Famílias de PMs bloqueiam quartéis, e Brigada Militar não sai para patrulhamento no Rio Grande do Sul


Protesto acontece pelo atraso nos salários dos funcionários públicos do estado.
© Foto: Mateus Bruxel/Agência RBS/O Globo Protesto acontece pelo atraso nos salários dos funcionários públicos do estado.

 

Dois batalhões da Brigada Militar em Porto Alegre amanheceram bloqueados por familiares de policiais em protesto pelo atraso nos salários dos funcionários públicos do Rio Grande do Sul, anunciado na sexta-feira pelo governo. Viaturas e soldados foram impedidos de ir para as ruas no 9º BPM, que atende a 15 bairros da região central da cidade, e no 1º BPM, que atende à zona sul. A Associação das Esposas de Brigadianos promete manter os bloqueios até meio-dia.

 

Com cartazes e faixas criticando o “arrocho salarial” do governador José Ivo Sartori (PMDB), as famílias de PMs começaram a se postar em frente aos quartéis ainda de madrugada. Segundo o comando do 9º BPM, o batalhão conseguiu colocar 10 viaturas e 20 patrulheiros nas ruas – número insuficiente para atender à demanda. Houve reforço de alunos da Academia de Policia Militar.

 

O comandante do 9º BPM, coronel Francisco Vieira, recomendou que a população não vá ao centro da cidade “se não for estritamente necessário”. O policiamento, de acordo com ele, se restringirá “ao mínimo necessário”. Durante a madrugada, também houve queima de pneus em protesto nas cidades de Sapucaia do Sul, Esteio e Estância Velha – todas na região metropolitana.

 

O aquartelamento havia sido anunciado na sexta-feira, logo depois da oficialização do atraso nos salários de 163 mil servidores públicos do Estado. A medida afetou 85% dos servidores da área da segurança pública. O Estado pagou salários líquidos até R$ 2.150 e promete depositar mais R$ 1 mil no dia 13, além de liquidar a folha até dia 25 de agosto – uma semana antes do prazo para depositar a folha deste mês.

 

No interior, houve operação padrão no final de semana em batalhões da Brigada Militar de Santana do Livramento, Caxias do Sul e Pelotas e Porto Alegre. Os PMs se recusaram a sair dos quartéis em viaturas com irregularidades ou com equipamentos vencidos. Muitos brigadianos foram trabalhar de tênis, em protesto pela falta de coturnos para as atividades de patrulhamento. Nesta manhã, os procedimentos estão sendo mantidos também em várias cidades do interior.

 

Nas escolas estaduais também não há aulas nesta segunda-feira. As principais unidades de Porto Alegre permanecerem fechadas e sem alunos. O Cpers/Sindicato, que representa os professores estaduais, recomendou que os pais não enviem os estudantes às escolas pois o dia será de paralisação. No interior, segundo o Cpers, a adesão também é grande.

 

Alegando falta de segurança, motoristas e cobradores da Companhia Carris – que detém as principais linhas de Porto Alegre – não tiraram os ônibus da empresa da garagem. Uma assembleia nesta manhã deverá definir os rumos do movimento para a tarde.

 

Também os bancos não deverão funcionar nesta segunda-feira no Estado devido à falta de policiamento. No domingo, atendendo a uma ação movida na sexta-feira pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (Sindibancários) e pela Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos Bancários do Rio Grande do Sul, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) concedeu liminar determinando que os bancos não abram nas cidades onde não houver policiamento ostensivo nas ruas.

 

Servidores públicos de vários órgãos, incluindo serviços de saúde, também prometem paralisar as atividades nesta segunda-feira. Sindicatos e associações marcaram uma manifestação para o início da tarde em frente ao Palácio Piratini, que já está isolado.

 

O governo do Estado divulgou nota às 23h30 do domingo em que afirma respeitar a legitimidade das manifestações, mas que “fará todos os esforços para manter a normalidade dos serviços públicos”. De acordo com a nota, as medidas “severas de austeridade” foram adotadas para “manter a governabilidade”.

 

“O governador José Ivo Sartori determinou que todas as equipes de governo mantenham permanente diálogo com os servidores e seus representantes, especialmente os secretários da Casa Civil, da Segurança Pública, da Educação e da Saúde. A crise é estrutural e não será resolvida pelo velho radicalismo político. O enfrentamento real e decisivo depende da união de todos os gaúchos” diz a nota.

 

Nesta terça-feira, Sartori tem audiência com a presidente Dilma Rousseff em Brasília onde irá comunicar que não vai pagar a parcela da dívida de R$ 280 milhões em agosto, o que pode acarretar medidas de represália por parte da União. O secretário da Fazenda, Giovani Feltes, informou que o déficit de julho nas contas do Estado chegou a R$ 882 milhões.

 

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Autor / Fonte: Ag�ncia O Globo

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