Eleições de 2018: com golpes abaixo da cintura

Eleições de 2018: com golpes abaixo da cintura

RESENHA POLÍTICA ROBSON OLIVEIRA

RETORNO – Depois de quase um mês longe do teclado, voltamos revigorados por um ano que promete muito na área política já que o eleitor será convocado para escolher nas urnas presidente, governador, senador, deputado federal e estadual. É também o ano em que a Força Tarefa do Ministério Público Federal promete ser a “batalha final” da operação Lava Jato. Portanto, serão meses para nervos fortes.  

CUM GRANU SALIS –  O ano começa com o julgamento do Recurso de Apelação do ex-presidente Lula contra a decisão do juiz Sérgio Moro que o condenou a mais de nove anos em regime fechado. O recurso está pautado para o próximo dia 24, no Tribunal Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Há uma expectativa enorme em torno do julgamento pelos apoiadores de Lula e pelos detratores do ex-presidente, visto que lidera todos os cenários para presidente da República. O que se espera é uma decisão justa: bem fundamentada, com ponderação, parcimônia e moderação.  Independente das paixões e ódios que o caso provoca.

MASSACRE – Individualmente Lula é de longe a maior liderança política do país, quer queiram ou não. Ninguém sobrevive com tanta força aos fatos que emergiram dos tapetes palacianos nem ao massacre das centenas de manchetes com denúncias tão arrasadoras. Ele sobreviveu. Sem adentrar ao mérito de culpado ou inocente (caberá ao Judiciário), caso Lula registre a candidatura, vai ao segundo turno. O grande desafio é conseguir resistir ao novo massacre que virá com a “batalha final” da Lava Jato. A coluna, pela experiência em campanha, duvida que o ex-presidente tenha tanto fôlego para resistir a um segundo turno que promete ser nitroglicerina pura. Mesmo sendo a liderança carismática que é. Um lembrete aos petistas chatos de plantão: duvidar não significa adivinhar.

REUNIÃO – Deu muito o que falar nos bastidores do tucanato uma reunião ocorrida entre o governador Confúcio Moura (PMDB) e o clã dos Carvalhos, ocorrida na semana natalina na residência de Aparício Carvalho (PSDB). Publicamente os anfitriões divulgaram como sendo uma visita de cortesia, mas nas coxias tucanas comenta-se que a deputada federal Mariana Carvalho, presidente do PSDB, teria convidado o governador para se aninhar no PSDB. Como há uma enorme expectativa em torno de uma suposta candidatura ao Senado, Moura precisará mudar de partido para conseguir registrar a candidatura, haja vista que no PMDB dificilmente o senador Valdir Raupp permitirá um concorrente. O clã dos Carvalhos sempre torceu o nariz para os caciques de Rolim de Moura. Do menu servido na reunião restou o cheiro de gordura no ar...

ABRIL – Quem conhece Confúcio Moura sabe que ele é um mestre em despistar os passos a seguir na política para evitar ser fritado no meio do caminho. Mas na hora exata ele define sempre no sentido do óbvio. Todos vão ter que esperar abril para que ele anuncie que é candidatíssimo a senador. Até lá muita especulação e conjecturas vão surgir na mídia. Inclusive aqui. Embora o final todos intimamente saibam qual é.

DISPUTA – Apesar dos prognósticos apontarem o governador como um forte a se eleger a senador, a campanha deste ano não vai ser um passeio como todos acham que será. Vai ser bem disputada com golpes abaixo da cintura. Não há candidato eleito antes da apuração das urnas. Quando K-Sol renunciou o governo para disputar uma vaga senatorial ele cantarolava por onde passava que se elegeria fácil e levaria com ele um Tiziu. Tomou uma sova de Valdir Raupp e piou baixo nesses oito anos de Senado Federal. Já Tiziu retornou para Ariquemes sem ninguém ouvir os seus grunhidos. Quem achar que as eleições vão ser um passeio poderá ser surpreendido. Vai ter disputa duríssima. Em todos os níveis.

APOSTA -  Outra campanha que tende a ser bem disputada é para a vaga de deputado federal. Seja pelos nomes novos que estão aparecendo, seja pelo desgaste que parte da bancada acumulou nesses últimos quatro anos. A tendência é que metade dessa bancada seja barrada nas urnas. O que não é pouco coisa.

PESQUISA – A partir de agora até as eleições a coluna comentará somente as pesquisas legalmente registradas junto ao Tribunal Regional Eleitoral. Ainda assim com a parcimônia pela experiência de eventuais dados manipulados de outros pleitos. Em particular de prefeito da capital. Conheço todos os institutos que todas as eleições apuram pesquisas em Rondônia e aprendi nesses anos sequer perder tempo com os dados colhidos por alguns deles, embora haja muita gente boa nessa área aqui. Não esqueçamos que o IBOPE também registra as suas em Rondônia: e invariavelmente errou a maioria.

PEDALADA – Duas pedalas ficais foram dadas pelo presidente Michel Temer para maquiar as contas públicas. A primeira foi mexer no fundo do FGTS para capitalizar a Caixa Econômica que usou seu lastro para salvar governos perdulários que quebraram seus estados. A segunda, a chama “Regra de Ouro”, um dos pilares da estabilidade fiscal. O governo quer mudar a constituição para gastar mais do que arrecada. Por algo parecido Dilma Rousseff perdeu o cargo. O Congresso, nesse momento, não vê nada demais nestas pedalas. Por essas e outras razões os defenestrados da presidência falam que houve um golpe. E podem estar cobertos de razões. 

Autor / Fonte: Robson Oliveira

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