O político turrão de língua afiada que também chora e se arrepende
— Publicada em 03 de março de 2017 às 15:43
Porto Velho, RO – Na próxima segunda-feira (06) o jornal eletrônico Rondônia Dinâmica estreia a seção RD Entrevista. O primeiro convidado sequer pestanejou ao ser advertido de que dois jornalistas de um mesmo veículo de comunicação queriam entrevistá-lo. Trata-se do deputado estadual Hermínio Coelho, do PDT, que já ocupou a Presidência tanto na Assembleia Legislativa (ALE/RO) quanto na Câmara de Vereadores, duas vezes consecutivas em cada uma delas.
Topou antes de saber a pauta. Fui com o repórter fotográfico Gregory Rodriguez até o reduto de ofício do pedetista nesta sexta-feira (03). Esperamos pouco e fomos muito bem tratados pelos servidores. Não houve tratativa prévia para o encontro, que só não ocorreu antes por conta da morte súbita do secretário de Planejamento Luciano dos Santos, na madrugada da última quinta-feira (02), desencadeando luto oficial decretado pelo presidente Maurão de Carvalho (PMDB) fechando as portas do Legislativo.
Confesso que em praticamente dez anos de profissão jamais tive contato com o polêmico parlamentar de língua afiada. Nem indiretamente através de assessoria. Por conta disso, levando em consideração só aquilo que meus olhos viam e meus ouvidos escutavam, me surpreendi com o semblante apresentado por ele assim que passamos pela antessala da secretária e adentramos as dependências do gabinete.
Apático, numa visível e constrangedora prostração, foi alertado, dessa vez pessoalmente, de que nossa conversa não seria panfletária e muito menos teria cunho publicitário.
Hermínio Coelho abre o jogo sobre política, poder, corrupção e futuro / Foto.: Gregory Rodriguez
O aviso parece tê-lo empolgado porque em nossa uma hora e meia de falatório o tradicional Hermínio Coelho foi ressurgindo, tomando de volta sua posição postural e elevando o tom beligerante de seu parlatório, que finalmente regressou à tônica do discurso.
Sobrou para todo mundo.
Hermínio abordou detalhes de sua trajetória política; do envolvimento com o PT; suas considerações sobre o ex-prefeito Roberto Sobrinho e o ex-presidente Lula; falou a respeito da perseguição que diz ter sofrido por parte do estafe do governador Confúcio Moura (PMDB); rechaçou a fama de adepto de jogatinas e alegou jamais ter recebido propina e/ou qualquer proposta indecorosa para apoiar e participar do grupo comandado pelo ex-presidente da ALE/RO Valter Araújo.
O petrolinense, orgulhoso de suas raízes nordestinas, fez questão de explicar coloquialmente cada expressão regional utilizada. O invólucro de turrão só deu espaço ao ser humano emotivo e de olhos cheios d’água quando o assunto trazido à baila fora a prisão de seu filho, Roberto Rivelino Guedes, durante as incursões da ‘Operação Apocalipse’, em 2013.
Naquele mesmo ano, e por conta de desdobramentos da famigerada operação, Hermínio viria a ser afastado de suas funções como presidente da Casa de Leis – e também do mandato de deputado – pela Justiça de Rondônia por um prazo de 15 dias que, findado, fora prorrogado por mais quinze. Foi o maior baque de sua carreira até hoje.
Ele responsabiliza o ex-secretário de Segurança de Confúcio Moura, Marcelo Bessa, pela inclusão de seu nome e envolvimento de sua família. E o porquê disso tudo o leitor saberá, detalhadamente, só na segunda!
A coluna Visão Periférica é publicada às sextas
Autor / Fonte: Vinicius Canova