Editorial – Um PT fracionado nacionalmente e ainda mais esmigalhado em Rondônia

Editorial – Um PT fracionado nacionalmente e ainda mais esmigalhado em Rondônia

A ex-senadora Fátima Cleide; o ex-prefeito Roberto Sobrinho e o deputado Lazinho da Fetagro: os expoentes do PT

Porto Velho, RO – O que aconteceu com o PT em Rondônia? Esta é uma pergunta que várias pessoas fazem levando em conta o poderio ostentado pela sigla há pouquíssimo tempo na Assembleia Legislativa (ALE/RO), em diversas prefeituras e também nas câmaras de vereadores. Havia influência fortíssima, inclusive, no Governo de Rondônia, à época comandado pelo senador Ivo Cassol (PP).

Desde o impeachment de Dilma Rousseff, considerado legítimo por uns e tachado de golpe por outros tantos, a legenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu força nacionalmente não só pelo desdobramento social causado pela polarização direita/esquerda, mas principalmente pela evasão e aquartelamento de seus membros de trincheira mais aguerridos. Defendê-la tornou-se ação tão impopular que até o aliado Acir Gurgacz (PDT), senador de Rondônia, votou a favor da queda por "governabilidade". À ocasião o pedetista chegou a dizer que não houve crime de responsabilidade. 


Senador que votou pelo impeachment até hoje reconhece esforços do governo Dilma por Rondônia

Por aqui, até a militância evaporou subdividida – e não identificada – em manifestações, protestos e deliberações aqui e acolá, como em intervenções sindicais e outros pleitos sociais, porém sem o furor de outrora.

O orgulho em exibir as cores da onda vermelha trazida por um Lula ainda não criminalizado há quase duas décadas deu lugar ao receio de comprometimento com um eleitorado transformado, agora metido a conservador e neoliberal: a moda do momento até segunda ordem.

O poderio do espectro lulista, maior que o petismo em si, sagrou – por duas vezes – o ex-prefeito de Porto Velho Roberto Sobrinho, levando o professor ao comando do município por longos oito anos.


Quando dinheiro do governo jorrava em Rondônia Cassol não tinha problemas com a esquerda

Quando disputou a reeleição, voltou ao cargo vencendo no primeiro turno com 59,51% dos votos válidos.

E é sintomático que não houvesse sequer comunicação de extrema direita à ocasião quando o saudoso articulador Odair Cordeiro, fundador e líder do PT em Rondônia, era vivo, vivíssimo. Naquele período, aliás, quem falava em direita e esquerda com essa profusão idiotizada e robótica?

Hoje, desaprumados, os petistas tentam se reorganizar para 2018. Mas se no Brasil o partido já está fracionado e potencialmente combalido, aqui a realidade é ainda pior.

Três frentes tentam reagrupar sua parcela esmigalhada de poder e influência a fim de reerguer a legenda. Sem comunicação interna e com as mesmas disputas de ego do passado, Sobrinho, a ex-senadora Fátima Cleide e o deputado estadual Lazinho da Fetagro querem o comando da sigla sem fazer concessões.


Odair Cordeiro: quando vivo, não havia anticomunistas

Fátima Cleide, inclusive, é uma liderança política rondoniense extremamente significativa que, num momento de instabilidade político-social patrocinada pelo governo Temer, optou pelo aquartelamento. Foi uma congressista que passou incólume pela política sem receber a pecha da corrupção. É uma expressão que deve ser respeitada pela história e atuação na vida pública.

Lazinho, por outro lado, expande a popularidade no interior defendendo pautas menos polêmicas – e imprescindíveis – como ampla discussão acerca da reforma agrária e discursos contra latifundiários.


O deputado federal Lindomar Garçon (PRB): ele, sempre ele

Com isso, dribla as polêmicas, mantém eleitores e conquista outros tantos fazendo o possível para não expor ideologia em palavras e ações. Cresce a cada dia e detém plenas condições de conduzir o leme.

Sobrinho, que se considera injustiçado fora recentemente agraciado com decisão do Tribunal de Contas (TCE/RO). Os conselheiros acataram recurso do ex-prefeito aprovando suas contas. Ele quer regressar com força total e tem grupo para isso.  


Antes de votar pelo impeachment, Garçon era só chamego

Fragmentado dentro e fora, o PT precisa de comunicação para reestruturar-se. O baque de 2016 denota novas tendências em relação a preferências, mas estas, aos poucos, demonstram parca eficácia, e o exemplo mais palatável é o do prefeito de São Paulo João Doria (PSDB).  Doria triplicou a rejeição em um ano, alcançando 39%, desmistificando a figura folclórica do “político não político”. A margem negativa é um tapete vermelho para desfile de novos e antigos políticos.

Além de pensar em unificação regional, os petistas precisam manter o furor e o peito aberto para defender o que acreditam. E é imperiosa a participação do PT como partido nesse processo de remodelação.

Do apogeu à lona, a estrela ainda vive e está no paréo. 

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

Comentários

Leia Também