Curso para professores indígenas tem aula inaugural

 Índios de várias etnias de Rondônia participaram segunda-feira (12) da abertura do curso normal para professores em áreas indígenas – Projeto Açaí III – no Hotel Minuano em Presidente Médici, interior do Estado. O objetivo é formar os próprios indígenas para  assumirem o ensino fundamental nas aldeias da região. A abertura contou com a presença da secretária de Educação, Fátima Gavioli.

 

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O projeto Açaí é uma iniciativa do Governo, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), e visa proporcionar aos indígenas a formação em magistério para atuação intercultural e histórica na própria etnia. Anderson Suruí, coordenador da Organização dos Professores Indígenas de Rondônia (Opiron), classificou o projeto como importante caminho para novas conquistas dos povos indígena.

 

“Este curso vai tirar um tempo de vocês na comunidade. Vocês vão deixar de aprender a construir maloca e conhecer a floresta, por exemplo. Mas aproveitem esse tempo nos estudos porque assim aderimos a este novo mundo para o ser humano: a educação”, disse Suruí.

 

Ele afirmou ainda que a  missão é formar líderes. Em discurso, Fátima Gavioli observou que se pretende com o ensino indígena em Rondônia equiparar o nível de ensino nas aldeias com o oferecido nas escolas na cidade recebem. Para isso uma das primeiras ações será a de climatização também das salas de aula das escolas indígenas.

 

O ensino médio é outro benefício que o governo Confúcio Moura pretende expandir para as aldeias. “Já estamos estudando as viabilidades e a maneira como vamos implantar o ensino médio nas escolas instaladas nas florestas”, disse a secretária.

 

O secretário-executivo regional de Ji-Paraná, Romildo Pereira,  representante do chefe da Casa Civil, Emerson Castro, disse que o Governo é comprometido com a educação, e citou a construção das escolas indígenas em vários municípios  e destacou a praticidade do projeto Açaí. “É mais fácil capacitar o indígena para assumir as salas de aula do que levar o professor branco para lecionar nas aldeias, enfatizou.

 

Para o representante do Ministério Público Federal, procurador Daniel Luiz Dalberto, de Guajará Mirim, o projeto Açaí tem a formatação desejada e se sentia honrado em ver acontecer este curso. É o aproveitamento da cultura milenar dos indígenas unido ao avanço tecnológico e do desenvolvimento das habilidades educativas praticadas pelo governo”, afirmou Dalberto.

 

Aos 21 anos Edson Mamaindé já ministra aulas para 16 alunos com idade de 15 a 20 anos na aldeia em que vive, na região de Vilhena. “Há um ano exerço o papel de professor. O projeto Açaí é importante porque vou melhorar meu aprendizado e aplicar a pedagogia para ensinar bem ao nosso povo o português e as histórias”, disse Mamaindé.

Edson Mamainde

Boropó Amondawa

 

De Mirante da Serra, Boropó Amondawa, de 21 anos, convive com cerca de 170 indivíduos na aldeia e nunca lecionou. “Vai ser bom este curso porque eu vou poder reforçar a equipe de educadores na aldeia”.

 

A chefe da educação indígena de Mirante da Serra, professora Maria Aparecida Gonçalves dos Santos entende que a iniciativa do Governo abrir o projeto Açaí é de extrema relevância. “É uma oportunidade dos indigenistas se formar e interagir com outras etnias e com o homem branco”, frisou a professora.

 

Também participou da solenidade oficial do projeto Açaí o coordenador de educação escolar indígena Flávio Luiz Gonçalves dos Santos; José Antônio de Medeiros Neto, coordenador regional de educação em Ji-Paraná; José Ribeiro, ex-prefeito de Presidente Médici no ato representando a Emater e Ildo Mussoi, chefe de gabinete que representou o vice-governador Daniel Pereira. 

Autor / Fonte: Paulo S�rgio/decom

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