Crítica: Tim Maia

Tim Maia

Tim Maia

Tim Maia 
Brasil , 2014 - 140 min. 
Biografia / Drama / Musical

Direção: 
Mauro Lima

Roteiro: 
Mauro Lima, Antônia Pellegrino

Elenco: 
Babu Santana, Robson Nunes, Alinne Morais, Cauã Reymond, Laila Zaid, Valdinéia Soriano, Paulo Carvalho, Bryan Ruffo, Luis Lobianco, George Sauma, Tito Naville, Renata Guida

Ótimo
Tim Maia
Tim Maia
Tim Maia

Só tem um jeito de não gostar de Tim Maia: nãoconhecendo Tim Maia. Antes de virar o "O Rei do Soul do Brasil" ou "Síndico", Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998) era apenas Tião da Marmita. Sua transformação em Tim Maia e algumas das mudanças que ele trouxe para a música brasileira estão presentes em Tim Maia (2014), cinebiografia dirigida e roteirizada por Mauro Lima (Meu Nome Não é Johnny, Reis e Ratos) e que tem Robson Nunes e Babu Santana dividindo o papel do protagonista na juventude e já na sua idade adulta.

A vida do cantor e compositor, tão famoso pelas suas músicas quanto pela sua fama de encrenqueiro e furão, é cinematográfica desde que começou, no Bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fiel aos seus objetivos, ele sempre soube driblar os problemas (como a falta de dinheiro) e conseguir o que queria. E contar a sua história é também mostrar um trecho importantíssimo da música brasileira. Passam pelo filme figuras como Roberto Carlos (George Sauma), Erasmo Carlos (Tito Naville), Rita Lee (Renata Guida), Nara Leão (Mallu Magalhães) e Carlos Imperial (Luís Lobianco), além do dono da voz em off que narra tudo, Fábio (Cauã Reymond), músico que tocou por 30 anos ao lado de Tim Maia e acaba representando várias outras pessoas que em algum momento viveram (e sobreviveram) para contar história.

O roteiro de Mauro Lima se baseia no livro Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, mas também pega material de Até Parece Que Foi Sonho - Meus 30 Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, de Fábio, além de entrevistas que o próprio cineasta e a roteirista Antônia Pellegrino fizeram com músicos e pessoas que foram próximas a Tim. Histórias não faltavam e, apesar das longas 2h20 de duração do filme, eles foram até que sucintos ao mostrar a infância dura, a descoberta da música na adolescência, a realização do sonho de morar nos Estados Unidos (onde teve seu contato com asoul music e o movimento negro - até ser preso e deportado), a insistente busca pelo sucesso musical, a mágoa com Roberto Carlos, o (enfim!) sucesso, as drogas que o sucesso proporcionaram e seu fim melancólico aos 55 anos.

O roteiro ainda acerta na hora em que coloca Tim compondo algumas de suas canções e escapa da tentação de transformar em diálogo estrofes de suas músicas - vício presente em várias cinebiograficas musicais. A reconstituição histórica das ruas e figurinos e o drama todo por que Tim Maia passou são apresentados de forma hollywoodiana. E se George Sauma pesa demais a mão na sua imitação de Roberto Carlos, tanto Robson quanto Babu acertam o tom - tanto o pessoal quanto o musical. Robson faz escada e constrói o personagem e deixa para Babu o trabalho de transformá-lo com o sucesso, as mulheres (condensadas no papel da lindaAlinne Moraes), a religião, a bebida e as drogas. Na hora de cantar, há apenas uma cena em que a dublagem de Robson fica mais evidente, sobrando elogios para a forma como eles conseguiram mimetizar os trejeitos do cantor no palco.

A porralouquice do estilo de Tim Maia, seu humor e todo o folclore em torno do músico fazem o resto e ainda deixam de lição de casa a gostosa tarefa de ler mais, descobrir mais e ouvir mais suas músicas. E, assim, gostar ainda mais de Tim Maia.

 

 

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Autor / Fonte: Omelete

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