Lava Jato – Jucá faz piadinha e deixa ao menos uma coisa clara: Medida Provisória tem preço!



Porto Velho, RO –
Num País destroçado pela corrupção fazer troça sobre as gravíssimas denúncias expostas no âmbito da Lava Jato por delatores da Odebrecht não é, nem de longe, a opção mais adequada para os envolvidos que se sentiram injustiçados com a citação de seus nomes.

Por isso, surpreende que Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo Temer no Senado, flagrado em escutas telefônicas em maio do ano passado falando sobre a possibilidade de construir um pacto para ‘estancar essa sangria’, se referindo à Operação Lava Jato, deboche e faça piada da situação.

Por conta das declarações, Jucá, uma semana e meia após ser nomeado ministro do Planejamento já no governo ilegítimo e sem votos, foi obrigado a ‘largar o osso’, tamanho constrangimento causado à República por conta de seus intentos quase obscuros, que passariam às escondidas não fossem as publicações à ocasião.

Quase um ano após o episódio, compreende-se a intencionada empreitada de Romero: a lista do ministro Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), expôs seu nome como o campeão de inquéritos a responder. São cinco, número que só se equipara ao apresentado pelo senador Aécio Neves, de Minas Gerais, presidente nacional do PSDB, derrotado nas eleições de 2014 quando concorreu à Presidência da República.


Jucá, o 'consigliere' de Temer / Foto.: Reprodução (Estadão)

Voltando a Jucá.

O peemedebista resolveu responder ao depoimento prestado pelo lobista da Odebrecht Claudio Melo, que afirmou que a construtora interferiu em quatro propostas de medidas provisórias, chegando a escrever as emendas que deveriam ser colocadas pelo senador no texto.

Segundo o inquérito, Romero Jucá teria recebido notas técnicas do grupo Odebrecht e as transformou em emendas incluídas na Medida Provisória 651/14. Em troca, Jucá pediu que fossem repassados R$ 150 mil em doação a Rodrigo Jucá, seu filho, à época candidato a vice-governador de Roraima.

Aí veio a pérola:

"Esses R$ 150 mil que entraram foram gastos na campanha, não foram gastos pelo candidato Rodrigo Jucá, meu filho, porque ele era vice-governador. [...] Me desculpe a piada que eu vou fazer, mas vou dizer a você o seguinte: não tem sentido alguém pensar que vai se vender aqui uma medida provisória por R$ 150 mil. R$ 150 mil não se vende medida provisória nem na Feira do Paraguai. É uma piada dizer um negócio desses e sabendo da relação que eu tenho com a classe econômica do Brasil", completou.

A caçoada deixa ao menos uma coisa bem clara: Medida Provisória tem preço e Jucá conhece bem as balizas comerciais escusas, inclusive com parâmetros de outras nações. Outra coisa que se pode extrair da fala é que seu apetite por dinheiro, inda que seja lícito, é devastador: R$ 150 mil é mixaria para o congressista, ninharia que não seria aceita nem pelos nossos vizinhos paraguaios (só eu que enxerguei um insulto diplomático na indicação?).

Logisticamente, o membro do Congresso Nacional é péssimo em termos operacionais: em vez de estancar a dita sangria da Lava Jato, tem dado sopapos de machadinha em cima da própria carne já exposta e eviscerada, ampliando a hemorragia causada pela operação.

Autor / Fonte: Vinicius Canova

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