Políticos pilantras – Agora em velhas novas embalagens

Políticos pilantras – Agora em velhas novas embalagens

Porto Velho, RO – Impossível não recordar o meu artigo “O Brasil é a cara de Wladimir Costa” ao me deparar com outra figura que fugia, até então, à minha parca memória cultural política: o deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS).

Costa e Marun são extremamente parecidos em confecção, talvez – e isto é apenas uma hipótese, reforço – por se tratarem de metástases de um cancro em estágio terminal: a tal corrupção.

Esta que, embora tenha sido altamente repelida há pouquíssimo tempo em sua forma encarnada, regressou com a mesma rapidez ao estágio vocabular, ou seja, à remota condição de palavra vã na boca das pessoas tão logo o PT fora destituído do Poder.

E mesmo que malas de dinheiro sejam apreendidas lá e cá depois disso e até hoje; homens públicos ditos gabaritados – como o próprio Aécio Neves (PSDB) – recebam indulto de seus pares com a benção do Supremo Tribunal Federal (STF) e um presidente sem votos, democraticamente ilegítimo seja salvo de denúncias jogando carniça aos urubus, o termo que mais reverbera na boca e nos dedos dos brasileiros não passa de mísero substantivo feminino desmaterializado.

E onde se encaixam o parlamentar paraense que tatuou Michel Temer (PMDB) e seu colega metido a dançarino?

Bem, há categorias dentro do gênero pilantragem.

Uns, com parco resquício de vergonha na cara, ou pelo menos nutrindo constrangimento mínimo ao apoiar um criminoso do colarinho branco, que por sinal comanda a República, diga-se de passagem, tentam manter a discrição.

Vão lá, votam, apoiam, sustentam e fazem figas para que a má repercussão não seja tão devastadora – e muitos deles obtêm sucesso. Outros, de natureza escrachada, verdadeiras caricaturas de seres humanos, tripudiam.

Foi o que fez o gaúcho Carlos Marun, eleito pelo Mato Grosso do Sul, ao dançar defronte a jornalistas enquanto parodiava a bela composição “Tudo Está no Seu Lugar” do septuagenário – e em pleno vapor – Benito Di Paula, que não deixou barato.

"Tudo está no seu lugar, graças a Deus, graças a Deus", cantou o político. "Surramos mais uma vez essa oposição, que não consegue nenhuma ganhar", concluiu, adaptando a letra, no ritmo da composição. – trecho da matéria “'Desrespeito', protesta Benito Di Paula após deputado parodiar música sua”, publicada pela Folha

Abaixo, o vídeo com o repúdio do artista (cheio de palavrões, com toda a razão. Acesse por sua conta e risco).

Esses bonecos manipuláveis e que até falam, por incrível que pareça, têm as cordas amarradas ao Jaburu e agem de acordo com as coordenadas que lhe são passadas. Não estão nem aí. Não querem saber da opinião alheia. Não querem saber sobre certo e errado. Simplesmente, agem.

Mas esses cartunescos, cujas velhas novas embalagens já denunciam de antemão o conteúdo, não são os que mais preocupam. É aquilo que se vê, e acredite: a coisa não melhora ao desembrulhar o regalo grego. Já os sonsos, os que passam despercebidos dizendo amém à enxurrada de imundícies do Planalto lá no Congresso e têm ainda o disparate de voltar às suas regiões como se nada tivesse acontecido, mudando de assunto sempre que questionados e evitando celeumas...

Ah, esses são perigosos! E como são...

Autor / Fonte: Vinicius Canova

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