O cárcere amanhã

O cárcere amanhã

Porto Velho, RO – Já falei tantas vezes sobre isso que até cansei de dizer que o PT não detém o monopólio da corrupção. É inútil continuar batendo na mesma tecla porque, honestamente, as pessoas encontram suas verdadeiras motivações para fugir do cotidiano tedioso ao brincar de caça às bruxas. Hoje, claro, a bruxa é o Lula.

Mas e amanhã?

Aqui em Rondônia mesmo vejo empresários, políticos e tantos outros condenados em segunda instância, ou, quando não, prestes a receber o acórdão, comemorando a decretação da prisão mais rápida da história do País. Eles urram, já que o inimigo da nação, na visão deles, merece padecer com os piores suplícios não constitucionais dos anais da República.

Depois do julgamento do habeas corpus do ex-presidente no STF firmou-se, mais uma vez, um novo princípio que já estava estabelecido há pouco, mas ganhou maior higidez processual: a presunção de culpa.

Isso significa, sem maiores esclarecimentos, que o êxtase de agora é o choro copioso de amanhã. A única coisa boa que os maus acontecimentos deixam de legado ao futuro é, justamente, o aprendizado. E geralmente o ensinamento é  incutido da pior maneira possível a quem costuma dar bom dia a cavalo.

O Judiciário fez com que a questão sobre inocência ou não de Luiz Inácio restasse superada. Portanto, embora toda decisão seja questionável, o estágio já é outro. Não preciso ser advogado para temer o assassinato da Constituição Federal; não enxergo apenas na atividade causídica a custódia integral das análises sociais no âmbito jurídico.

Um cidadão comum, simples sujeito alheio ao mundo de protocolos e despachos, precisa entender que as sucessivas violações à Carta Magna, principalmente quando interpretadas à luz de suas colchas de retalho jurisprudênciais, representam a pá de cal naquilo que gostamos de chamar de Estado Democrático de Direito. E clamo ao povo ordinário, das massas, porque não há mais o que esperar da entidade classista instituída à defesa, uma vez que se presta a apoiar o rombo frontal dos direitos de seus supostos protegidos. 

Hoje é o Lula. 

Hoje!

Mas e amanhã?
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Deixo, logo abaixo, a posição do maior antipetista que a imprensa brasileira ostenta: Reinaldo Azevedo, que cunhou, e talvez você não saiba, a expressão petralha – termo que, inclusive, compôs o título de um de seus best-sellers, O País dos Petralhas (2008).

Autor / Fonte: Vinicius Canova

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