine Telles), a amiga que ela chama de "otária" depois de tê-la enganado.

Entretanto as maldades e o carisma de Atena já eram esperados. A surpresa ficou por conta do lado negro de Romero Rômulo (Alexandre Nero) sendo revelado tão rapidamente. Na maior parte do capítulo ele foi o herói conhecido pelo povo, mas eis que no final, assim comos os próprios reféns de um grande assalto, o bondoso mediador e defensor dos direitos humanos se mostra cúmplice dos bandidos. E então, o público percebe que ele é uma farsa, que tem inclusive outro apartamento.

Muito bem roteirizada, a trama condutora do capítulo - o drama da doença de Djanira (Cassia Kis) - pôs a mocinha Toia (Vanessa Giácomo) em cheque. Intercalada com os outros dois eixos condutores, Atena e Romero, ela deu força história, criando identificação. Como não se comover com uma moça honesta que rouba pra salvar a vida da mãe, depois de ter perdido todas as suas economias num golpe?

Partindo de um ótimo argumento, com texto e direção que dispensam elogios, fortes atuações e uma fotografia impressionante, "A Regra do Jogo" causou na estreia e pode vir a ser uma das melhores novelas dos últimos tempos.

 

(Por Samyta Nunes)

 

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