Mobilidade urbana: um desafio tembem em Porto Velho- por; Daniel Pereira

 
A mobilidade urbana é um dos desafios dos tempos modernos, fruto do crescimento das cidades, seja no Brasil ou no resto do mundo. Basta lembrarmos que o estopim que originou as mobilizações do mês de junho último foi o aumento dos transportes coletivos em São Paulo, devido à brutalidade que a policia paulistana usou para reprimir manifestantes que se posicionavam contra a elevação dos preços do transporte naquela cidade. 


Porto Velho não foge à regra. Cidade sem planejamento algum, não possui vias publicas capazes de atender aos seus cidadãos.


Obras importantes foram iniciadas, mas não foram conclusas, conforme os elevados ao longo da BR 364, que resulta em enorme prejuízo estético e funcional para nossa cidade, causando uma depressão coletiva a todos os moradores de Porto Velho.
Diferente de Brasília, Palmas, Boa Vista, Porto Velho é fruto da ocupação desordenada. Primeiro o povo invade. Depois chega o poder público, quando chega, para ver o que dá para fazer. O resultado final é algo catastrófico, principalmente no tocante à mobilidade urbana, pois não foi deixado espaços para ruas e avenidas, cujos problemas se avolumaram, com a chegada das usinas hidrelétricas do Rio Madeira, com considerável aumento do numero de veículos circulando em nossas vias públicas.
Fazer um projeto capaz de resolver em definitivo a situação caótica do trânsito em Porto Velho não é tarefa fácil, que até agora ninguém consegui fazer de forma definitiva e satisfatório. 


Para melhorar o trânsito em Porto Velho seria necessário aumentar as dimensões das atuais ruas e a avenidas. Tarefa fácil de idealizar, mas de difícil execução, pois a administração Roberto Sobrinho, no melhor momento econômico da história de Porto Velho, teve muitas dificuldades para abrir as avenidas Sete de Setembro e Pinheiro Machado entre as avenidas Rio Madeira e Jorge Teixeira. Para ampliar nossas avenidas e ruas seria necessário desapropriar e indenizar os atuais proprietários ao longo de todos os percursos. Onde estão os recursos para isso?
A administração Mauro Nazif, através da Secretaria Municipal de Trânsito, tem buscado ajudar a população no sagrado direito de ir e vir em nossas vias, com acertos e erros, como é próprio de tudo que é feito pelo ser humano.
Como acerto pode ser citada a posição da administração Mauro Nazif em não permitir o aumento das tarifas de ônibus. Qualifica-se como atos heroicos medidas neste sentido adotadas em todas as cidades do país, mas nada se fala sobre Porto Velho. Se não permitir aumentos em outras cidades merecem elogios, por que não fazê-los aqui também?
No mesmo sentido a busca pela quebra do monopólio dos transportes coletivos, que em Porto Velho é caro e ineficiente. A administração Mauro Nazif, desde os primeiros dias, tem buscado cumprir o compromisso de campanha, quando prometeu que novas empresas prestariam serviços dessa natureza em nossa capital.


Conforme relatos dos técnicos da Secretaria Municipal de Transito de Porto Velho, receberam ordens do prefeito Mauro Nazif para buscar meios para cumprir o compromisso de campanha desde os primeiros dias, mas depararam com uma situação intrigante, pois a Prefeitura local nunca fizera a menor notificação às empresas de ônibus portovelhenses, seja por excesso de passageiros, por falta de ar condicionada, por falta de cumprimento de roteiro e horário, por ônibus velhos, que não ofereciam segurança aos passageiros. Parecia até que se tratava de empresas que ofereciam serviços da mesma qualidade dos ofertados em Londres, Nova York, Paris, etc. Tudo maravilhoso. Pelo menos aos olhos da então administração municipal. 
Para poder quebrar o monopólio hoje existente a administração municipal teve que primeiro adotar medidas administrativa para demonstrar que as empresas prestadoras de serviços de transporte coletivo não cumpriam o contrato celebrado com a municipalidade local, para posteriormente ir à justiça para pleitear mudanças na prestação de serviços, com novas opções, conseguido graças ao trabalho eficiente da Procuradoria Geral do município, dirigida pelo diligente Dr. Carlos Dobbis. Estava aberta a possibilidade de novas empresas no transporte do povo portovelhense.


A prefeitura anuncia nos próximos dias o resultado de uma licitação para nova prestadora de serviços, com exigências de padrão mínimo de qualidade. Pode ser o começo de uma nova forma de atendimento aos usuários do transporte coletivo em nossa cidade. 


Recentemente a Secretaria Municipal de Transito anunciou que cobraria taxas de uso de estacionamento na Av. Sete de Setembro, fixando as chamadas zonas azuis, delimitando tempo para uso naquela via pública, provocando enormes descontentamentos. Tal medida é antipática, pois todos, inclusive vendedores ambulantes e os próprios comerciantes ali estabelecidos, estacionam na manhã e só saem à noite, usando de graça um espaço público durante o dia inteiro, sem ser incomodado por ninguém, monopolizando aquilo que deveria ser público. Na verdade, deveríamos era enfrentar de frente o verdadeiro problema: não podemos estacionar na Av. Sete de Setembro, pelo menos nas proximidades dos principais pontos comerciais. É assim que funciona em qualquer cidade do país. Por que aqui tem que ser diferente? Voltamos na falta de planejamento e crescimento desordenado. Não temos espaços públicos para estacionamento, os estabelecimentos comerciais e prédios residenciais foram construídos sem a exigência de ofertar estacionamento aos seus usuários. É um problema estrutural de Porto Velho. Difícil de ser solucionado.


Além das medidas supra, a Secretaria Municipal de Transito de Porto Velho está informando que irá mudar o sentido de rolamento de algumas vias públicas, mais precisamente as Av. Sete de Setembro e Rua Almirante Barroso. Até o presente momento somente conhecemos uma justificativa para tal medida: a de que vamos poder admirar o Rio Madeira. A nosso ver, justificativa muito frágil para gastar dinheiro público, pois em nada vai mudar a vida do cidadão, pois somente transfere os problemas de lugares e horários. É necessário que os responsáveis pelo setor de transito em Porto Velho promova uma audiência pública com os interessados, na verdade toda a população de Porto Velho passa por ali, para explicar em que a vida de nossos cidadãos vai melhorar com as noveis medidas adotadas por aquela repartição, principalmente porque tais roteiros já são feitos há mais de trinta anos, implantados no dia a dia do povo de nossa cidade, além de termos custos para sua implantação, que precisam ser justificados à luz do interesse público, pois não temos dinheiro para gastar de forma inadequada, que pode ser muito bem aproveitado para sinalizar o trânsito em outras localidades ou mesmo fazer manutenção nas atuais vias públicas, que infelizmente estão em situação deplorável.


Parabéns à administração portovelhense pela recusa em aumentar as tarifas de ônibus, pela realização de licitação para novas prestadoras de transporte coletivo, por enfrentar os problemas de estacionamento na Av. Sete de Setembro, mas, nas medias recém-anunciadas, podem no mínimo esperar mais um pouco para ser implementadas, fazendo-o somente após ficar demonstrado que o trânsito de Porto Velho vai melhorar. Achamos que assim seja mais razoável.
 
* Daniel Pereira é advogado, presidente do Sindsef, militante do PSB e residente em Porto Velho há dezoito anos.

Autor / Fonte: Daniel Pereira

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