Turistas brasileiros na Grécia já estão sentindo as dificuldades com as limitações impostas ao sistema bancário grego pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras. O fechamento das agências bancárias em todo o país desde a última segunda-feira e o limite diário de € 60 imposto aos saques dos cidadãos já estão afetando a vida de quem optou por viajar sem levar dinheiro vivo. 

 

Na capital Atenas, contaram turistas entrevistados pela reportagem na entrada da Acrópole, um dos principais pontos turísticos da cidade, por enquanto não houve dificuldades para a retirada de dinheiro. No entanto, um grupo de estudantes brasileiros que visitou as ilhas turísticas de Santorini e Mykonos percebeu que o abastecimento dos caixas eletrônicos não está sendo regular. “Tivemos de ir a quatro ou cinco caixas eletrônicos para retirar dinheiro”, conta a estudante Gabriela Torres, que está viajando com o grupo de amigos.

 

Ela é aluna do programa ciências sem fronteiras e atualmente faz um ano de sua graduação na França. Os turistas alertam que alguns comerciantes das ilhas não estão aceitando cartão de crédito – neste momento, a preferência é por dinheiro vivo.

ctv-qrn-turistas: Estudantes brasileiros na Acrópole: dificuldades nas ilhas gregas

© Fornecido por Estadão Estudantes brasileiros na Acrópole: dificuldades nas ilhas gregas

 

 

 A opção dos comerciantes tem razão de ser. Embora o fim do feriado bancário esteja marcado para terça-feira, a presidente do conselho do Banco Nacional da Grécia, Louka Katseli, já afirmou que os caixas eletrônicos correm o risco de ficar vazios a partir de segunda-feira. Isso pode acarretar a redução ainda maior do limite para saques diários até que o Banco Central Europeu (BCE) faça um repasse para garantir a liquidez do sistema grego. 

 

Enquanto isso, todos os gregos – inclusive aqueles que vivem do dinheiro dos turistas – não têm interesse em receber dinheiro em conta-corrente (para onde vão os repasses dos cartões de crédito). Temendo ficar sem dinheiro na próxima parada da viagem, o grupo de estudantes resolveu fazer saques mais altos em Atenas para garantir fundos até voltarem para casa. Os brasileiros que estão viajando pela Europa também estão um pouco confusos sobre as razões do plebiscito deste domingo. A maioria acha que a decisão é sobre a permanência ou não da Grécia na União Europeia.

 

Não é o caso: por enquanto, os gregos vão às urnas somente para dizer se aceitam as condições impostas pela União Europeia para renegociar a dívida e fazer novos repasses de recursos ao país. Melhor prevenir. Por via das dúvidas, as famílias estão preferindo a prevenção. A família Lima – Luiza, Regina e Felipe – viaja com a amiga Carla Reale pela Europa. Os turistas paraenses estão fazendo um tour de 30 dias e chegaram a Atenas no sábado, vindos da Itália. Sabendo das dificuldades na Grécia, a ordem foi passar a segurar o dinheiro. “Disse para segurarmos os gastos na Itália, por garantia”, conta Regina. O grupo vai para as ilhas gregas nos próximos dias.

ctv-kyz-estudantes: Turistas paraenses em Atenas: economia para esticar dinheiro da viagem

© Fornecido por Estadão Turistas paraenses em Atenas: economia para esticar dinheiro da viagem

 

 

 Já o comerciante Luciano Bordin, de São Paulo, que viaja com a esposa Silvana e a filha Nicole, afirma que trocou dinheiro suficiente para todo o trajeto – que vai incluir oito dias nas ilhas gregas – ao chegar à Europa (a família já passou por Bruxelas e Amsterdã). Para garantir que não faltará dinheiro até a volta ao Brasil, Silvana tem uma receita: “Nada de ir ao shopping”, diz ela, olhando para Nicole. 

 

A família Lima, no entanto, achou um lado bom na crise grega. Segundo eles, os preços da alimentação e do transporte estão bem mais em conta em comparação à Itália e até mesmo à Croácia, dois países que já visitaram na viagem. Gostaram também do transporte público grátis. Por causa do limite de saques imposto aos cidadãos gregos, o governo também suspendeu a cobrança de bilhetes até segunda-feira.