Porto Velho, RO – A prisão da ex-deputada estadual Ellen Ruth pelas mãos de órgão auxiliar do Ministério Público de Rondônia (MP/RO) coloca uma das últimas peças da reverberante Operação Dominó no chão. Cadeia é o estágio final daquele jogo escancaradamente acintoso, que expôs o parlamento rondoniense às páginas dos jornais mais importantes do País.
Isso sem contar, é claro, reportagem especial veiculada pelo Fantástico, dominical da Rede Globo que, municiada de fitas de vídeo gravadas pelo ex-governador Ivo Cassol, hoje senador da República pelo PP, franqueou o caminho dos olhares da nação ao centro da corrupção praticada escandalosamente nas ‘Terras de Rondon’.
– Porque isso é de praxe. Você não vai consertar o mundo, nós não vamos consertar o mundo – argumentava Ruth, à época em que, junto com Ronilton Capixaba, tentava extorquir o ex-governador em troca de governabilidade.
Mas essa é a ponta de um iceberg muito maior do que o Monte Everest: o esquema da folha paralela, a farra onde 23 dos 24 deputados embolsavam a grana de servidores ‘fantasmas’, é e sempre será uma vergonhosa mancha na história política do Estado.
Há condenados foragidos. O primeiro e mais importante deles é o mandatário de tudo isso, o chefe da organização criminosa. O ex-presidente da Assembleia Legislativa (ALE/RO) Carlão de Oliveira e o ex-deputado Marcos Donadon estão, como diz o vocabulário jurídico, em ‘lugar incerto e não sabido’.
Rondônia passa, desde o episódio, por um longo processo de moralização em seus Poderes. Isso não quer dizer que, de forma espontânea e naturalmente correta, as pessoas passaram a exercer a honestidade que sempre existiu em seus corações. Ocorre que, já naqueles tempos, as investigações e a exposição eram tão pesadas que a ala da desonestidade, da malandragem e das más intenções se vê obrigada a pensar mil vezes antes de ceder à tentação das mãos leves.
E o Estado está sim na vanguarda do combate à corrupção, com atuações impecáveis de órgãos como o MP/RO, o Ministério Público Federal (MPF) e o apoio de instituições como o o Tribunal de Contas (TCE/RO).
E se a vergonha não for suficiente para repelir eventuais desvios de conduta, que as grades imponham a reflexão necessária a cada personagem dantesco desse legado espúrio. E que as peças continuem caindo até que a última seja derrubada e nunca mais levante.
Autor / Fonte: Rondoniadinamica
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