Escola municipal funciona em prédio cedido por associação

Escola municipal funciona em prédio cedido por associação

Escola funciona em estrutura cedida por associação (Foto: Júnior Freitas/G1)

Cerca de 40 alunos de 1ª a 5ª série do ensino fundamental dividem um prédio cedido por uma associação de moradores para atender a Escola Municipal Helena Menezes Ruiz na zona rural de Guajará-Mirim (RO), cidade localizada na fronteira com a Bolívia, distante a 330 quilômetros de Porto Velho. Os pais reivindicam a construção de um prédio escolar com e também a implantação do ensino pré-escolar para atender a demanda na comunidade.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), não existe uma previsão para a construção de uma escola na região, mas que está prevista a contratação de novos professores através de concurso público, que deve acontecer ainda este ano conforme o planejamento da prefeitura.

Queixa dos pais e dificuldade dos professores

Ao G1, uma mãe que preferiu não se identificar, contou que o prédio onde as crianças assistem as aulas é da Associação de Moradores da Comara (Amacne) e que se não fosse a instituição os alunos da comunidade não teriam onde estudar. Ela acredita que o fato do mesmo espaço ser ocupado por crianças de outras séries e de diferentes faixas etárias é prejudicial ao aprendizado.

“Graças a Deus existe o prédio da associação que foi cedido para atender nossos filhos. Queremos que o poder público olhe para as escolas na zona rural com mais carinho, não só aqui, mas também nas outras localidades. A dificuldade que enfrentamos é a mesma que os outros pais enfrentam em outras escolas, tudo com muito sacrifício”, desabafou a dona de casa.

Um pai de um dos alunos que estuda pela manhã, que também preferiu não se identificar alegando medo de represália, disse que os professores atendem bem os alunos, mas que a falta de estrutura e de um espaço físico adequado para as aulas prejudica o ano letivo, já que a escola funciona com o método de ensino multisseriado.

“São várias séries em uma sala só, com alunos de várias idades juntos. O certo seria ter uma escola com salas separadas e também o pré para os alunos, mas até hoje nunca foi construído nada aqui”, comentou o trabalhador.

Servidor diz que a principal dificuldade é a falta de uma estrutura adequada para aplicar as aulas (Foto: Júnior Freitas/G1)

Segundo o professor Adão Aquerlei, que exerce a profissão há 29 anos, o método multisseriado é comum nas escolas da zona rural. No período matutino uma professora atende 17 alunos da 1ª, 2ª e 3ª série, já durante a tarde ele é encarregado de 23 alunos da 4ª e 5ª série, totalizando uma demanda de 40 estudantes nos dois turnos.

Para o servidor, a principal dificuldade no serviço é a falta de um ambiente adequado para aplicar as aulas, mas apesar da divisão do espaço físico ele acredita que o prejuízo na aprendizagem é mínimo.

“O que falta é um ambiente adequado, uma escola apropriada e não um prédio cedido pela comunidade, havendo essa estrutura total seria o ideal para garantir um melhor rendimento. Dividir o espaço não é tão prejudicial, pois a gente faz o possível todos os dias para que todos aprendam da melhor forma. A comunidade também pede a implantação do ensino pré-escolar para começar a alfabetizar os filhos a partis dos 5 anos de idade, que a modalidade que falta aqui”, declarou Adão.

Posicionamento da Semed

Procurada pela equipe de reportagem do G1, a coordenadora pedagógica Maria Elenilce do Carmo e o coordenador técnico da Semad, Samuel Rodrigues, disseram que o problema da construção de escolas polos existe em todo o território nacional e que em Guajará-Mirim um dos principais problemas é a falta de professores para atender a baixa demanda de séries específicas do ensino fundamental, como é o caso da Instituição Helena Menezes Ruiz.

Maria Elenilce afirmou que além do problema da infraestrutura, o município não tem condições de fazer novas construções de escolas polos que atenderiam as séries específicas de forma separada e justificou que o ensino multisseriado nas escolas rurais acontece pelo baixo quantitativo de alunos.

“Se existisse (escola polo) nós teríamos um quantitativo de no mínimo dez alunos para um professor, tem semestres que temos dois alunos em determinada série. De repente acontece a migração dos pais para outra localidade e quando esse aluno sai o quantitativo diminui ainda mais, por isso existe apenas um professor para essa demanda, porque é pouco", explica.

Ainda de acordo com a coordenadora, existe um concurso público em andamento para a contratação imediata de professores, porém a quantidade que o município precisa está fora da realidade financeira atual.

“Não podemos contratar imediatamente porque estamos passando por dificuldades, tanto que a carga horária do professor municipal hoje é de 27 horas e muitos pegam complementação dessa carga horária, chegando a trabalhar até 40 horas semanais, o que os deixa sobrecarregados, pois essa foi a forma que o sistema encontrou para que os salários fossem mantidos em dia. Não existe a possibilidade de manter quatro professores na Escola Helena Ruiz porque a estrutura do local não permite, seria necessário fazer uma ampliação ou reforma do prédio”, justificou.

Autor / Fonte: Júnior Freitas, G1 Guajará-Mirim e Região

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