Indígenas usam tecnologia para preservar a floresta

 Indígenas de Rondônia, Pará, Amazonas e  Mato Grosso se reúnem em Cacoal

Rondônia, Pará, Amazonas e Mato Grosso: vigilância


Indígenas de 30 etnias de Rondônia, Pará, Mato Grosso e Amazonas reunidos em Cacoal avançam na defesa de seus territórios com o uso de tecnologia.  O encontro Tecnologias da Informação e Comunicação para Gestão de Terras Indígenas e Unidades de Conservação na Amazônia segue até quinta (22), com a presença de representantes da empresa de tecnologia Google, dos Estados Unidos.

 

O objetivo principal do encontro é apresentar para as outras etnias indígenas, a parceria que o povo Paíter Suruí e o Google mantêm desde 2007 e apresentar resultados das experiências vividas pelos indígenas.

 

A parceria entre os indígenas da etnia Paíter Suruí e o Google começou quando o líder maior desse povo procurou a empresa em 2007. Ao conhecer, por acaso, o Google Earth, Almir entendeu que esta seria uma ferramenta útil para monitorar o desmatamento de sua floresta. Foi com este pensamento que Almir Suruí procurou o Google e propôs para a coordenadora do Google Earth, Rebecca Moore, uma troca: o Google forneceria aos Paiter Suruis a tecnologia para ser utilizada a favor da floresta e em contra partida os indígenas forneceriam ao Google o conhecimento da floresta.

 

“O chefe Almir não veio apenas com desafios para o Google, ele nos trouxe ideias concretas para uma parceria. Mostrou-nos, através da nossa própria ferramenta, que o Google Earth só tinha informações das grandes cidades, dos grandes centros. Não havia informação sobre essa parte da região amazônica (ocidental), parecia que ninguém morava ali, que os Suruís não existiam, e o Almir nos propôs reverter isso”, destacou Rebecca.

 

Segundo Almir, quando a equipe do Google viu por satélite imagens da floresta preservada, mas cercada pelo desmatamento, impressionou-se. Na oportunidade, ele desafiou: “Vocês podem entender tudo de tecnologia, mas não entendem nada de floresta, por isso nós ensinamos vocês sobre as florestas e vocês nos ajudam a proteger as florestas com tecnologia”.

 

População menor e desmatamento

Para Rebecca, conhecer a realidade Suruí, foi determinante para que a parceria fosse concretizada. “Almir nos ensinou toda a história do povo Suruí”, contou. Referiu-se, por exemplo, à redução da população de cinco mil para trezentos indígenas; de como suas florestas estavam sendo desmatadas. Ele nos falou sobre a necessidade de controlar o desmatamento ilegal para ajudar a preservar sua terra e seu povo, por meio da tecnologia, do monitoramento e foi daí que surgiu a parceria”.

 

Almir falou dos primeiros passos a serem dados para que a parceria desse certo. Segundo ele, a primeira atitude foi ensinar ao seu povo o que é tecnologia, para que serve, como usar e saber usar. “O primeiro passo foi ensinar ao nosso povo que tecnologia é bom, mas tem perigos. Compreender a tecnologia foi o primeiro passo para o bem comum do nosso povo”.

Novas parcerias

 

O encontro em Cacoal permite ao Google conhecer e conferir os resultados dos primeiros anos desta parceria com os Suruis, e permite também apresentar aos indígenas de outras etnias, convidados para o encontro, a experiência dos Suruis. Com todas estas informações sendo discutidas, se torna possível traçar planos para estender a parceria do Google com outras etnias.

 

“Gostaríamos de estender esta experiência para todos os povos indígenas que querem proteger seu povo com a ajuda da tecnologia. Mas nós não queríamos estender sem que antes pudéssemos ver os resultados desta experiência com os Suruís e este encontro é justamente para isso. Para discutirmos todo o projeto e traçar metas para expandi-lo”, explicou Rebecca.

 

De acordo com a coordenadora do Google Earth, o objetivo é construir um plano de como integrar o máximo possível, dentro de todos os fatores limitantes que existem. “Por isso a importância deste encontro, para compartilharmos experiências, conhecimento”.

 

Ao falar com os indígenas presentes ao encontro em Cacoal, Almir destacou os avanços que a parceria com o Google trouxe para o bem do meio ambiente. “Nós temos esta parceria, de uma nova visão, para que a tecnologia seja utilizada para o bem de nós, seres humanos. Esse trabalho tem significado o sucesso, o avanço de um povo. Cuidar da nossa terra, do nosso meio ambiente é a nossa missão”, declarou Almir.

 

Rebecca ressaltou a grandiosidade do projeto. “Tem sido uma honra trabalhar com eles nestes sete anos e acompanhar o sucesso deste trabalho. Estamos aqui para aprender sobre essas conquistas e para escutar as demandas, as ideias dos Suruís. Eles constituem um povo pequeno, em número, mas estão sendo vistos e acompanhados pelo mundo inteiro, através desta parceria”. 

Autor / Fonte: Giliane Perin - decom

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