Editorial: Confúcio deixou claro de que lado irá ficar na questão dos conflitos agrários

 

Porto Velho RO - Os invasores de terra alheia que se cuidem! E o alerta não é nosso, mas sim do próprio governador do Estado, Confúcio Moura, do PMDB, que deu o tom das ações que deverá tomar em entrevista destacada pelo site Rondônia Vip. 

“Essa parte [acabar com os conflitos agrários] é uma soma de ações. O primeiro passo para acabar com os conflitos agrários é documentar as propriedades. Na hora que você coloca no papel os lotes, sítios e fazendas, fazendo a regularidade e dando as escrituras, a gente já diminui muito os conflitos agrários. Geralmente, isso ocorre em áreas de posse, que não são documentadas. No passado, a pessoa ocupou, montou uma fazenda e essa informação é repassada a esses movimentos que vão atormentar uma pessoa que já está no local há pelo menos 30 anos", disse.

Em seguida, concluiu:

"A pessoa investiu uma vida em uma fazenda que é muito cara e vem os movimentos para ocupar a área, gerando conflitos tanto da parte do fazendeiro como dessas pessoas. Na nossa região, essa violência tem surgido de uma maneira brutal, com cenários de barbárie, com características de terrorismo, que desafia a autoridade policial estadual, que nós do Estado de Rondônia temos uma polícia respeitada. Se fizer uma pesquisa de opinião na cidade, a população confia na PM, confia na delegacia da Polícia. Eles são acreditados pela população. Não podemos desmerecer isso, Temos que dar respostas positivas para essa sensação de segurança ao nosso povo”, asseverou.

O posicionamento do peemedebista deixa claro que o aparato que envolve os órgãos de segurança será direcionado a fim de assegurar o direito à propriedade privada, regularizada ou não. E ainda, que as discussões sobre reformas agrária e outros temas que envolvam a repartição de terras com pessoas menos favorecidas sejam debatidas de maneira civilizada e ordeira, em fórum apropriado. Ou seja: é pedir paciência a quem não tem terra para plantar nem teto para sobreviver, enquanto muitas áreas continuam improdutivas e engordando o patrimônio de grileiros do alto escalão. 

Obviamente, essas duas questões não justificam ações desenfreadas, violentas e irresponsáveis por parte membros desses grupos - já que alguns integrantes podem ser infiltrados visando macular a essência da reivindicação -, sendo estes os verdadeiros responsáveis pela sangria desenfreada em Rondônia, principalmente na região do Vale do Jamari.

Em nota pública, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) manifestou "grande preocupação diante do aumento da violência em conflitos por terra no estado. Os sem terra, ao buscarem o sagrado direito a terra, sofrem despejos, agressões, ameaças, roubos, culminando com o assassinato".

Em seguida, no mesmo documento, a comissão destacou que:


"No ano de 2015, Rondônia despontou no cenário nacional como o estado com o maior número de mortes em conflitos no campo no país. Foram 21 trabalhadores assassinados, muitos com características de execução. É o número mais elevado de assassinatos de camponeses e sem terra já registrado no estado desde 1985, quando a CPT começou a divulgar os registros destes fatos. O mais grave, porém, é que essa onda de violência continua. Só nos primeiros dias deste ano, outras quatro pessoas foram assassinadas".

A parte mais importante, porém, está em outra passagem, que diz:

"A recente violência é a filha adulta do latifúndio, amasiado com a pistolagem patrocinada e a repressão estatal, acobertada pela impunidade dos pretensos proprietários de terras, especuladores imobiliários e grileiros".

A guerra não está ocorrendo apenas nos campos. As mortes são só o princípio de algo muito pior, caso um meio-termo não seja alcançando, se é que é possível. Ainda assim, invasores ou não, as mortes devem ser apuradas e os responsáveis, presos. E caso o governador faça opção pela retaliação, é bom ter plena consciência do preço que poderá pagar por pintar nossos verdes de vermelho-sangue. 

Autor / Fonte: Rondoniadinamica

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